Vagas de sobra em Maringá e salário médio de R$ 3 mil: o que faz um profissional de TI?
O setor de Tecnologia da Informação (TI) ganha mais espaço no mercado a cada ano. De acordo com dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada no começo deste ano pelo jornal Valor Econômico, os serviços do segmento quase dobraram de tamanho entre 2012 e 2020. Há nove anos, a área mantém crescimento anual ininterrupto.
Junto ao crescimento do setor está atrelado o aumento da demanda por profissionais qualificados em diferentes áreas. No entanto, o segmento sofre com a falta de mão de obra especializada.
Segundo Robinson Patroni, empresário e presidente da Software by Maringá, entidade de classe que reúne empresas de desenvolvimento de software da região, uma das causas da falta de profissionais é a baixa na formação de mão de obra percebida pelo setor nos últimos anos.
“Maringá tem se destacado no cenário nacional como polo de software e hoje a procura por profissionais capacitados é global. O ponto positivo é que vemos que o nosso mercado é atrativo para empresas do mundo todo, que nos veem com a possibilidade de fornecer mão de obra de qualidade. Contudo, temos o ponto negativo, que começa a faltar mão de obra, ou perdermos mão de obra em virtude de um aumento nos valores pagos a alguns profissionais e que não é condizente com a realidade de muitas organizações, mesmo nossas empresas tendo salários muito atrativos e acima da média da maioria”, destaca.
De acordo com ele, na contramão, o trabalho das empresas se intensifica na tentativa de qualificar potenciais profissionais e abastecer o mercado interno. “A dificuldade no presente momento é pelo aquecimento e uso cada vez maior da tecnologia pelas organizações, algumas pela franca expansão de seus negócios, outras porque acordaram um pouco tarde e precisam voltar a se posicionar no mercado. A formação de mão de obra teve uma diminuição ao longo dos últimos anos e estamos em diversas frentes tentando recuperar”, acrescenta.
Mas afinal, o que faz um profissional de Tecnologia da Informação? Quais as competências mais buscadas pelo segmento atualmente?
Para Patroni, não é simples exemplificar a atuação de um especialista em TI porque o próprio termo Tecnologia da Informação é muito abrangente. “Tecnologia da Informação se refere ao gerenciamento, organização e tratamento de todo tipo de informação dentro das organizações. Isso coloca esse profissional em posição estratégica dentro das hierarquias organizacionais, onde podem se dedicar – além de coletar, analisar, transformar ou minerar as informações – à tomada de decisões às questões ligadas à segurança, armazenamento e tudo diretamente envolvido no processamento de dados, engenharia de software, sistemas de informação, infraestrutura e hardware”, explica.
Por ser um segmento amplo, a área oferece diferentes caminhos para especialização. Algumas das principais vertentes encontradas atualmente são: Engenharia de Software, Administração de Banco de Dados, Administração de Redes de Computadores, Análise de Sistemas, Programação, Qualidade de Software (QA), Ciência de Dados, entre outras.
Maringá tem se destacado no setor de TI há anos e já é considerada por especialistas um dos polos tecnológicos mais promissores do Paraná. Segundo o presidente da Software By Maringá, o salário médio geral da área atualmente é de aproximadamente R$ 3 mil, mas a tendência é de aumento.
“Em virtude do momento, esse indicador deve estar aumentando e estamos avaliando junto com o Codem [Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá] esses valores. Hoje temos uma discrepância significativa, [já que] há salários em patamares bem maiores. Mas lembrando: para aqueles que têm habilidades e competências diferenciadas e se destacam em suas áreas de atuação. Por isso a importância cada vez maior da continuidade nos estudos, formação e especialização nas áreas que se opta trabalhar”, aconselha.
Dados da própria Software By Maringá indicam que Maringá e as cidades da região têm, atualmente, mais de mil vagas disponíveis no setor de TI. Entre as oportunidades, os cargos com maior demanda são analista de sistemas e programador.
A grande oferta de vagas frente à baixa disponibilidade de profissionais levou a entidade a trabalhar para encontrar talentos, promover qualificação e dar suporte para o desenvolvimento de uma carreira na área. De acordo com Patroni, o objetivo é criar parcerias com o setor público para potencializar o mercado.
“Estamos buscando retomar – com auxílio da Software by Maringá, empresas associadas, prefeitura, entre outros – meios de formação em Tecnologia da Informação, sejam eles cursos rápidos para inclusão no mercado de trabalho, como o SBM Academy, mas também [a parceria] com universidades e escolas. Acreditamos que transformaremos Maringá, em um futuro próximo, em um celeiro de profissionais de TI”, pontua.
O SBM Academy, segundo o empresário, é um programa de iniciação à tecnologia desenvolvido pela própria Software By Maringá que prepara o aluno para inseri-lo no mercado de trabalho. “No SBM Academy, empresas e a Software by Maringá estão custeando, gratuitamente, bolsas de estudo para o programa TiStart. [Inicialmente, estudantes] recebem formação introdutória para poder alinhar expectativas de conhecimento e habilidades necessárias ao exercício da profissão. [Em seguida], as empresas ou o programa SBM irá fornecer outros cursos focados em demandas específicas para atendimento ao mercado de Maringá e região”, detalha.
Em junho deste ano, a primeira ação da SBM Academy foi lançada com 300 bolsas de estudo oferecidas gratuitamente.
