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25 de abril de 2024

MARY POPPINS VOLTOU E COM TUDO


Por Elton Telles Publicado 26/12/2018 às 19h20 Atualizado 19/02/2023 às 12h37
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Baseado na série de livros assinado pela australiana P.L. Travers e lançado em meados dos anos 1930, “Mary Poppins” finalmente chegou aos cinemas em 1964, após muitos conflitos entre a autora da obra e Walt Disney, proprietário do estúdio que faria a adaptação para as telonas. Devido à popularidade da babá voadora entre as crianças e a nostalgia desperta nos adultos, não é de se surpreender que o filme tenha sido a maior bilheteria daquele ano, fez uma verdadeira rapa no Oscar com 5 estatuetas e ainda entrou para o hall de clássicos do cinema.

Considerando todos esses méritos históricos e a lógica mercadológica do cinema norte-americano, o que surpreende é que tenham demorado mais de cinco décadas para emendarem uma continuação de “Mary Poppins”. Demorou até demais se levar em conta a escala industrial de produções sob encomenda em Hollywood. Quaisquer que tenham sido os motivos para o “atraso”, fato é que “O Retorno de Mary Poppins” é uma agradável surpresa por não trair o seu material de origem ao resgatar o tom pueril e mágico – para alguns, um pouco ultrapassado – e torná-lo contemporâneo, mesmo que algumas situações do roteiro sejam recicladas do original de 64.

Afinal, praticamente todos os elementos e passagens que fizeram de “Mary Poppins” um tremendo sucesso se fazem presentes na sequência: os desenhos em 2D, as preocupações do mundo adulto, personagens secundários que roubam a cena (Meryl Streep, estou falando da senhora), a dança com os acendedores de lampiões, a subtrama envolvendo o banco e a mensagem positiva e edificante característica do filme (“não deixe morrer a criança dentro de você”). Já vimos tudo isso antes. No entanto, é muito compreensível não ousarem demais e manterem essas resoluções já “aprovadas” pela audiência. É tipo não mexer em time que está ganhando.

Há muitas semelhanças, mas aqui são exibidas com olhar revigorante, abordagem e textura diferentes. Vale destacar o impecável figurino de Sandy Powell, as cores e apuro estético do design de produção e o dedicado departamento de efeitos visuais, que podemos até perceber em alguns momentos a opção de utilizar “truques” antiquados para se aproximar visualmente do filme original. Se foi intencional, não dá para saber com certeza, mas a escolha foi certeira por sublinhar o aspecto nostálgico no público da velha guarda.

Cineasta um tanto irregular, mas com notável experiência em musicais – vide o oscarizado “Chicago” (2002), “Nine” (2009) e “Caminhos da Floresta” (2014) –, talvez aqui Rob Marshall realiza o seu melhor trabalho no cinema, tanto pelos números musicais e a distinção das coreografias quanto pela habilidade em capturar o espírito otimista do filme e lançá-lo ora em cenas mais grandiosas, conforme pede o roteiro, ora em cenas “discretas” e intimistas, como no momento emocionante em que Mary Poppins coloca as crianças para dormir ao som de “The Place Where the Lost Things Go”.

Quanto às novas canções, talvez não são tão icônicas em comparação ao filme original, mas ainda são muito boas, além da trilha sonora instrumental apaixonante de Marc Shaiman, indicada com merecimento ao Globo de Ouro e potencial candidata ao Oscar.

Talvez uma resposta plausível à “demora” de terem lançado uma sequência de Mary Poppins seja que os produtores não encontraram uma atriz à altura para que Julie Andrews passasse o bastão. Se for por isso, valeu a pena esperar, pois não consigo pensar em alguém que fosse mais apropriada para interpretar Poppins nesta nova versão se não Emily Blunt, absolutamente perfeita no papel: performance, timing cômico, expressão e apropriação dos trejeitos da personagem em total sintonia. Estreante no cinema, o elenco é enriquecido com o carisma do compositor Lin-Manuel Miranda no papel de Jack e a rápida participação do veterano Dick Van Dyke, que interpretou o “Jack” no original.

Diante de todas as similaridades e a satisfatória reprodução do universo lúdico da Rua das Cerejeiras, pode-se considerar “O Retorno de Mary Poppins” uma continuação, mas também uma grata homenagem a um dos filmes mais populares e queridos de todos os tempos.

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