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19 de abril de 2024

Imigrantes de todos os dias


Por Gilson Aguiar Publicado 28/06/2019 às 10h50 Atualizado 23/02/2023 às 04h03
 Tempo de leitura estimado: 00:00

A imigração está crescendo. Não é um fenômeno exclusivo dos países desenvolvidos, agora, se propaga também entre os emergentes e mesmo entre nações que não constam entre as que tem um desenvolvimento significativo. A movimentação humana em busca de sobrevivência ganha força com as condições precárias de trabalho em regiões que ainda se mantém tipicamente agrárias.

O processo de desenvolvimento de uma indústria mundial, marcada pela segmentação da produção, acaba por investir em determinadas regiões e marginalizar outras. Esta condição é crescente em boa parte dos países onde a sobrevivência ainda depende de uma produção agrícola primária ou de uma mecanização recente da lavoura e o deslocamento de inúmeros trabalhadores para as periferias urbanas.

Assistimos no Brasil ao longo dos anos de 1950 a 1980 um êxodo rural significativo. O retirante nordestino ficou marcado na história como na memória cultural. Cidades como São Paulo foram construídas pelos braços dos trabalhadores nordestinos. Também, regiões de frentes agrícolas tiveram os primeiros desbravadores vindos do Norte do país. Também foi para lá que se deslocaram muitos a procura do milagre brasileiro traduzido pela Transamazônica.

Entre as décadas de 1980 e 1990, os decasséguis foram uma expressão da busca por uma vida melhor fugindo de um país em crise. Muitos dos recursos obtidos com o trabalho no Japão por descendentes de japoneses, imigrantes que vieram no início do século XX, foram fundamentais para movimentar a economia de inúmeras cidades do país nas regiões Sul e Sudestes.

A imigração sempre foi uma constante, mas não com tanta intensidade e de forma conflituosa como agora. O deslocamento humano que no passado cobriu necessidades de mão de obra em diversas partes do mundo, passou a ser um problema. O ser humano que se desloca não representa mais uma solução, agora ele é visto como uma ameaça ao nativo. Em países com altos índices de desemprego, o imigrante se coloca como um concorrente, um rival, disposto a trabalhar por baixos salários e a submeter a condições desumanas para garantir a sobrevivência.

No Brasil, os imigrantes se multiplicam e tendem a se transformar em uma constante social. Vindos de países vizinhos e mesmo de outros continentes, como a África, os imigrantes chegam ao Brasil dispostos a garantir a sobrevivência. Lutam por espaço e nem sempre são qualificados. O que os move é a condição melhor aqui do que no país de onde vem. O mundo tem vivido uma desigualdade planetária, esta é a grande questão.

Por isso, não podemos considerar que o deslocamento é um problema e sim a falta de condições de trabalho para a permanência destes trabalhadores em sua “terra natal”. Em muitas nações ainda há governos que usam da violência para se garantir no poder. Praticam a perseguição e não cumprem os requisitos mínimos dos Direitos Humanos.

Enquanto não combatermos a violência, a desigualdade e a falta de investimentos produtivos em diversas partes do Planeta, vamos continuar colhendo conflitos e deslocamentos constantes. A imigração deve ser vista com naturalidade. Ela faz parte da característica de nossa espécie, se deslocar constantemente. Porém, não podemos fechar os olhos para os fatores que levam ao deslocamento em massa na atualidade. Muito mais a condição insustentável de onde se vive do que o sonho do “paraíso terreno” onde se quer chegar.

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