Informação na prateleira
Como ter acesso a uma informação séria, a verdade? Nas redes sociais, assim como nas prateleiras de mercado, há uma diferença entre o que é oferecido e o que se deve levar a sério. Por isso, nem sempre a primeira informação que aparece merece consideração.
Vivemos o mundo do agora. Não queremos perder tempo com nada que seja trabalhoso, demorado para ser degustado. Nada que cause dissabor nos encanta. Mas a curiosidade no instiga. Vamos sempre à procura do que provoca sensações e se apresenta como uma curiosidade. Neste ambiente e perfil as falsas informações se apresentam atraentes em boas embalagens.
O texto impactante e sua forma de desdobrar com as palavras um passeio excitante vale mais do que a profundidade do que estamos vivendo, lendo, vendo, mergulhando em informações. Não por acaso, mesmo os meios de comunicação, estão preocupados com a estética mais que a essência. Com as pessoas não é diferente. O feio de se ver é associado ao desprezo de conviver.
Agora estamos a volta com as informações “fake”. Estamos dispostos a combater o que é falso. Isto é importante. Uma procura da comprovação das informações que se apresenta necessária. Mas vale entender o ambiente do mercado da notícia e o que busca o ser humano que navega nos meios de comunicação, na vida. Será que a verdade nos agrada? O lugar onde vamos encontrá-la prima pela honestidade ou também tem seus vícios na hora de apresentar a informação.
A forma como apresentamos as informações pode mudar o sentido e o valor do que é informado. Oferecer a notícia séria não implica que a colocamos em um lugar que seja vista como relevante, que deva ser levada a sério.
Quando vamos às redes de supermercados que elaboram de forma pensada os produtos nas prateleiras, sempre nos deparamos com os produtos que ficam a altura de nossos olhos ou a mão. Aqueles que se mostram sem muito esforço. Se quisermos ver algo diferente, um produto variado, tentar ver outra possibilidade de consumo, temos que vasculhar. Pode estar lá, mas encontrar é outra história. Com a informação não é diferente.
As manchetes, as notícias consideradas pelo publicador como mais relevantes, saltam aos nossos olhos. Elas podem ser verdadeiras, mas fazem parte de um mosaico de notícias que influenciam nosso olhar. A forma como estão dispostas fazem uma sequência de prioridades que podem influenciar nossa forma de compreender os fatos e a importância que cada um tem em nosso sentido, percepção. A uma ordem diante de nossos olhos quando percorremos a informação.
Temos que ficar atentos. Saber procurar a notícia. Ter como comparar informações. Dedicar mais tempo ao conteúdo que consideramos relevante. Desenvolvermos um critério mais apurado para selecionar conteúdos e colocá-los em uma lógica coerente. Evitar personificações. Logo, o acesso a informações que traga a verdade é fundamental, mas nossa formação básica é crucial. A postura diante do mundo e do que desejamos de forma coerente ajuda a ler, ver e ouvir notícias. Principalmente dar a elas o sentido necessário e a importância que merece.
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