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23 de abril de 2024

Comer, rezar e pagar boleto


Por Elton Tada / Passeio Publicado 06/11/2019 às 03h20 Atualizado 24/02/2023 às 22h31
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Novembro de 2019. Talvez, para você essa informação não seja tão importante. Talvez, o único dia que te importe seja o quinto dia útil. Mas, talvez – e apenas talvez –, você sinta o peso da história e da evolução da humanidade sobre você. E, você sabe, enquanto espécie, nós falhamos. Falhamos muito, falhamos feio, falhamos grave. Esses dias assisti um documentário sobre um grupo de chimpanzés que foi atacado por uma cobra, resultando em uma baixa e um filhotinho órfão. Imediatamente aquele filhote foi adotado, cuidado, abraçado, assistido. Nós, por outro lado, estamos em novembro de 2019 e deixamos nossas crianças órfãs padecerem ao acaso enquanto emperequetamos nossos filhos para ensaios fotográficos temáticos – que tendem a ser brega, por sinal.


Mas, não quero ficar falando de como somos mesquinhos e patéticos socialmente. Isso você já deve ter percebido. E, se não percebeu, é exatamente a prova do que estou falando. Quero falar sobre os sentidos que damos a nossas vidas. Temos que dar sentidos para não morrermos na angústia ou no tédio. E, já ouvi várias vezes que somos programados biologicamente para reproduzir, gerar vida. Pois, seria uma falta de delicadeza da minha parte dizer que acredito mesmo é que somos programados biologicamente para morrer, e nada mais. Por isso, vou dizer apenas que existem muitas formas de gerar vida e isso tem a ver com coragem.


Gosto muito de uma música que diz que existem nove milhões de bicicletas em Pequim. Ela expressa bem como somos pequenininhos, múltiplos e diversos. É preciso ter coragem pra aceitar isso. As mães e os pais cheios das melhores intenções nos ensinam que somos especiais. Mas não se lembram de ensinar a outra parte, que somos tão especiais quanto qualquer outro ser humano na face dessa terra. E, por isso, ficamos buscando sentidos especiais, fílmicos, românticos, e até miraculosos para nossas vidas. Enquanto buscamos o que há de mais brilhante para preencher nosso vazio, a vida passa por nós, com encontros, desencontros, romances, amores e dores. A vida passa por nós mesmo quando não fazemos questão de passar por ela.


É necessário coragem para aceitar que não passamos impunes a nenhum encontro nessa vida. É preciso muita coragem para segurar a mão de alguém e caminhar para um mesmo rumo sem saber quais são os destinos, mas certo do absurdo que é viver. Apesar de muito bonito, é importante que se faça bem mais do que comer, rezar e comprar algumas coisas para que se escolha o viver.


Nós não passaremos impunes a esse encontro. É assim que nasce toda forma de amor, e o amor é aquele poder super-humano que lança fora todo o medo.


Medo agora é coisa deles. Que as deusas e os deuses tenham misericórdia de seus lindos filhotes, suas fotos, seus boletos, e de suas vidas biologicamente programadas.


Aliás, se amar o próximo fosse lei, a qual inferno prisão eles seriam condenados?

Pauta do Leitor

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