Essa tal liberdade
‘O que é que eu vou fazer com essa tal liberdade?’ já diria o filósofo francês Jean-Paul Sartre. Não, calma, acho que ele quis dizer isso, mas não chegou a formular a questão com tamanha destreza. Eu sei que ele dizia que somos condenados à liberdade. E seja lá o que isso realmente significa, me sinto como se fosse obrigado moralmente a responder essa pergunta. Não aos outros, pois o que está fora de mim dificilmente pode me obrigar a alguma coisa. Mas, a mim mesmo, eu, que acordo todos os dias com a graça e o peso de existir aqui e assim, nessa bendita e afrontosa existência.
A liberdade nos outros me encanta. Me encanta ver a foto de uma menina linda rindo e mostrando a língua com seus óculos grandes ouvindo suas músicas kind of indie fazendo planos de ser barrada em alguma fronteira vivendo como se a própria vida fosse seu par. É tudo nosso. Ou, potencialmente, somos tudo o que quisermos nessa vida. O mundo, meu amigo, pode ser uma grande Vila Madalena se prestarmos bastante atenção aos becos, cafés, poemas e quadrinhos de humor agridoce que passam ante aos nossos olhos. O mundo é nosso porque viver é coisa de dentro, nunca de fora.
Se a felicidade está nas pequenas coisas, o Diabo mora nos detalhes. E um detalhe desesperador é que temos a liberdade de sermos grandes nesse mundo. Temos a liberdade de sermos pequenos também, desde que possamos provar a nós mesmos – e, talvez, a nossos pais – que não somos grandes por opção. Temos a derradeira liberdade de não medir a grandeza ou a pequenez, a felicidade ou a tristeza, os sucessos e descuidos do viver. Mas isso, bem sei, isso ninguém quer fazer.
Nosso objetivo final não é a liberdade. A liberdade é uma condição dada, como nos é dado o tamanho do nosso nariz. E se optarmos por sermos servos de alguém, ainda assim, será por livre e talvez espontânea vontade. Podemos até aprender que o amor não é servidão e que o sofrimento não cabe no bem-querer de quem bem se quer. Inclusive, amar deve ser a própria profissão de fé da liberdade, e o que nossos avós viveram talvez possa ser sinceramente chamado de conveniência. E se nós ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais, tendemos a convir que a vida certa é algum padrão que não preenche nossos desejos, mas que atende nossa necessidade de parecer ter dado certo.
O mundo anda tão babaca, tão babaca que a poesia não é mais uma expressão da cultura, mas sim um ansiolítico poderoso, drops de consciência real na necessária realidade da linguagem.
O que é que eu vou fazer com esse fim de tarde? Acho que vou escrever sobre a liberdade. Ouvir strawberry fields forever. Assistir mais uma vez aos morangos silvestres que nascem sozinhos na beira da estrada. Marcar um encontro com alguém. Não sei.
Acho que ser livre é só pra quem sabe amar. Quem ousa ser livre, though?
Geral
Médica grávida é agredida dentro do consultório por paciente no Distrito Federal
Uma médica grávida foi agredida por uma paciente em um posto de saúde da rede pública na Asa Norte do…
Uma médica grávida foi agredida por uma paciente em um posto de saúde da rede pública na Asa Norte do…
Geral
Ministério da Justiça retira Força Nacional das buscas por fugitivos de Mossoró
O trabalho das Forças Nacionais na busca pelos dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte,…
O trabalho das Forças Nacionais na busca pelos dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte,…