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24 de abril de 2024

GUERRA DOS CANUDOS


Por Rogel Martins Barbosa Publicado 08/01/2019 às 16h00 Atualizado 19/02/2023 às 14h48
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Enquanto o século XXI inaugura sua guerra dos canudos, nós já tivemos a nossa no século XIX! Na nossa tinha um líder explicito, Antônio Conselheiro e lugar certo no agreste de Pernambuco: Canudos. Na nova luta, uma liderança mais incerta assumida por ONGs, talvez um nome como o de Ellen MacArthur, que criou seu forte através de uma fundação.

No Brasil a guerra dos canudos foi vencida pelo poder estabelecido e a oficialidade nunca deixou para a posteridade uma história clara. Chamaram Antônio Conselheiro de louco e transformaram uma luta contra o estado que se tornava republicano em um delírio religioso que precisava ser combatido. Aí ficou para nós uma história romanceada n’Os Sertões, onde a ficção se mistura à realidade na escrita de Euclides da Cunha.

Agora na nova guerra dos canudos, parece também que não há muita clareza. Será que vai sobrar apenas um romance? Quem será dizimado nesta nova guerra? Lá não importaram vidas humanas e agora?

Esta nova guerra dos canudos, quem está patrocinando? Parece que Conselheiro foi um grande estrategista e líder, mas que agiu só, não patrocinado por alguém ou alguma instituição. Discordava do estado e da igreja oficial posta. E agora, quem investe tanto nesta guerra dos canudos? Será que foi realmente ver uma ilha de plásticos (cujas coordenadas não encontrei) que motivaram esta luta?

Os canudos viraram o vilão do mar, como se não existissem esgotos lançados ou como se a população do mundo morasse toda na orla marítima, ou como se o canudo fosse de uso diário e continuo, como um garfo ou uma colher…

Estou longe do mar, mas a guerra dos canudos me atingiu. Não posso tomar mais nada com canudo, embora o canudo daqui nunca irá para o mar, seja por uma razão econômica, por uma razão física e por uma razão lógica.

Quem ganha a guerra dos canudos? As grandes empresas de alimentos rápidos vulgos fast food? Bom, pelo menos elas economizaram muito não entregando canudos e tampas e não deram um centavo sequer de desconto ao consumidor, que acaba pagando por aquilo que já não pode ter. Aumentaram o lucro? Reduziram prejuízos?

Qual o significado desta nova guerra dos canudos? É uma guerra ao plástico? Mas porque ao plástico? Quando a partir de meados do século passado o plástico tomou conta do mercado foi por uma necessidade suprida pela viabilidade econômica. Mais barato que o vidro e o metal. Mais versátil e mais prático, mas e agora? Quem ou o que está sendo inserido no mercado para substituir o plástico? É fato que a humanidade pode até passar sem canudos, mas não vai passar sem o multiuniverso de utensílios, que hoje são feitos de plásticos.

Será que tudo isto faz parte da guerra ao combustível fóssil? Mas quem ganha com a saída do petróleo? É sabido e consabido que os governos não têm dados precisos sobre produção de resíduos, mas fundações, ONGs, mesmo a ONU, tem dados para lá de alarmantes. São mais eficientes que os estados? Tudo isto partiu do povo e seus representantes ou de burocratas e tecnólogos?

Esta não é uma guerra barata, é uma guerra cara com muita propaganda. Esta guerra tem mais cara de guerra econômica do que guerra por salubridade ambiental.

Nesta guerra dos canudos, nós somos o Antônio Conselheiro ou somos a República? Ser Antônio Conselheiro é ser o consumidor ou é ser o produtor de canudos? Os canudos são apenas uma batalha ou o prelúdio de uma grande guerra? Quem quer dominar o quê?

Muitas perguntas e poucas respostas. Mas o pensamento crítico se faz assim, perguntando. Numa sociedade com tanta fé na ciência parece que anda descurada de sua própria razão. Não podemos terceirizar nosso pensamento crítico e deixar que outros no futuro escrevam um romance da nossa #HistóriaDosResíduos.

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