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19 de abril de 2024

Filho de ex-GEM, meia Athos treina com os profissionais no Santos


Por Chrystian Iglecias Publicado 14/08/2019 às 18h45 Atualizado 23/02/2023 às 21h29
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Meio-campista técnico, habilidoso, dono de um passe refinado e um chute potente, Athos Lima mais parece um jogador da década de 80. Filho do ex-jogador e treinador Reginaldo Lima, o maringaense é um daqueles raros camisas 10 das antigas que conseguem se encaixar no jogo atual. Pouco veloz, quem corre é a bola. Ele aposta no drible curto e na combinação de jogadas, como um clássico meia-armador. 

Em sua segunda passagem pelo Santos, onde está desde o ano passado, Athos está no grupo de transição das categorias de base para o profissional. Semanalmente, o meia treina com o time de cima sob as ordens do argentino Jorge Sampaoli. Aos 20 anos, ele já não pode mais jogar a Copa São Paulo de Futebol Jr., a grande vitrine para jovens promessas.

Por outro lado, Athos está disputando o Brasileirão de Aspirantes, antes chamado de “Campeonato Brasileiro Sub-23”. Em situação complicada no grupo B, o Santos vai à campo nesta quinta-feira (15), às 15h, diante do Vitória, no estádio da Portuguesa Santista. Com a 10, o jovem maringaense deverá ser titular nesta partida, que será transmitida pelo site da CBF.

Nascido em Maringá, Athos Lima foi introduzido ao futebol de salão pelo seu pai, Reginaldo, que foi revelado no Grêmio de Esportes Maringá e passou por clubes como Fluminense e Guarani. Ao encerrar a carreira, Reginaldo chegou a ser treinador do Grêmio Maringá. Hoje, ele ocupa o cargo de coordenador do departamento de avaliação, captação e transição de atletas no Santos.

“Meu pai sempre esteve junto comigo, desde pequeno sempre me apoiou. Quando criança eu ia nos jogos com ele, sempre juntos. Ele como foi jogador também, ele me passa sempre toda a experiência que ele adquiriu. Como ele já passou por tudo isso, eu sempre tento ouvir ele pra estar buscando o melhor”, diz Athos.

Em Maringá, na infância e no início da adolescência, Athos teve longa trajetória defendendo o time do colégio São Francisco Xavier, com bolsa de estudos. Se destacando em competições regionais e até estaduais, o jovem meia conquistou a chance de fazer um teste no Santos, em outubro de 2011. À época, o alvinegro praiano estava em um momento apoteótico, sendo o atual campeão da Libertadores e tendo um suas filas um já consagrado Neymar Jr. O desfecho da história, você já imagina. O que chama a atenção, na verdade, foram os dias que antecederam a avaliação. 

“Quando cheguei no Santos, em 2011, para fazer a avaliação, foi tudo muito rápido e até engraçado, porquê eu soube uma semana antes. Foi eu e mais quatro meninos da Cocamar para uma semana lá em Santos e eu quase não fui. Justo nessa semana antes de ir fiquei doente e fui parar no hospital”, conta Athos.

“Por sorte melhorei um pouco e viajei na segunda-feira. Na quinta já fui avisado que estava aprovado e que o Santos queria que eu mudasse pra lá no começo de 2012. Fiquei muito feliz porquê realmente foi uma coisa muito natural. Era o primeiro time que eu fiz avaliação. Cheguei lá e fiz o que fazia em Maringá, meu jogo de fazer a bola andar, armar o jogo e graças a Deus me saí muito bem”, completou.

De cara, Athos caiu como uma luva na equipe sub-13 santista. Além das enfiadas de bola precisas e da habilidade de reter a bola e articular a transição meio-campo/ataque, os gols também saiam. Em 2014, já no time sub-15, o maringaense marcou oito gols e foi um dos artilheiros de uma equipe sensação, que marcou 62 gols em 11 jogos, uma média de 5,63 gols por partida (veja lances de Athos em 2014). 

Naquela primeira passagem pelo Peixe, Athos defendeu o clube por exatos três anos. Em outubro de 2015, ele acertou transferência para o Grêmio, assinando o primeiro contrato profissional. Em Porto Alegre, no entanto, as coisas não saíram como o esperado.

“Acabei não me adaptando ao estilo de jogo gaúcho e acabei não conseguindo jogar o que podia. O contrato era de três anos, mas acabei rescindindo com um ano de contrato e indo pro Cruzeiro. Assinei um contrato de risco, de sete meses e acabei não renovando”, conta o meia.

Após deixar Belo Horizonte, Athos foi jogar no Desportivo Brasil, equipe de empresários chineses do interior paulista que costuma revelar muitos atletas para o futebol profissional. Um exemplo é o meia ofensivo Mauro Júnior, que teve passagem pelo PSV da Holanda e está emprestado ao Heracles. No DB, Athos disputou sua primeira e única Copa São Paulo de Futebol Jr, sendo eliminado nos 16 avos de final para o Londrina. 

Em setembro do ano passado, finalmente, Athos acertou sua volta ao Santos, assinando um contrato até dezembro 2020. Agora na equipe de transição e tendo chances de treinar com a equipe profissional, o meia-armador maringaense está mais próximo do que nunca de realizar o sonho que talvez seja o mais difícil de ser realizado em um país como o Brasil.

“A ansiedade por subir é inevitável. Agora que estou no Aspirantes e acabei de fazer 20 anos. a vontade de estar no profissional é grande. Mas creio que tudo tem seu momento certo e é hora de continuar trabalhando firme”, afirma Athos Lima.

Para ter sucesso com a camisa do Santos, o agora ’10’ do time de Aspirantes se espelha em um velho conhecido da torcida. Como mencionado anteriormente, na época em que Athos chegou no litoral paulista, o Peixe contava com um certo camisa 11, irreverente, driblador, artilheiro e já um astro midiático de grande porte. 

“Meu ídolo você já deve imaginar que é o Neymar. Pude acompanhar ele aqui, então era um cara incrível, que quando ele tava aqui era um espetáculo. A torcida ia pro estádio só pra ver ele jogar, eu ia direto nos jogos. Pra mim, ele é o melhor dos últimos tempos do futebol brasileiro e do Santos. Depois do Pelé, pra mim ele é o maior”, avaliou Athos.

Treinando sob o comando de Sampaoli semana a semana, Athos Lima conta que o argentino é intenso. “Ele cobra bastante, é uma cultura diferente. Um cara muito intenso mesmo, sempre usa a base nos treinos deles, é a metodologia dele. Todos os treinos tem 10, 12 meninos do sub-20. É um cara muito perfeccionista.”

Conhecido por revelar craques para o futebol brasileiro, o Santos já mostrou que um raio pode sim cair duas, três, quatro vezes no mesmo lugar. Para o bem do futebol maringaense, sonhar nunca é demais. Não é, Athos?

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