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19 de abril de 2024

Segunda edição do Obá Xirê promove vivência de maracatu em Maringá


Por Redação GMC Publicado 14/08/2019 às 19h54 Atualizado 23/02/2023 às 21h38
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O evento “Obá Xirê – Vivência de Maracatu Baque Mulher e Encanto do Pina”, organizado pelo grupo de Maracatu Baque Mulher e a Roda de Estudos do Encanto do Pina de Maringá, acontecerá de 23 a 25 de agosto, na Casa de Cultura do Jardim Alvorada (Avenida Shofia Rasgulaeff, 693), em Maringá.

O evento proporcionará oficinas de percussão para mulheres e homens, ministradas por percussionistas de Recife (PE), como Mestra Joana Cavalcante, primeira e única mulher à frente de um Maracatu Nação no Brasil, oficina de dança dos orixás, toque para os orixás, rodas de conversa, confraternização e um tradicional cortejo de encerramento no fim da tarde de domingo (25). A abertura do evento acontece a partir das 19h, na sexta-feira (23), na Casa de Cultura do Jardim Alvorada, com roda de conversa e oficina de dança dos orixás para homens e mulheres.

“Maracatu é uma escola onde todo dia aprendemos coisas novas, com os mais velhos. Nossos fundamentos e raízes de todo esse conhecimento. É nos mais jovens, que chegam para aprender, que depositamos toda nossa confiança e continuidade. Vivencio e me aprofundo cada dia mais, isso é o maracatu”, relata o ogan da Nação Encanto do Pina, Dayvison Guian, um dos convidados.

Além do ogan, a segunda edição do Obá Xirê conta com a presença da fundadora do movimento, Mestra Joana Cavalcante, primeira e única mulher à frente de um Maracatu Nação no Brasil, que recebeu recentemente na Câmara dos Deputados a medalha Mietta Santiago, por seu trabalho com o empoderamento feminino e combate à violência. E outros convidados importantes para a história de resistência do Maracatu de Baque Virado no Brasil, como Iyaba Tenily Guian, coordenadora do Baque Mulher RJ, oficineira da Nação Encanto do Pina e Baque Mulher pelo país, além de capoeirista. E Duda Lopez, também de Recife (PE), confirmada para ministrar a oficina Baque Mulher.

“No comando da minha zeladora de santo, minha mãe Mestra Joana, junto com a Iyaba Tenily e minha esposa Duda Lopez, vamos levar um pouco do baque de nossa Nação Encanto do Pina, vice-campeã do Carnaval de 2019, e o baque do coração de nossa comunidade, o Luanda, martelo, baque parado, a viração, os conhecimentos das mães do Pina, pai Marcelo, Dona Maria de Sônia, Seu Eudes Chagas, mãe Elena e vó Quixabá”, declarou Dayvison.

O ogan da Nação Encanto do Pina acrescenta que eventos como o Obá Xirê são de suma importância para resistência e existência da cultura e ancestralidade afro-brasileira. “Esses eventos que acontecem no Sul são a prova que a nossa cultura está se expandindo. Que outros grupos possam fazer o mesmo, ter a mesma iniciativa e abranger mais conhecimento de nossa cultura.”

Obá Xirê é um evento aberto a todas e todos os interessados pela cultura afro-brasileira e popular. Não é preciso ter conhecimento prévio de maracatu para participar.

As inscrições do evento estão abertas. Para quem vai participar das oficinas de percussão, o valor é R$50 por todos os dias ou R$20 por dia de participação. Para facilitar a adesão de mulheres negras, Obá Xirê oferece um valor diferenciado: R$30 por todos os dias ou R$10 por dia.

LINK DE INSCRIÇÃO

23 de agosto (sexta-feira)
– 19h – Abertura com Roda de conversa e oficina de dança dos orixás para homens e mulheres.

24 de agosto (sábado)
– 9h – Início das oficinas de percussão para mulheres (timbal, agbê, gonguê, caixa e alfaia).
– 12h – Almoço
– 14h – Oficinas de percussão para mulheres (timbal, agbê, gonguê, caixa e alfaia).
– 16h – Lanche
– 18h – Participação do Baque Mulher no Kitutê de Batuta (Casa de Dona Tê – Senzala Nova – Jardim Requião)

25 de agosto (domingo)
– 9h – Oficinas de percussão para homens e mulheres (timbal, agbê, gonguê, caixa e alfaia).
– 12h – Almoço.
– 14h – Cortejo de encerramento.
– 17h – Confraternização.

O II Obá Xirê tem apoio da Secretaria de Igualdade Racial, que viabilizou a locação do espaço para a realização do evento, e parceria especial de Valdeir Gomes e à Cleuza Theodoro.

BAQUE MULHER

Anos e anos de luta para dar continuidade aos trabalhos sociais da Nação de Maracatu Encanto do Pina, Mestra Joana foi se tornando inspiração para outras mulheres que buscavam se empoderar para superar tais amarras em suas comunidades, em seus mais diversos contextos.

Sendo inspiração, Mestra Joana foi se sensibilizando a necessidade de trazer à tona discussões acerca do papel da mulher no maracatu de baque virado e de como o mesmo pode potencializar mulheres não somente participantes, mas também moradoras da comunidade do Bode e seu entorno, que muitas vezes não se identificam com as expressões culturais em cena justamente por não terem o protagonismo feminino. E foi assim que ela, em 2008, idealizou e concretizou o grupo Maracatu Baque Mulher, um grupo de maracatu de baque virado composto somente por mulheres que cantam, dançam e tocam loas (canções) próprias, compostas enquanto instrumento de expressão feminina, luta e resistência pelos direitos das mulheres.

Tendo suas raízes fundamentadas nas duas Nações de Maracatu de baque virado da comunidade do Bode, a Nação de Maracatu Encanto do Pina e a Nação de Maracatu Porto Rico Mestra Joana manifesta com o grupo a importância de se refletir sobre todos os tipos de violência contra a mulher, seja psicológica, verbal ou corporal, sobre o racismo contra a mulher negra, sobre a valorização das matriarcas nas tradições da religião de Matriz Africana e Indígena, sobre o poder feminino e o legado das mulheres mais velhas que lutaram por direitos básicos que hoje nos beneficiamos e, ainda, sobre o papel da mulher nas manifestações culturais.

Desde então, mulheres componentes dessas duas nações e de grupos filiados de outros estados, tem se identificado com a proposta somando forças ao movimento que hoje conta com mais de 200 batuqueiras, sendo que a maioria se concentra em Recife, mas outras tantas se encontram difundidas por todo o Brasil. Por isso, acredita-se que cada vez mais o grupo Baque Mulher tem ampliado sua rede de intervenção, se tornando um movimento social de alcance nacional e que tem suas ações realizadas em cidades do norte ao sul do país.

 

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