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19 de abril de 2024

4 ambulâncias são impedidas de deixar e de retirar pacientes no HU


Por Carina Bernardino/CBN Maringá Publicado 17/11/2018 às 12h04 Atualizado 19/02/2023 às 00h06
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Quatro ambulâncias foram impedidas de deixar e de retirar pacientes no Hospital Universitário (HU) de Maringá, na noite desta sexta-feira (16). Os veículos ficaram parados por duas horas no local e até a polícia foi acionada para tentar resolver a situação. Um dos motivos alegados é que o HU estava sem médico cirurgião.

“É muito desumano isso tudo. Você chega aqui e a pessoa correr o risco de até mesmo perder a vida por conta disso. E está ali, do mesmo jeito que chegou. Ele veio no balão de oxigênio, no suporte avançado, e do mesmo jeito está ali”, disse o acompanhante de uma vítima de trânsito impedida de ter ao acesso ao HU.

O relato foi gravado pelo repórter Oséias Miranda, que esteve no local no momento da confusão, quando as quatro ambulâncias ficaram paradas em frente ao Hospital Universitário por falta de atendimento médico.

A primeira ambulância do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) chegou ao local por volta das 18h. O tenente Rodrigo Manoel, do 5º Grupamento de Bombeiros, relata que naquele momento não havia médico cirurgião no local.

“Duas ambulâncias do Corpo de Bombeiros e duas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ficaram paradas. Conversei com a enfermeira que atendia no interior do pronto socorro e ela me informou que não havia nenhum cirurgião e não era para receber as vítimas. Porém a gente ficou neste impasse até que apareceu, então, posteriormente, um médico, que assumiu a função e as nossas vítimas foram liberadas. Mas isso após em torno de duas horas de espera”.

As ambulâncias do Samu e do Siate foram para o HU após determinação da Central Regional de Emergência. Três veículos estavam com pacientes e um tinha que fazer o transporte de uma vítima do HU para outra unidade de saúde. 

O médico intervencionista do Samu, José Ranieri, diz que a sorte é que a vítima que ele socorria não corria risco de perder a vida. “Na abordagem, no local (do acidente) tivemos a informação que ela (vítima) perdeu a consciência de 3 a 5 minutos. Só que na evolução, a vítima estava consciente, só com ferimentos em face e, por enquanto, sem riscos”.

No meio da confusão que ocorreu na porta do Pronto Atendimento do HU, vários familiares de pacientes também ficaram revoltados com a demora no atendimento. Alguns, inclusive, desistiram de ser atendidos e foram embora.

Por volta das 20h, a Polícia Militar foi acionada e esteve no local, mas quando chegou os pacientes já tinham recebido os primeiros atendimentos. A informação que o tenente Heitor Cabral recebeu é de que o problema foi na escala de médicos, além de um erro de comunicação de um servidor que dizia que os pacientes não podiam ser atendidos.

“Diante dos fatos, não houve nenhum tipo de encaminhamento e a equipe confeccionou boletim de ocorrência”, disse.

Em nota, o HU informou que “o que aconteceu é que a falta de reposição de servidores no HUM levou a equipe a solicitar que os pacientes da noite de ontem fossem enviados para outras unidades hospitalares de Maringá, visto que não havia pessoal disponível para atender à demanda, especialmente, médicos cirurgiões.”

Veja a nota na íntegra

Na noite de sexta-feira (16), o Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM), vinculado à Universidade Estadual de Maringá (UEM), precisou tomar medidas extremas em relação ao atendimento de pacientes. É necessário que a sociedade saiba os motivos que levaram o Hospital a tomar esta atitude.

O HUM é o que o Sistema Único de Saúde chama de porta de entrada para urgências e emergências Isto é, os serviços de resgate têm como protocolo levar pessoas acidentadas e com problemas agudos de saúde para o Pronto Atendimento do Hospital, que é chamado de PA. Este setor funciona com uma equipe de técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos e cirurgiões, além de outros profissionais da saúde. O que aconteceu é que a falta de reposição de servidores no HUM levou a equipe a solicitar que os pacientes da noite de ontem fossem enviados para outras unidades hospitalares de Maringá, visto que não havia pessoal disponível para atender à demanda, especialmente, médicos cirurgiões.

Ultimamente, o HUM tem resolvido seus problemas de pessoal contratando por meio de uma modalidade chamada de credenciamento, visto que não há contratação por concurso público desde 2014 e muitos servidores se aposentaram, pediram exoneração ou morreram. O custo destas contratações credenciadas é financiado por recursos arrecadados pela própria Universidade. Isto é, a UEM está deixando de fazer investimentos em infraestrutura e equipamentos para financiar o pagamento de pessoal, o que é responsabilidade do governo do Estado.

Porém, esta alternativa também chegou ao seu limite, visto que a modalidade não é atrativa para médicos em algumas especialidades, como os plantões no PA, do HUM. O efeito colateral é que o Hospital não consegue contratar e, em consequência disso, não se consegue fechar as escalas de plantão: falta de profissionais.

Foi o que aconteceu na sexta-feira. Para que os pacientes fossem atendidos, o superintendente do Hospital, Vicente Kira, assumiu as atividades no PA e atendeu aos pacientes que estavam aguardando. Ressaltamos que todos foram recebidos e tratados pelo superintendente, enquanto a equipe do Pronto Atendimento recebeu e cuidou de mais 180 pacientes durante a noite.

Mas essa não é, de forma nenhuma, a solução. O Hospital e a UEM querem mostrar para a sociedade que o HUM não se recusa a fazer atendimentos. Faz isso com qualidade e é para manter essa excelência que precisa de pessoal, necessita repor seus quadros, porque a capacidade de trabalho está no limite.

Enfim, para que o HUM funcione e mantenha sua qualidade, é preciso que se dê as condições necessárias à equipe. A Hospital pede à população que compreenda a situação da necessidade de contratação de novos servidores e entre nesta luta junto com a UEM/HUM. Afinal, há uma nova ala sendo construída para ampliar o atendimento. Mas, se a situação de recursos humanos não mudar, será impossível colocar o novo espaço em funcionamento.

A luta pelo HUM é uma luta da comunidade, da população de Maringá e região. Esta é a hora de se criar um movimento que possa dar ao Hospital a condição de se manter uma unidade de saúde de excelência para a população não só na urgência e emergência, mas na sua atuação ambulatorial.

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