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20 de abril de 2024

Hemodiálise: histórias de luta, sofrimento e superação


Por Letícia Tristão Publicado 05/11/2018 às 18h13 Atualizado 18/02/2023 às 20h53
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Com um enorme sorriso no rosto e uma sensação de vitória, Mariana Machado, de 19 anos, conta que conseguiu terminar o ensino médio. É o relato de uma jovem que, apesar de afirmar que vive uma vida normal, tem uma rotina cheia de restrições. Ela perdeu o rim esquerdo aos 5 anos e depois disso, mesmo com tratamento, aos 16, perdeu totalmente o órgão direito.

Desde então, Mariana enfrenta um problema que pode ser considerado uma epidemia, de acordo com o nefrologista e diretor de dialise da Santa Casa de Maringá, Paulo Torres.

A hemodiálise é um tratamento que realiza uma das funções dos rins: filtrar o sangue e eliminar resíduos que, em excesso, podem matar o organismo.

Segundo Torres, a insuficiência renal aguda ou crônica atinge 10% da população mundial e as chances de desenvolver a doença aumentam em diabéticos e hipertensos. Ele relata que é comum constatar que pacientes precisam de hemodiálise. “Nos dez plantões do mês, posso afirmar que pelo menos um por dia aparece precisando de diálise”, relata.

Há três anos, Mariana faz hemodiálise três vezes por semana, três horas e meia por dia. É uma rotina cansativa e, segundo ela, o tratamento é bom e ruim ao mesmo tempo.

“É ruim porque eu passo mal, tenho dor de cabeça, me sinto cansada… Dois dias sem fazer parece que me sinto muito mais cansada… Mas é bom porque posso me alimentar melhor, ainda posso tomar um pouco de água… Levo uma vida normal, apesar de tudo”, diz ela.

Ao longo da vida, é normal que o rim vá perdendo força e funcione cada vez menos. Segundo o nefrologista, a falência do rim pode ser classificada em cinco níveis, de acordo com a porcentagem que o órgão está funcionando. Quando apenas 10% ou menos do rim funciona, significa que o paciente precisa de diálise.

“A hemodiálise é vida porque quer dizer que o paciente ainda tem uma chance de sobreviver. Se ele não fizer, não há chance”, ressalta Torres.

O procedimento é feito por uma máquina que pega o sangue “sujo”, filtra e o devolve ao organismo mais “limpo”. A diálise elimina resíduos e ajuda o corpo a manter o equilíbrio de substâncias como sódio, potássio, uréia e creatinina.

Os pacientes ficam sentados ou deitados e não podem sair da sala durante a hemodiálise, que dura em média quatro horas por sessão, três vezes por semana.

Segundo Torres, a cada sessão, a pessoa perde em média dois quilos. Isso porque, nos dias em que a diálise não foi feita, a pessoa retém muito líquido e fica bastante inchada.

O aposentado Jorge Tsunematsu, de 70 anos, relata que além de ter uma alimentação regrada sem comidas industrializadas ou com muito sal, por causa da diálise, viajar está fora de cogitação.

“A gente perde a liberdade. Às vezes a gente acorda meio ‘virado’ e dá vontade de largar tudo, mas não pode. Tem que agradecer por ainda ter essa máquina que faz o que a gente não consegue mais fazer”, diz.

Na Santa Casa de Maringá, a sala de hemodiálise atende, das 6h30 às 23h, cerca de 120 pessoas por turno. Ao todo, 220 pacientes fazem o tratamento no local.

Em uma das poltronas, em um dos cantos da sala, o seo Júlio Silva faz diálise no turno da tarde. A gargalhada chama a atenção em meio ao ambiente silencioso e de meia luz, para os que tentam dormir.

Aos 78 anos e com as duas pernas amputadas, ele diz que é forçado a se acostumar com a rotina de quase frequentar mais o hospital do que a própria casa, mas destaca que a parte boa é a família que ganhou naquela sala.

“As enfermeiras que cuidam da gente e quem tá do nosso lado alegrando as horas que a gente passa aqui, são família”.

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