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16 de abril de 2024

‘Celular de filho que confessou assassinato de pastor sumiu’


Por Folhapress Publicado 21/06/2019 às 21h03 Atualizado 23/02/2023 às 02h37
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O celular de Flávio dos Santos Rodrigues, 38, está desaparecido, segundo informações dadas na manhã desta sexta-feira (21) pela delegada Bárbara Lomba, que chefia o inquérito na Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo.

Ele confessou ter disparado seis tiros contra o pastor evangélico Anderson do Carmo, 42, no domingo (16), e está preso desde o início da semana devido a uma condenação anterior por violência doméstica. Na quinta (20), a Justiça decretou a prisão temporária de Flávio e do irmão Lucas, 18, que também já estava preso.

Anderson era casado com a deputada federal Flordelis (PSD) e eles tinham 55 filhos, sendo quatro biológicos. A delegada, no entanto, evitou colocar a parlamentar como suspeita de envolvimento com o homicídio.

Na quinta, a TV Globo divulgou que um dos filhos disse em depoimento que suspeita da participação da deputada e de três filhas no assassinato. A delegada, no entanto, esclareceu que se trata de uma informação preliminar e que “várias pessoas” devem ser ouvidas no decorrer das investigações.

“Informações de familiares que têm envolvimento emocional ou econômico são consideradas, mas elas não vão definir a investigação”, explicou Bárbara.

Além do celular de Flávio, o telefone móvel da vítima também está desaparecido. A delegada confirmou a informação, mas não disse se procede os dados divulgados pela TV Globo que o celular de Anderson teria sido entregue para Flordelis e, depois, teria sumido.

“[O celular do pastor] não foi encontrado até hoje. Uma das primeiras medidas foi tentar obter esse celular, que poderia nos dar informações mais precisas e até mesmo elucidar o crime”, disse Bárbara.

Duas filhas do casal compareceram à delegacia nesta sexta para mostrar dados dos seus celulares, mas não prestaram depoimento. A DH ainda não confirmou se os aparelhos foram apreendidos ou se seria algum dos celulares que desapareceram (de Flávio e do pastor). A informação foi confirmada pela advogada que as acompanhava, que não quis se identificar.

O corpo do pastor tem 30 perfurações feitas a partir de uma arma calibre 9mm. A divergência entre a quantidade de tiros que Flávio afirma ter dado e as perfurações do corpo deverão ser esclarecidas pelos legistas, disse a delegada.

A participação de Lucas dos Santos, 18, que também está preso, seria no auxílio para comprar a arma. “Isso baseado no relato deles, porque há a questão do relato e a questão objetiva”, disse ela.

Traição descartada

A delegada Bárbara Lomba descartou, também, um suposto caso extraconjugal do pastor como uma eventual motivação para o assassinato. “Nenhuma das pessoas [que depuseram] mencionaram isso”, disse. A hipótese foi levantada por conta dos disparos encontrados na região da coxa e da virilha.

A delegada também descartou uma suposta perseguição por duas motos no domingo antes do crime – em entrevistas concedidas à imprensa, a deputada chegou a afirmar que houve perseguição momentos antes do crime.

“Esse relato de que estavam sendo perseguidos não foi dado na delegacia. Nos autos não há esse registro”, disse Bárbara. Este é o segundo item da primeira versão da deputada que foi praticamente descartado pela polícia. A investigação também negou um possível latrocínio no crime, como alegado por Flordelis. A polícia ainda investiga a motivação do crime.

Na entrevista, a delegada ainda explicou que é incorreto afirmar que o pastor evangélico foi morto com 30 tiros, apesar da confissão de Flávio de ter disparado seis vezes contra a vítima.

“Ainda não podemos excluir que houve seis tiros. Houve nove estojos apreendidos no local. Os [30] orifícios de entrada e saída vão ser esclarecidos com o legista. Já estou em contato direto e ele vem à delegacia para nós falarmos diretamente e compararmos com as declarações [prestadas à polícia]. Mas os orifícios podem ser de reentrada e saída [das balas] em outro local do corpo. Podem haver muitas lesões no cadáver, mas isso não indica uma quantidade absurda de disparos”, afirmou Bárbara.

A DH ainda investiga a dinâmica do que aconteceu naquela noite a partir da coleta de mais depoimentos de pessoas que estiveram no local.

“A vítima chegou em casa e, poucos minutos depois, teria voltado ao carro. Não se sabe e não há provas de que alguém a tenha chamado”, explicou a policial.

“Temos muito trabalho a fazer ainda. Não está esclarecida a motivação, se a execução aconteceu daquela forma que foi narrada, se há mais pessoas envolvidas. O crime foi domingo. A polícia não pode trabalhar em uma semana e resolver, tem risco de conduzirmos inadequadamente as investigações”, disse a delegada.

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