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25 de abril de 2024

Dólar passa de R$ 4 com pesquisas eleitorais


Por Folhapress Publicado 22/08/2018 às 12h21 Atualizado 18/02/2023 às 00h30
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O dólar fechou acima de R$ 4 nesta terça-feira (21) pela primeira vez desde fevereiro de 2016, conforme o mercado reagiu a pesquisas eleitorais que indicam Geraldo Alckmin (PSDB) com dificuldade para deslanchar e um possível substituto de Lula (PT) com chances de chegar ao segundo turno.

A moeda americana subiu 2,04% e terminou cotada a R$ 4,039 -maior patamar desde 8 de janeiro de 2016 (quando foi a R$ 4,04).

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas no Brasil, recuou 1,50%, para 75.180,38 pontos, na mínima em seis semanas.

Investidores reagiam desde cedo aos resultados da pesquisa Ibope, divulgada na noite desta segunda-feira (20). Num cenário sem o ex-presidente Lula, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) lidera as intenções de voto à Presidência, com 20%. Ele é seguido por Marina Silva (Rede), com 12%, e Ciro Gomes (PDT), com 9%.

Alckmin, candidato preferido pelo mercado, teria 7%, tecnicamente empatado com o provável substituto de Lula, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), com 4%.

O mau humor dos investidores foi acentuado por uma ação para evitar perdas maiores, dizem profissionais do mercado. “É uma questão técnica, o investidor define: eu aguento até atingir esse risco, se passar disso, é para realizar o prejuízo e sair”, explica Carlos Pedroso, economista sênior do Banco MUFG Brasil.

Na véspera, no entanto, o cenário eleitoral já mexia com o câmbio. Levantamento CNT/MDA mostrou que, em um cenário com Lula, o petista lidera com a preferência de 37,3% dos eleitores na pesquisa estimulada. Em segundo lugar, Bolsonaro registrou 18,3%. Alckmin atingiu 4,9%, atrás de Marina, com 5,6%.

Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, compara o início da semana a um oceano agitado. “Sabe aquela sensação de quando estamos no mar e de repente vem uma onda grande atrás da outra e temos pouco tempo para respirar?”, diz.

Segundo ela, o dólar já vinha em um patamar elevado ante o real nos últimos dias após tensões entre Estados Unidos e Turquia derrubarem a lira turca e contaminarem moedas emergentes. “Quando o cenário externo começou a aliviar, as pesquisas saem e desagradam o mercado, não deu tempo.”

Analistas disseram ainda que investidores passaram a precificar a possibilidade de Alckmin não chegar ao segundo turno. “Há esse receio, e Haddad começou a ganhar protagonismo em um cenário sem Lula”, diz Consorte.
Ela e outros profissionais ressaltam, no entanto, que é cedo para definir disputas antes do início da campanha eleitoral na TV, no fim do mês. A aliança entre Alckmin e o centrão rendeu ao tucano 44% do tempo de TV na disputa.

Instabilidades financeiras são comuns em anos eleitorais. Em outubro de 2002, em meio à eleição que levaria Lula à Presidência pela primeira vez, o dólar chegou a R$ 3,99 -R$ 10,37 em valores atuais, segundo cálculos de Einar Rivero, da empresa de informações financeiras Economatica. No ano, o dólar subiu 35%.

Em 2018, o dólar acumula alta de 22%, mas especialistas apontam que os contextos são diferentes. “Em 2002, tínhamos reservas internacionais baixas e déficit em conta-corrente e dívida externa altas. Hoje, nossas reservas estão altíssimas, nosso déficit é pequeno e a dívida externa também”, diz Consorte.

Pedroso lembra que, em 2002, além de eleições, o Brasil era contaminado por uma crise na Argentina, estava dentro de um programa do FMI (Fundo Monetário Internacional), e acabava de sair de um racionamento de energia.

Apesar de fundamentos mais sólidos, a volatilidade deve dar o tom dos mercados até outubro. “São condições melhores, mas com volatilidade alta e que vai ditar o ritmo nas próximas semanas. Mas esse patamar [do dólar acima de R$ 4] parece irreal frente a inflação controlada e taxas de juros baixas”, afirma Pedroso.

Segundo ele, após as eleições, há espaço para apreciação do real. “O quanto vai voltar, aí vai depender do candidato que for eleito e do seu compromisso com as reformas.”

EUA

Se no Brasil turbulências eleitorais contaminaram o humor dos investidores, no mercado americano parece não haver limites para o otimismo.

O índice S&P 500, que reúne ações de 500 empresas do país, ficou perto de bater novo recorde nesta sessão, depois de subir 0,2%, a 2.862 pontos –pouco abaixo da máxima histórica de 2.872 pontos em 26 de janeiro deste ano.

É um momento de “bull market” -numa analogia ao touro que joga para cima, o jargão indica mercado em alta. É o maior período que o indicador passa sem sofrer uma queda de 20% a partir de uma determinada pontuação.

Já são 3.453 dias desde que o indicador atingiu a mínima de 666 pontos, em 9 de março de 2009, quando os Estados Unidos estavam mergulhados em uma grave crise financeira, lembra o jornal The Wall Street Journal.

O recorde anterior tinha sido em março de 2000, quando o indicador acumulou ganho de 417% em um período de 3.452 dias. Hoje o S&P 500 valoriza 323%.

Nesta terça, o Dow Jones subiu 0,25%, para 25.822 pontos. E o índice de tecnologia Nasdaq avançou 0,5%, para 7.859 pontos.

O otimismo é ancorado no sólido crescimento da economia americana, que tem se traduzido em lucros cada vez maiores das empresas. Alguns analistas, porém, já apontam para riscos no horizonte.
Jeremy Glasser, diretor da Morningstar, diz que não há uma resposta simples sobre quando o otimismo vai terminar. Alguns fatores que levaram às valorizações das ações, como o ganho das empresas e taxas de juros ainda baixas nos EUA, continuam válidos.

Mas uma guerra comercial, um erro na política monetária ou uma situação fora do radar podem ser o gatilho para o mercado devolver ganhos.

Em relatório, o JP Morgan afirma que o descasamento entre o mercado americano e o europeu e de emergentes não tem precedentes.

“Dado que é uma ocorrência rara (nunca aconteceu para a Europa nem para a Ásia), isso sugere que é uma condição de mercado que não vai persistir”, avaliam.

Ou seja, ou os indicadores americanos vão ceder, ou emergentes e europeus vão melhorar –esta última hipótese é a mais provável para o JP.

Foto da capa: Pixabay

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