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09 de dezembro de 2025

Ana Clara Poltronieri ganha o Prêmio Denilto Gomes 2024, da Cooperativa Paulista de Dança

A diretora e artista maringaense ganhou um dos mais importantes prêmios nacionais de dança, na categoria “Intérprete”


Por Redação GMC Online Publicado 20/02/2024 às 08h40
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Foto: Divulgação

A Cooperativa Paulista de Dança divulgou a lista dos premiados na XI edição do Prêmio Denilto Gomes de Dança, da Cooperativa Paulista de Dança, um dos mais importantes do país. Ana Clara Poltronieri, diretora e artista da dança foi a vencedora na categoria “Interprete”. No dia 20 de março acontecerá a cerimônia de premiação dos artistas no centro de referência da dança da cidade de São Paulo.

“Ganhar o prêmio com Amana é muito precioso, porque leva a mensagem de consciência da violência contra a mulher, através da arte, de maneira efetiva”, comenta Ana Clara. “Importante ainda ressalta os critérios de escolha. O Prêmio Denilto Gomes avalia trajetórias, a escolha considera os modos de fazer entender a dança, com as suas especificidades, com a busca da compreensão mais ampla sobre suas abrangências”.

Ana Clara revela que uma das surpresas do espetáculo Amana “foi que homens, mulheres, todos se emocionaram com o trabalho, ou seja, as pessoas saíram do teatro tocadas e quem sabe transformadas com a consciência de querer combater a violência”. Para ela, “foi esse resultado que tornou ainda mais lindo ganhar esse prêmio”.
Amana também foi um marco na sua trajetória como artista e criativa, ela que sempre dançou com a irmã (Maria Glória – Magó) a vida toda: “Diante do inusitado, tive que me reinventar porque minha parceira de trabalho já não estava mais comigo. E em meio a essa profunda dor da ausência, conseguimos criar Amana”.

Para uma artista do interior do Brasil, levar o nome da sua cidade, Maringá, do seu estado, Paraná, ao cenário nacional e internacional da dança é mais do que um sonho, é um estímulo a continuar trabalhando, estudando, criando e produzindo arte, com foco na sua essência de beleza, humanidade e transformação.

O PRÊMIO

Com o intuito de ampliar a visibilidade das produções artísticas de dança desenvolvidas no estado de São Paulo, a Cooperativa Paulista de Dança criou o Prêmio Denilto Gomes de Dança, em 2013. Constituída em 2005, a Cooperativa reúne dezenas de coletivos de dança, que compartilham o mesmo ofício de diferentes formas, assegurando, na prática cotidiana, o espaço para a diversidade do pensar e do fazer como possibilidade de seguir construindo um segmento forte que consiga, ao menos em parte, ecoar a voz de tantos outros coletivos espalhados por este país-continente chamado Brasil.

Natural de Sorocaba, Denilto Gomes desenvolveu, como intérprete e criador, trabalhos de grande importância para a história da dança contemporânea brasileira. Através das influências de Janice Vieira, Maria Duschenes e do diretor Takao Kusuno, Denilto construiu uma emblemática trajetória.

Sempre provocador, agregou, com maestria, visceralidade, contundência e leveza em seus espetáculos. Seu modo peculiar de criar tinha forte influência dos elementos da natureza e dos ritos ancestrais e sua presença cênica provocava forte impacto na plateia. Considerado um transgressor da dança, se manteve irrequieto até morrer prematuramente em 1994, aos 41 anos.

Por estes motivos e muitos outros feitos deste artista, que escreveu através do seu movimento, potentes poemas de dança, a Cooperativa Paulista de Dança decidiu homenageá-lo com o prêmio, que será anual e pretende buscar uma integração maior e mais consistente entre os artistas da dança paulista.

O objetivo da Cooperativa Paulista de Dança (CPD) é implantar o prêmio considerando os modos de entender a dança, com isso jogando uma luz sobre suas especificidades para favorecer uma compreensão mais ampla sobre as suas abrangências.

COMISSÃO DE SELEÇÃO

Jussara Miller, Pedro Peu e Rubia Braga compuseram a Comissão de Seleção da XI edição do Prêmio Denilto Gomes, dedicando atenção à pluralidade de corpos e de poéticas da dança contemporânea e à diversidade da produção artística da dança paulista em seus variados territórios.

Pautada por um compromisso ético que considera a inclusão, a diversidade do pensar e a alternância democrática, teve como principais critérios de escolha das premiações: o rigor artístico, o percurso de pesquisa continuada e a relevância das propostas ou ações para a comunidade da dança no estado de São Paulo, tanto na capital quanto no interior.

A nomeação das premiações se deu frente ao conjunto de trabalhos apreciados e teve como inspiração os conceitos presentes nas propostas encaminhadas para avaliação.

O ESPETÁCULO AMANA

Amana, em tupi significa “água que cai do céu”. A água, elemento feminino, conduz o caminho deste rito para evocar a história de duas irmãs separadas por uma tragédia. Uma cena em que o momento presente e a memória se misturam para contar as lembranças amorosas, a luta e o luto.

Em Amana, a narrativa foi construída com movimento, palavra e depoimento, revelando um corpo pulsante e memorioso.

De forma poética e sensível, as criadoras, Ana Clara Poltronieri e Tânia Farias, fizeram do espetáculo um gesto de basta ao feminicídio e à violência que todas as mulheres vivem cotidianamente. Ana Clara esteve em temporada com o espetáculo Amana em São Paulo, em 2023 no Teatro Centro da Terra, em junho.

Com o Prêmio Denilto Gomes, Amana conquista seu segundo prêmio nacional. O primeiro foi dado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – Seção Paraná – na categoria Cultura Arquitetônica pelo Cenário, composto por mais de 70 potes de vidro com água, em cena.

A idealização da cenografia foi feita pela diretora Tânia Farias e o projeto arquitetônico cenográfico foi idealizado por Fernanda di Benedetto.

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Foto: Divulgação

O PRÊMIO EM 2020

Em 2020, Ana Clara Poltronieri participou do espetáculo “A la carte”, online (tempos de pandemia) com a Cia. Fragmento de Dança, dirigida por Vanessa Macedo. O espetáculo ganhou o Prêmio Denilton Gomes, na categoria CRIAÇÃO E INTERATIVIDADE ONLINE. Nesse mesmo ano, durante a cerimônia de premiação, online, a homenageada da noite foi Maria Glória Poltronieri Borges, Magó, que, quando morou em São Paulo era membro da Cooperativa Paulista de Dança, tendo contribuído com a dança paulistana e brasileira.

Agora em 2024, a Cooperativa Paulista de Dança concede o Prêmio Denilto Gomes de Dança a Ana Clara Poltronieri, na categoria “Intérprete”, com referência ao espetáculo Amana, que evoca Magó e faz parte da poesia, da arte, do grito e da luta pela vida, contra a violência e o feminicídio – a luta pela liberdade de ser!

PREMIADOS

Receberão o XI Prêmio Denilto Gomes no dia 20 de março de 2024, os seguintes artistas e companhias:

TRAJETÓRIA EM DANÇA: Mariana Muniz
PROJETO DE DANÇA: Luis Arrieta por Corpos velhos na dança
INTÉRPRETE: Ana Clara Poltronieri pelo trabalho Amana
ACERVO DIGITAL: Cia Fragmento Urbano pelo Acervo Dançarino
OLHAR PARA AS INFÂNCIAS: Projeto Brincança de Mariana Floriano de Ribeirão Preto/SP
AÇÃO ARTÍSTICA NO INTERIOR: Mirante das Artes de Botucatu/SP
AÇÕES EM DANÇA E ACESSIBILIDADE: Daniela Forchetti
PESQUISA CONTINUADA DE CORPO: Zélia Monteiro
CRIAÇÃO EM DANÇA: Zona Agbara pelo trabalho Engasgadas, segundo rito para regurgitar o mundo; Clarice Lima e Aline Bonamin pelo trabalho Força Estranha
DANÇA, MEMÓRIA E ANCESTRALIDADE (CAPITAL): Urubatan Miranda pelo trabalho Negaça
DANÇA, MEMÓRIA E ANCESTRALIDADE (INTERIOR): Adnã Ionara pelo trabalho Cacunda
ASSESSORIA DE IMPRENSA EM DANÇA: Elaine Calux
AÇÕES DE DIFUSÃO EM DANÇA: Mostra Mulheres em Cena da Cia Fragmento de Dança
PESQUISA ARTÍSTICA: Núcleo Fu Bu Myo In (Ciça Ohno e Toshi Tanaka)
PESQUISA INTERLIGUAGENS: Coletivo Ana Maria Amarela pelo trabalho Vermelhos que sangram na Luta
Como tradição, o Conselho Administrativo da CPD foi o responsável pela definição das categorias abaixo:
PERSONALIDADE DA DANÇA: Valéria Cano Bravi
AÇÃO POLÍTICA: Sylvia Aragão

Quem é Ana Clara Poltronieri

Graduada em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e pós-graduada em Técnica Klauss Vianna pela Pontifícia Universidade Católica (PUC). Formada em dança pela Art Factory International, no programa Dance Start Up IV, sob direção de Brigel Gjoka’s – Bologna (ITÁLIA). Concluiu participação no programa de formação interdisciplinar em dança contemporânea ‘MoDem’ – coletivo jovem da companhia Zappalà Danza – Sicilia (ITÁLIA), com direção de Roberto Zappalà.

Artista da dança independente e educadora somática, busca através de seus movimentos a consciência corporal e a expressividade, trabalhando em estado de presença e reatualização de presença ao mover-se.
Co-criadora, diretora e intérprete da CIA DUO DUE de dança, Ana Clara colabora com diversas companhias e grupos de dança e música do Brasil e Europa.

Atua em projetos comunitários, solidários e voluntários de difusão da arte, da dança, pela cultura da paz e não-violência, pelos direitos da mulher (pelo direito à liberdade de ser de todas as pessoas).

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Foto: Divulgação

COMISSÃO DE SELEÇÃO – QUEM SÃO

Jussara Miller – Bailarina, coreógrafa, diretora, preparadora corporal e professora de dança e educação somática. É Mestre e Doutora em Artes e graduada em Dança pela UNICAMP. É docente da Pós-Graduação lato sensu em Técnica Klauss Vianna da PUC-SP. É autora dos livros: “A Escuta do Corpo: sistematização da Técnica Klauss Vianna” e “Qual é o corpo que dança? Dança e Educação Somática para adultos e crianças” (Ed. Summus). Instagram: @jussara.miller

Pedro Peu – Compositor, dançarino e percussionista popular. Baiano de Feira de Santana (BA), iniciou na capoeira na década de 80 na sua cidade de nascimento. Vivendo em São Paulo desde 1989, fez parte de vários movimentos culturais, destacando o Grupo de União e Consciência Negra (GRUCOM). Atualmente trabalha como preparador de grupos artísticos, percussionistas, dançarino e vocalista em grupos artísticos, arte-educador em projetos sociais. Mestre de Capoeira Angola Angoleiro Sim Sinhô e coordenador do Centro de Cultural e Arte Batakerê, ambos na Zona Leste-SP. Instagram: Instagram: @pedropeu2005

Rubia Braga – Pesquisadora e criadora em dança, de São Paulo. Iniciou sua formação em estudos de corpo, movimento e criação, em 1996, no Estúdio Nova Dança (SP). Fez bacharelado em Comunicação das Artes do Corpo pela PUC-SP (2010). Entre 2012 e 2021, frequentou as aulas de Técnica e Pesquisa de Movimento da artista da dança Key Sawao, estudando e praticando técnicas orientais de movimento. Foi bailarina no núcleo Vera Sala, participando da pesquisa e criação de diversos trabalhos. Em 2021, participou da pesquisa e criação do trabalho “Anatomias para o desassossego”. Criadora de espetáculos e dançarina, tem um currículo extenso de pesquisas, criação e performances em espetáculos, orientadora de dança e interlinguagens. Instagram @rubia_braga

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