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17 de abril de 2024

CINE QUARENTENA #10 – CURTAS-METRAGENS GP BRASIL


Por Elton Telles Publicado 17/05/2020 às 14h34 Atualizado 23/02/2023 às 01h22
 Tempo de leitura estimado: 00:00

O site Porta Curtas é uma das principais referências na internet para conferir curtas-metragens brasileiros, talvez o site com maior armazenamento de filmes independentes deste formato. O acervo é excelente, englobando desde clássicos até produções recentes e premiadas. Para ter acesso, basta fazer um cadastro gratuito de 3 minutos. É muito simples.

Recentemente, o portal disponibilizou com exclusividade todos os 61 curtas-metragens pré-finalistas do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2020, atribuído anualmente pela Academia Brasileira de Cinema (ABC).

A coluna assistiu a todos os filmes deste primeiro turno, e sabendo que a premiação divide os curtas-metragens em Ficção, Documentário e Animação, decidimos destacar os 5 melhores de cada categoria – de acordo com o nosso gosto, é claro.

Tanto a lista final de indicados quanto a cerimônia não têm datas previstas por conta da pandemia do coronavírus. Mas os filmes estão aí para serem apreciados, então vamos a eles.

 

MELHOR CURTA-METRAGEM – FICÇÃO

Baile (SC), de Cintia Domit Bittar – 18 min.
Se fosse para apontar um favorito, o meu seria “Baile”, filme emocionante que trata da memória por meio da fotografia e o legado que deixamos em vida. A história acompanha uma mãe que tira fotos 3×4 em casa e sua filha de 10 anos que junta fotos dos fregueses como forma de “honrar” a existência deles, sobretudo as mulheres. Registro sensível e precioso.

Joderismo (BA), de Marcus Curvelo – 25 min.
Joder é um rapaz frustrado. Submerso em negatividade, ele começa a refletir sobre a própria condição e descobre que está doente “de si mesmo” – daí a origem do título. É um bom curta que faz o retrato de uma juventude sem rumo, sem muitas perspectivas diante do cenário politicamente desgraçado que vivemos atualmente no país. Não é à toa a ida do personagem a Brasília, muito menos a inclusão do jingle descompassado da campanha do ex-presidente Lula. Pra ser mais exato, o diagnóstico de Joder – e de tanto outros jovens – é brasilismo.

A Profundidade da Areia (ES), de Hugo Reis – 17 min.
Um grupo de jovens caminha pela praia e encontra objetos desconhecidos que os deixam confusos. Aos poucos, alguns deles vão ficando para trás. A trama de “A Profundidade da Areia” é obscura e enigmática e, por isso mesmo, hipnótica. O espectador recebe poucas informações a respeito do todo, o que dá abertura para costurar diferentes interpretações sobre quem são essas pessoas, para onde estão indo, do que estão fugindo e o que os vestígios encontrados na areia da praia podem simbolizar. Destaque para a ótima fotografia de Igor Pontini.

Rã (SP), de Ana Flávia Cavalcanti e Julia Zakia – 15 min.
“Rã” é uma bonita crônica familiar ambientada na periferia de São Paulo, onde dividem o mesmo teto com goteiras uma mãe e duas filhas pequenas. Apesar das condições adversas, é muito afetuosa a interação entre as personagens na arrumação da casa e nas brincadeiras. Quando achamos que a história vai apertar e ser concluída em tragédia, o espectador é surpreendido com um belo desfecho anticlimático. A vontade é de entrar dentro da tela e participar da confraternização entre amigos. Uma graça de filme.

Sem Asas (SP), de Renata Martins – 20 min.
Zu é um garoto negro que gostaria de ser um super-herói à prova de balas. Em uma ida ao mercado a pedido de sua mãe, ele tem o seu sonho de infância confrontado. A doçura inicial de “Sem Asas” é interrompida pela violência e brutalidade que perseguem diariamente a comunidade negra. O recorte feito pela diretora e roteirista Renata Martins direciona o espectador para refletir como os anseios de certos agentes da sociedade podem ser despedaçados de forma precoce. Mas ainda há esperança.

 

MELHOR CURTA-METRAGEM – DOCUMENTÁRIO

A Era do Lareokotô (PE), de Rita Carelli – 20 min.
Produzido pelo Vídeo nas Aldeias, o curta “A Era de Lareokotô” mistura costumes tradicionais e modernos para tratar a readaptação das comunidades indígenas. Enquanto vemos alguns dirigindo Hilux e assistindo a “Avatar” (2009), de James Cameron, paralelamente um deles narra o mito de que índios e brancos saíram de uma mesma pedra e tomaram rumos diferentes na vida. E o que deu errado?

Negrum3 (SP), de Diego Paulino – 21 min.
“Negrum3” é um filme-ensaio que transborda estilo e é pulsante na representatividade do jovem negro, geralmente silenciado na sociedade. Neste curta, eles são os protagonistas e criam um manifesto sobre o corpo, a liberdade, a independência e ocupação do espaço. “Negrum3” é finalizado com uma performance que enumera diversas personalidades negras, pois para se ter um futuro promissor, é preciso buscar inspirações no passado e no presente de quem fez e faz a diferença.

Quebramar (SP), de Cris Lyra – 27 min.
Um grupo de amigas lésbicas viaja ao litoral para a passagem do ano novo, e ali cria-se um lugar de acolhimento para reflexão sobre desejos/identificação e compartilhamento de experiências/vivências entre elas. Com planos-detalhes nos corpos das personagens, a cineasta Cris Lyra constrói um porto seguro para essas mulheres terem um encontro com elas mesmas. “Quebramar” é um curta lindo e meu favorito pessoal desta seleção.

Tudo que é Apertado Rasga (BA), de Fabio Rodrigues Filho – 27 min.
Enquanto o documentário “A Negação do Brasil” (2000), de Joel Zito Araújo, retrata o papel do negro nas telenovelas brasileiras, o competente curta “Tudo que é Apertado Rasga” transfere a importância da representatividade para o cinema. O diretor Fabio Rodrigues Filho resgata imagens de arquivo com entrevistas e mistura com cenas de filmes icônicos para glorificar e resplandecer a contribuição de artistas negros, de Grande Otelo a Zezé Motta.


Viva Alfredinho! (RJ), de Roberto Berliner – 16 min.
No bairro de Copacabana, no Rio, o bar Bip Bip é point dos boêmios. Seu proprietário, Alfredo, faleceu em um dia de Carnaval. O curta dirigido por Berliner registra o seu velório, que acontece no bar e reúne uma multidão de antigos clientes, sob lágrimas, sorrisos, saudades e muito samba. É impossível não se comover com a homenagem póstuma.

 

MELHOR CURTA-METRAGEM – ANIMAÇÃO

Almofada de Penas (SC), de Joseph Specker Nys – 12 min.
O que mais impressiona neste curta-metragem sombrio é a qualidade técnica da animação, com desenho de som e trilha sonora impecáveis. Trata-se de um pesadelo matrimonial em que a esposa mistura realidade com alucinações bizarras. Fãs de horror gótico, regozijem-se!

Apneia (PR), de Carol Sakura e Walkir Fernandes – 15 min.
“Apneia” é protagonizado por Muriel, uma garota que desconta a solidão em suas fantasias. O roteiro é bastante introspectivo e lida com certos temas embaraçosos da infância de forma poética e delicada. A concepção estética da animação, com cores e inventividade nas passagens, é de encher os olhos.

Não Moro Mais Aqui (PE), de Laura de Araújo – 9 min.
Sem diálogos, o curta em stop motion “Não Moro Mais Aqui” consegue verter lágrimas de quem assiste. A trama é ambientada em uma casa habitada pela neta prestativa e uma avó com sintomas gradativos de senilidade. A convivência entre elas é emocionante, e a diretora estreante Laura de Araújo merece palmas por conferir expressividade só com o olhar de suas bonecas de pano cativantes.

O Rabequeiro Maneta e a Fúria da Natureza (SP), de Manu Maltez -14 min.
O artista visual Manu Maltez cria um cordel animado neste curta-metragem. Ao unir elementos folclóricos em uma trama ornamentada pelo realismo fantástico, Maltez conta a saga de um músico apaixonado que vai de clube em clube e de bar em bar apresentando seu forró. “O Rabequeiro Maneta e a Fúria da Natureza” é inspiradíssimo e uma delícia pela estrutura da narrativa e pela trilha sonora original, tanto que, quando acaba, deixa o público querendo mais. É o meu preferido entre as animações.

Sangro (SP), de Bruno H. Castro, Tiago Minamisawa e Guto BR – 7 min.
A confissão íntima e otimista de Caio Deroci é o que guia o espectador no curta-metragem “Sangro”, que busca desmitificar alguns estereótipos que povoam o imaginário popular em relação ao vírus HIV. O depoimento de Deroci sobre onde buscou forças para seguir a vida quando descobriu ser soropositivo é emoldurado em uma sequência de colagens surreais e bem bonitas. Filme curto na duração, mas profundo em compaixão.

 

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