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20 de abril de 2024

PÍLULAS: AQUAMAN, AS VIÚVAS, ‘O FILME DO QUEEN’


Por Elton Telles Publicado 22/12/2018 às 02h20 Atualizado 19/02/2023 às 11h45
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A bem da verdade é que eu queria escrever mais detalhadamente sobre estes três filmes, porém me atrasei um pouco, correria de fim de ano, fechamento de pautas, rolês com família e amigos, mil confraternizações para ir… nem os filmes consegui colocar direito em dia. Por estas razões, falarei brevemente sobre as investidas no cinema do Rei de Atlântida (Momoa), da rainha do submundo do crime (Viola Davis) e da majestade da música (Freddie Mercury).

O cineasta malásio James Wan é uma galinha de ouro de Hollywood: o que ele toca resulta em bom retorno de bilheteria. Começou com a franquia de terror “Jogos Mortais”, seguida por outras duas do mesmo gênero (“Sobrenatural” e “Invocação do Mal”), se envolveu com a produção de “Velozes e Furiosos 7” e agora foi convocado pela DC para adaptar ao cinema a história de Arthur, filho mestiço de um humano com a rainha do reino submerso de Atlântida. É notável a destreza e criatividade do diretor em orquestrar cenas isoladas que saltam aos olhos pelo visual apurado. Lamentável é que toda essa embalagem bonita não oferece um produto satisfatório, e “Aquaman” é basicamente uma coletânea de vícios narrativos pasteurizados de outros filmes de super-heróis.

O enredo tem claramente influência shaskespeariana, mas já vimos isso mais bem trabalhado em “Thor” e “Pantera Negra”, da concorrente Marvel Studios, por exemplo. Previsível até a medula, enquanto perde no quesito “originalidade”, por outro lado, “Aquaman” soma alguns pontos pelas boas cenas de ação e pelo carisma dos protagonistas. O tipo brucutu de Jason Momoa carrega uma legião de admiradores, e Amber Heard faz um bom contraponto como a princesa Mera, equilibrando coragem e doçura. Já o elenco coadjuvante só está ali para fazer peso mesmo e passar um pouco de vergonha com os penteados e figurinos saídos de Xanadu. Isso sem mencionar o desastre que é a maioria dos diálogos – quase todos reservados para a personagem de Nicole Kidman.

Difícil resumir em uma palavra, mas uma delas para definir “Aquaman” é brega. Em todos os sentidos. O filme tem a sua parcela de diversão, mas no geral, se afoga no próprio didatismo, cafonice e na desnecessária metragem, maior que os sete mares.

Prefiro “A Pequena Sereia”.

Os maridos de Viola Davis, Michelle Rodriguez e Elizabeth Debicki faziam parte de uma facção criminosa. Eles foram flagrados em atividade pela polícia, detidos e mortos em uma operação de roubo. Para quitar uma dívida com políticos corruptos e não terminarem debaixo da terra como seus ex-companheiros, as três mulheres convidam uma quarta integrante e se empenham para dar continuidade ao ingrato trabalho. Esse é o tom violento e sem misericórdia que tempera o thriller urbano “As Viúvas”, assinado pelo competente Steve McQueen (“Shame” e “12 Anos de Escravidão”).

Adaptação da série homônima britânica dos anos 1980, o filme tem a sua história deslocada de Londres para Chicago, pintada pelo diretor como uma cidade caótica e saturada de segredos obscuros. Situar o espectador da ameaça que representa Chicago é um dos maiores triunfos da condução de McQueen, sendo absolutamente impressionante como ele transporta todo o caráter opressor de sua trama – e lida de forma natural – para o arquétipo da cidade, povoada por pessoas de índole duvidosa, o que inclui seus governantes. Aliás, a questão política é bem amarrada com a trama central das mulheres em ação.

Já outras opções do roteiro, precisa ser dito, não são tão bem resolvidas, o que compromete praticamente todo o terceiro ato do filme. Se até então estávamos diante de um suspense acertado e charmoso, “As Viúvas” infelizmente escorrega em algumas resoluções fáceis e reviravoltas pouco convincentes. O que sai ileso e não sofre essa ruptura, no entanto, é o ótimo elenco, encabeçado por uma Viola Davis machucada e que tenta encontrar forças dentro de si para seguir adiante. No fim das contas, é um filme satisfatório.

“Bohemian Rhapsody” (ou o “O Filme do Queen”, como foi carinhosamente apelidado por aqui) apresenta uma série de problemas: romantiza muitas situações, demoniza tantas outras, é bastante polido em algumas representações, confortável demais em certas escolhas e manipula sem descaramento a realidade para a conveniência do roteiro. É muito compreensível a revolta de alguns fãs por conta de todas as limitações descritas acima; por outro lado, é notável que a produção optou por uma versão mais… digamos… “comportada” da formação da banda e, sobretudo, da vida particular de seu vocalista, o genial Freddie Mercury. Talvez um tiro no escuro, mas o que o filme atingiu merece créditos, de certa forma: apresentou a maior banda de rock n’ roll para uma nova geração e chegou a públicos que dificilmente chegaria por outro meio, a ponto de se tornar a cinebiografia de maior bilheteria em todo o mundo.

Conquistas fora do quadro à parte, “Bohemian Rhapsody” peca bastante pela estrutura de seu roteiro, desde a inclusão de diálogos risíveis até a estrutura adotada para a divisão da história. Isso sem falar na montagem picotada, com cortes excessivos. Tentaram dar dinamismo, mas parece mesmo é que o montador John Ottman esqueceu das regras básicas de edição de um filme. 

Rami Malek no papel do imortal Mercury vai além da mera imitação, mas na mesma medida que surpreende pela caracterização, não consegue se livrar dos fantasmas do péssimo script. Se tem algo inatacável em “Bohemian Rhapsody” é a recriação do show do Queen no Live Aid, um dos desfechos mais vibrantes e apoteóticos vistos no cinema em 2018. Mas sejamos justos, o crédito é mais da banda do que do filme em si. Óbvio.

https://www.youtube.com/watch?v=lLRbUUSHS6o

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