Professor: reconhecido, mas não é opção

Uma pesquisa da Organização para o Desenvolvimento Econômico (OCDE), através do relatório Políticas Eficientes para Professores, mostra que apenas 2,4% dos jovens com 15 anos quer ser professor, os dados são de 2018. Há 10 anos, o índice era de 7,5%.

Mas se a pergunta é a importância do professor, mas 78% reconhecem o papel docente na sociedade. O professor tem valor para os jovens. Ele merece respeito. Seu trabalho é essencial. Contudo, ser professor está fora dos planos da maioria.

Outro dado é que quanto menor a renda e a escolaridade da família a opção por ser professor aumenta. O que demonstra que na população de baixa renda a docência é um avanço na condição social. Já, entre aqueles de maior escolaridade o sentido é o contrário.

Porque ser professor não tem valor como carreira, mas sim no reconhecimento social? Acredito que a qualidade do professor acaba por ser prejudicada apelas condições em que trabalha. Não podemos negar, a vida de sala de aula é um desafio. Mais do que a relação de educar os alunos é a condição em que se educa.

A formação dos professores também é deficitária. Se forma com superficialidade para uma tarefa complexa e vital para a vida social. Se facilita a docência na formação, mas depois se cobra um conhecimento complexo da condição de ser professor.

No Debate que participei no dia 23 de fevereiro de 2019, esta foi a questão mais importante. A qualidade do que temos nas faculdades para se formar o educador é pouco. Uma condição precária para um país que precisa muito mudar a forma como o conhecimento científico é tratado no dia a dia. Não sabemos usar a ciência, o conhecimento, a nosso favor. A cidadania precisa de saberes.

Enquanto isso não a acontece, ser professor continua sendo uma UTI, a Última Tentativa do Indivíduo. Lamentável, para quem necessita tanto de seres humanos melhores, com mais qualidade produtiva e ativa na vida social. Estamos condenando o país pela ignorância. Isto terá um custo caro para todos e para cada um.