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23 de abril de 2024

Violência e a força do hábito


Por Gilson Aguiar Publicado 23/09/2019 às 11h21 Atualizado 24/02/2023 às 08h13
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Levantamento feito pelo portal G1, com 1.195 crimes ocorridos no país entre 21 a 27 de agosto de 2017 mostra que apenas 5% deles foram elucidados até agora, dois anos depois. 48% deles ainda estão sendo investigados e não foram concluídos. Dos crimes investigados pelo portal, um em cada 5 levaram à prisão dos autores.

Os dados mostram a impunidade no país. Como se disséssemos que o crime compensa. Este é um dos fatores do aumento da violência. O ato de agressão não será punido, o que deixa aqueles que desejam praticá-la em uma condição de conforto. Sabem que será difícil sofrerem as consequências dos atos.

A questão, contudo, não são as leis permissivas. O fator de impunidade é a falta de estrutura para fiscalização, investigação, repressão e principalmente prevenção. Parte considerável dos crimes poderiam ser evitados se fossem feitas políticas públicas adequadas. Deixamos acontecer e não punimos quando acontece.

A luta pela estrutura para o aparato de segurança deve vir em conjunto com a qualificação das pessoas. Os que atuam dentro do policiamento de repressão ou investigação precisam de qualidade. Isto tem um custo. O que parece não é a maior preocupação do poder público. Estamos sempre “enxugando gelo”, como muitas vezes afirmam pessoas ligadas ao policiamento.

E se defendermos a ideia de que a violência é típica de pessoas de má intenção, estaremos simplificando a questão. O meio faz o ser humano e desenvolve um potencial de violência como condição de existência. Não se ingressa na criminalidade por uma questão de genética. O que temos é a naturalização da violência. Considerada uma prática possível e sem impunidade. Em alguns casos é a forma como se trava o diálogo entre as pessoas.

Em quantas regiões periféricas o ambiente que se estabeleceu é o da agressão. O dia a dia é de inconfiabilidade. Cristalizada, a agressividade é pré-requisito de sobrevivência. Toda a orientação recebida desde o berço é para conviver com a condição, mesmo se a escolha seja fazer parte dela ou não.

Romper com este hábito é necessário e urgente. Por isso, a impunidade contribui para estimular a violência. Ela acaba se tornando uma saída fácil. O caminho mais curto para se resolver pendências. Ainda mais em um ambiente onde o repertório de entendimento é precário, limitado. Este é outro ponto importante na análise. A falta de educação mata mais que uma arma de fogo.

A ignorância gera um ambiente para o extermínio.
Se precisamos de mais punição para quem comete crimes, também necessitamos melhorar as condições de repreender e prevenir. A violência não se combate com violência, isto apenas remedia, dá a falsa sensação de ação, mas o que temos é a reafirmação daquilo que mais queremos combater, a criminalidade. Um ambiente de violência gera criminosos.

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