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25 de abril de 2024

Para onde vai o dólar?


Por Diego Franco Pereira Publicado 30/04/2020 às 19h00 Atualizado 23/02/2023 às 05h20
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Nos últimos meses tem sido noticiada diariamente uma alta substancial da moeda americana. Iniciando o ano cotada a R$ 4,02, já há uma valorização superior a 40 % em menos de quatro meses, tendo fechado em 28/04/20 o valor de R$ 5,66. Muitos indagam quais razões levaram a uma desvalorização tão grande do real em tão curto lapso temporal, e em que patamar a moeda poderá chegar nos meses seguintes, ante a atual situação da epidemia de coronavírus, da economia fraca e desemprego elevado que tem se apresentado.

Para ser possível chegar a uma estimativa, inicialmente tem-se que ser compreendido quais fatores afetam a moeda, e porque é tão difícil mesmo para os economistas e instituições financeiras fazerem uma previsão do valor que o dólar pode alcançar, mesmo que em curto período de tempo.

Sendo assim, importante ressaltar que a cotação entre dólar e real é afetada por inúmeros fatores, sendo os mais importantes: a) procura da moeda para transações internacionais, na exportação ou importação de produtos, viagens, etc; b) a inflação no Brasil e nos Estados Unidos; c) a taxa de juros praticada em ambos países; d) a estabilidade política e econômica.

Na atual conjectura, percebe-se como mais relevante para os valores atípicos ultimamente praticados, a queda drástica na taxa básica de juros, que atualmente está em 3,75 % ao ano, menor patamar desde o início da série histórica, além da recessão mundial que se avizinha devido a pandemia enfrentada.

Ora, o Brasil sempre praticou percentuais elevados de juros, o que sempre garantiu que investidores estrangeiros investissem e mantivessem grande quantia no país. Com a atual mudança na política monetária, o retorno obtido pelos estrangeiros nos títulos vem diminuindo significativamente, sendo que o risco é maior que em outros países. Deste modo, vários investidores tem vendido seus títulos e remetido o dinheiro para os Estados Unidos, que tem uma segurança maior.

Além disso, a economia mundial está atravessando um período extremamente delicado, com grande parte do comércio e indústria fechados devido ao coronavírus, o que trás incerteza econômica. Neste sentido, a economia americana tem um histórico de recuperação mais rápido depois de crises, o que também em uma avaliação de risco-retorno faz com que vários estrangeiros prefiram liquidar sua posição na bolsa de valores brasileira e remeter ao mercado acionário americano, em busca por segurança.

Do mesmo modo, o governo federal tem sofrido considerável instabilidade, com a demissão recente de ministros importantes, tais como o Ministro da Saúde e o Ministro da Justiça e Segurança Pública. Correm ainda boatos sobre possíveis mudanças no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e no Ministério da Economia, (por ora oficialmente negados). Todos estes fatores geram uma grande instabilidade, o que afugenta investidores. Isso tudo sem comentar o elevado gasto público do governo e endividamento do país.

Assim, com esta lista de fatores supra mencionada, percebe-se claramente as razões que levaram a alta rápida e dolorosa vivenciada, que não foi amenizada nem com as bilionárias intervenções do Banco Central. Ainda, de acordo com vários economistas, o dólar deve permanecer valorizado até que o Brasil consiga controlar o crescimento da dívida, e o comércio e indústria possam voltar a funcionar normalmente.

Conclui-se que de acordo com a visão do mercado, a volatilidade deve continuar, mas com a melhora no cenário econômico poderia-se atingir valores abaixo dos R$ 5,00, sendo que em caso da piora do cenário (seja devido a pandemia ou devido a política, com a demissão do Ministro Guedes, por exemplo), poderia-se chegar ao surpreendente patamar de R$ 6,00, ou mais.

SOBRE O COLUNISTA

Diego Franco Pereira é Investidor da Bolsa de Valores de São Paulo e Jornalista – inscrição nº 0012095/PR

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