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23 de abril de 2024

Gado


Por Elton Tada Publicado 24/07/2019 às 14h00 Atualizado 23/02/2023 às 15h07
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Gado. Sim, um dos adjetivos que mais tenho ouvido e que de certa forma acho bem válido. É o que somos, não é? Gado. Somos mais um no pasto do cotidiano mastigando a vida sem propósito, sem ter ao menos percebido o fatídico abate comercial que o destino nos reserva. A única coisa que faz o gado se tornar ainda mais gado do que o gado normal é o ilusório sentimento de se estar acima e além da manada. Não estamos nem acima nem além, estamos aqui, trabalhando diariamente para o lucro de outro alguém, traçando sonhos dentro dos limites de nossa capacidade de consumo e testemunhando a barbárie sem mover um dedo sequer para que a humanidade se torne mais humana.

 


Resta-nos memes engraçados e o amor. O amor nem sempre compensa, pois obviamente quem ama transcende normas éticas, políticas e sociais. Por isso, a vida de muitos hoje é mundaréu de memes semi-divertidos aliados a alguns dogmas confundidos com princípios ideológicos e algumas frases do padre Fábio de Melo. O padre, esse sim, é unanimidade.

 


Amar, ao que tudo indica, é um ato de resistência. Mas não desse jeito que nos ensinaram. Porque nos ensinaram um jeito quase impossível de amar. Ao invés de nos envolvermos com quem confiamos, buscamos em algum desconhecido uma esperança, mesmo que tímida, de se poder confiar. E todo romance envolve o conhecer-se. E todo conquistar envolve o não mostrar-se por completo, pois só se conquista oferecendo aquilo que a outra pessoa quer, independente se você é ou não aquilo que mostra. Em minha singela e solteira opinião, esse é o segredo e a certeza do fracasso. Pois quem será feliz apaixonando-se por alguém que o tempo desmancha? E há ainda toda a projeção, toda insegurança, toda transferência. Enfim, tem como isso funcionar?
Quando foi que paramos pra perceber que somos exatamente o que somos? Erramos todos, buscamos todos algum interesse dito ou oculto. E julgamos os outros como se nossos defeitos fossem menores só porque são nossos. Não são. Talvez por isso seja tão comum se apaixonar por pessoas pouco conhecidas, é ali que se fermenta a ignorância que subsidia a paixão, tornando-se por vezes a ingenuidade que origina mais um – certo ou errante – amor.
Por mais que as palavras enganem e eu possa parecer saber do que estou falando, não sei. Estou chutando. Tentando acertar, pois é isso e apenas isso que posso fazer. E sempre o fazemos. E tornaremos a fazer. É assim que é. O papo é reto, irmão.

 


Se é assim, o que devemos então fazer? Na prática, nada. Aliás, na prática, nada além de saber como é que as coisas são. O que passar disso são sorrisos, amizades, beijos calientes e o que mais se formar do toque de dois corpos nesse espaço.
Ah, e terapia… não se esqueça de fazer terapia.

Pauta do Leitor

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