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19 de abril de 2024

O cego de Jericó


Por Elton Tada / Passeio Publicado 27/10/2019 às 22h00 Atualizado 24/02/2023 às 19h48
 Tempo de leitura estimado: 00:00

As pessoas são engraçadas. Não são hahaha engraçadas, são curiosamente engraçadas. E o que mais me chama a atenção é a incapacidade que temos de perceber quem somos, nossa natureza, nossa realidade, o mundo que está imediatamente ao nosso redor. Em geral vivemos a vida que imaginamos viver e somos cegos em relação ao que há de verdade nesse mundo.


Mas ser cego, às vezes, é uma benção. Porque se parássemos para ver tudo que acontece ao nosso redor, se enxergássemos de fato todas as notícias que piscam na tela da televisão, nesse caso a vida seria pouco provável. Tem dias que acordamos mais sensíveis ao que é real, ao que está acontecendo por aí. Me lembro bem de um episódio, quando estava ainda na graduação, a long long time ago, e enquanto almoçava assisti no noticiário a história de uma moça, acadêmica de educação física em Londrina, que foi assassinada na Faculdade. Assentei minha marmita sobre o sofá e chorei como se eu a conhecesse. Não a conhecia, mas a identifico: ela é uma igual, assim como qualquer um de nós, ela era um ser humano merecedor de todo meu sentimento. Ainda penso nela às vezes.


Afinal de contas, me diga, Jesus tem ou não tem dente no país dos banguelas? E me desculpe se eu estiver errado, mas quem enxerga em terra de cego não é Rei, é louco. É uma loucura aceitar o que se vê enquanto todo mundo não está nem aí, não comenta nada. Ver a vida como ela é, infelizmente é convite ao sofrimento.


Estou ficando velho e repetitivo. Sempre digo as mesmas coisas até que elas mudam, e então digo outras, repetitivamente. Acredito, certo, que enquanto estamos preocupados com os boletos e com as próximas aquisições, a vida passa. A vida passa por nós enquanto não passamos por ela. É uma relação desigual, até mesmo violenta. E o homem que chega ao fim da sua vida com seus objetivos realizados, com o conforto digno dos vencedores, pode morrer sem nem ter notado que a vida é um sopro no abismo do infinito, e que não há paz no coração de quem provou as injustiças dessa terra.
Somos órfãos e deserdados. Lançados a uma realidade insana. Liberdade é a visão, a possibilidade de ver.

Pauta do Leitor

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