Tesouro espera que a consolidação fiscal contribua para redução dos juros
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Helano Borges Dias, disse esperar que a consolidação fiscal no Brasil contribua para a redução dos níveis das taxas de juros. O papel do Tesouro ao longo do ano, segundo ele, foi deixar o mercado menos suscetível ao risco de volatilidade.
“Diante do ambiente de volatilidade que a gente está tendo, o Tesouro procurou enfatizar bastante neste ano a preocupação com o perfil de vencimento, procurando alongar o perfil de vencimento e de tirar risco do mercado, deixando o mercado menos suscetível ao risco de volatilidade”, disse.
“Do ponto de vista de determinação, nível de juros, isso concede ao conjunto das políticas econômicas, em particular, política monetária, política fiscal e o Tesouro age como tomador de preço. Evidentemente, que a gente espera que a consolidação fiscal contribua para que o País possa ter níveis mais baixos de taxas de juros e seguir uma trajetória de crescimento sustentável”, emendou.
Dias destacou que o Tesouro iniciou o ano de 2024 com um volume expressivo de emissões em títulos atrelados à Selic (LFTs) em meio à expectativa de que seria um ano marcado por bastante incerteza. Segundo ele, esperava-se que o segundo semestre do ano fosse mais desafiador do ponto de vista de gestão da dívida, por isso aproveitou-se a janela favorável de emissão do primeiro semestre para garantir um nível elevado de caixa.
“E, ao longo do segundo semestre, à medida que a gente percebeu um mercado mais volátil e um menor apetite do investidor por risco, a gente também respondeu dessa maneira, de modo a contribuir, retirando o risco do mercado”, disse.
Ele explicou ainda que, por causa da volatilidade do mercado nas últimas semanas – e considerando que o Tesouro já tem um colchão de liquidez capaz de garantir o bom funcionamento do mercado de títulos públicos -, houve uma redução no nível de ofertas de LFTs nas últimas semanas.
Percepção de risco subiu em novembro por pacote de gastos
Dias destacou que a percepção de risco subiu em novembro no Brasil em meio à expectativa pela divulgação do pacote de contenção de gastos, anunciado ontem pelo governo federal. Ele também citou que a política econômica contribuiu para elevação da curva de juros, o que ficou refletido nos leilões do mês.
No cenário externo de novembro, Dias citou que a vitória do presidente norte-americano Donald Trump e a perspectiva de uma política fiscal expansionista nos Estados Unidos deu alta às bolsas americanas e ao dólar, enquanto o conflito na Europa e o temor com a guerra comercial trouxe cautela aos demais mercados.