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24 de abril de 2024

Covid-19: Que tal enxergar o real papel da mulher neste processo?


Por Alexandra Staudt / Marketing e Varejo Publicado 07/07/2020 às 20h25 Atualizado 24/02/2023 às 17h39
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Imagem Ilustrativa | Foto: FreePik/Domínio Público

É início de julho e a sensação de que não vimos o ano passar é latente. Estamos há mais de 100 dias de um pseudo isolamento social no Brasil, que limita atividades econômicas e impõe restrições a diversas atividades, na tentativa de barrar a disseminação de um vírus extremamente contagioso, em um país que, já dissemos em outras publicações, é marcado pelo contato físico e comemorações.

No período, notícias das mais variadas invadem as redes sociais: arrecadações de ração para animais de rua, festas de casamento disseminando vírus a mais de 200 pessoas num único evento, jovens se reunindo em festas clandestinas, bares multados por aglomeração… No cenário apocalíptico, os boletins referentes à disseminação do vírus se confundem com notícias estarrecedoras de desvios de verbas, superfaturamento, desemprego, recessão…

Que tal, por um momento, retroceder um pouco e reconhecer o papel da mulher neste cenário? A mulher? Sim, basta uma breve análise para observar como, em detrimento de discussões religiosas e político partidárias a mulher tem sido protagonista ofuscada neste período.
A mulher, esta que abre a própria casa e compartilha a vida em família, quebrando paradigmas, lutando contra o preconceito e vivenciando a beleza da espera de um filho, compartilhada com todo o mundo, a exemplo de Giovana Ewbank.

Ou a super empresária que abre seu sistema de marketplace para que pequenos empreendedores possam comercializar seus produtos, com custo reduzido, pela sua plataforma, e ainda se torna “a mulher mais rica do país”, como Luiza Trajano.

Mulher que se torna protagonista da própria transformação e divulga um ensaio fotográfico valorizando justamente a parte do corpo que mais lhe incomodava, após o aumento de 11 kg, num processo de auto aceitação que inspira mulheres de todo o país, como Maria Júlia Coutinho Portes (Maju), que afirmou para uol.com.br que “É algo de que eu estou aprendendo a gostar, foi uma forma de me olhar diferente” ou que, neste movimento de valorização da diversidade aproveita o período de isolamento para assumir os cachos, numa transição capilar que a torna ainda mais radiante e linda, como Juliana Paes e Bruna Marquezine.

Mas como isso não é uma mera homenagem, mas uma análise, não há como não lembrar, nesta breve retrospectiva, a entrevista desastrosa da ex ministra da cultura, Regina Duarte, ao fazer declarações infelizes e revoltar-se com jornalistas que lhe fazem perguntas que teoricamente “não estavam combinadas”. O que nos faz pensar se realmente o que vemos nas entrevistas de alguns veículos de comunicação é fruto da opinião real dos sujeitos da entrevista, ou mera repetição de algo pensado e analisado pelos assessores, dezenas de dias antes.

Mas famosos à parte, que tal lembrar do papel crucial da mulher que arregaça as mangas, reconhecendo seu papel transformador na sociedade? A Professora já aposentada e fora da sala de aula, que assume aulas de reforço de crianças com dificuldade de aprendizagem, para ajudá-las no processo de ensino à distância – “coitadinhos, eu não posso deixá-los, queridos, eles não estão conseguindo”.

Ou as mães de crianças com Síndrome de Down, que desesperadas ao ver seus filhos no topo do grupo de risco, mobilizaram-se nas redes sociais em campanhas pró-isolamento, fazendo chegar a um número imenso de pessoas a mensagem do perigo iminente e da real necessidade de empatia?

Ou aquela que está em casa, a cuidar da própria família? A amiga pra quem você liga perguntando se está tudo bem e ela responde: “tudo ótimo, sem dormir direito, fazendo aulas, tarefas com meu filho mais velho, trocando fraldas do menor, fazendo comida, limpando… quero férias de pandemia” (e cabe lembrar que ela não foi tão polida no linguajar como citamos aqui). A mulher que está em casa, impactada por uma realidade completamente nova e que, por diversas vezes, sente-se sozinha na tarefa de garantir o bem estar do lar; mas que permanece firme na formação de filhos sensíveis para a sociedade, mesmo que por vezes, isso quase lhe custe a sanidade mental.

Ou a mulher que vê seu maior pesadelo realizar-se, ficando isolada no próprio lar com seu maior opressor, fazendo disparar os casos de violência doméstica no país. Aliás, sobre isso, cabe lembrar que os casos de divórcio também dispararam, segundo a revista Cláudia, neste período, as buscas por termos relacionados a “divórcio” no Google aumentaram 9900% e, de acordo com um levantamento da revista Pais & Filhos, a busca por consultoria de advogados para separações cresceu 117% em comparação ao ano passado.

E trazendo do macro ao micro, não podemos permitir que o tempo sufoque o caso estarrecedor que ficou conhecido pela #exposedmaringa, quando em isolamento, afastadas de suas escolas e portanto, dos opressores, dezenas de mulheres tomam coragem e utilizam o twitter para relatar situações de abuso sexual que vivenciaram, principalmente em colégios de Maringá.

As mulheres, protagonistas de suas próprias vidas, assumem neste período um papel ainda mais relevante, tornando-se responsáveis por transformações sociais, que iniciam nos padrões de beleza a elas impostos até situações tidas ainda como grandes tabus, como o assédio, o divórcio, o preconceito…

A pergunta que não quer calar é, onde estão publicitários e marketeiros neste processo? Durante todo este período, as propagandas de carros continuam usando homens quando se trata de transmitir credibilidade, e mulheres sensuais quando a intenção é vender um carro para conquistar. As campanhas de mães (salvo algumas poucas, como a da Natura, que captou com sensibilidade ímpar a beleza da mulher/mãe) continuaram vendendo a imagem da mulher/padrão, de salto alto e maquiagem marcante, não que ela não queira ou não possa manter essa imagem.

Que tal, neste momento transformador, mudar o foco e aproveitar toda essa vivência nova, para criar campanhas inspiradoras, que realmente valorizem esta protagonista do dia-a-dia, tão estereotipada pela publicidade e pelo marketing? Você pode começar com posts diferentes na internet, ou assumir o papel transformador e criar uma campanha promocional para elas. Já pensou em um brinde especial, focado exclusivamente na mulher? Afinal, de acordo com Denise Gallo sócia diretora da Uma a Uma – consultoria de inteligência de mercado especializada no público feminino – (para o mundodomarketing.com), elas são responsáveis por 80% das escolhas dos produtos que uma família inteira consome. A sua marca está disposta a desmerecer a voz deste público?

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