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19 de abril de 2024

Errar


Por Passeio / Elton Tada Publicado 23/04/2019 às 18h50 Atualizado 21/02/2023 às 06h24
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Eu realmente espero que você não seja bom demais, pois pessoas boas demais não são nem minimamente confiáveis. Mas não é justamente o contrário? Não! Preste atenção. Nada do que é demais é confiável. O certo é que se seja bom, mas bom até onde é normal que se seja. Quando passamos do normal, algo de errado está sendo escondido, seja por bem ou seja por mal. Agora, se você não é bom demais, esse texto é pra você. Te convido para pensarmos juntos, porque pensar não é nem certo e nem errado, é absolutamente necessário.

Volta e meia uma antiga dúvida teológica palpita em minha mente, me deixando ansioso por respostas que nunca vou ter: a ação errada depende da consciência de que aquilo é errado, ou a ignorância não inocenta o sujeito? Acho essa questão muito intrigante porque o erro, do ponto de vista prático, depende de um julgamento. Mas quem é que pode julgar nossas ações a não ser nós mesmos? Ninguém sabe o que se passa no coração de um ser humano e ninguém sabe exatamente as causas que geraram aquelas consequências, aquele tão malquisto erro.

Mas errar, afinal de contas, não é algo 100% humano? É desejável que não se erre? Você, sendo quem você é, sentindo o que você sente, sabendo quais são os calos que mais te dóem, gostaria de não errar? A vida, meu caro amigo, depende desses conceitos que temos tanta dificuldade de elaborar. E se o mestre de tantos, Jesus, disse que o perdão é necessário em todo o tempo, porque os cristãos mandam tanta gente pro inferno? Por que o ocidente cristão não aprendeu a perdoar?

Eu não queria errar menos, pois meus erros me fazem exatamente aquilo que sou. Eu queria apenas que meu erro não machucasse ninguém, porque é aí que reside todo o problema do errar. Ao que tudo indica existem erros que ofendem demais as outras pessoas, e por isso se tornam coisas imperdoáveis. Mas se não errar fosse a opção mais certeira, porque erraríamos tanto?

Todo erro possui uma culpa. E quando falho com alguém, a culpa é minha. E quando alguém falha comigo, é bem possível que eu tenha também alguma culpa. Porque nada nesse mundo é sozinho. Tudo e todos fazem parte de uma coisa só, o existir. E de uma hora pra outra nossos erros e acertos deixam de importar, pois simplesmente não existimos mais.

O certo é que ninguém é tão bom assim. Sempre erramos e cada qual tem suas formas de errar, alguns erros se tornam conhecidos, outros não. Alguns erros são explicados, outros simplesmente não tem explicação. Mas ninguém deixa de errar. E se é assim, é muito estranho nos tratarmos como se fôssemos uns melhores que os outros. No geral, pela natureza humana – e é isso que o cristianismo nos ensina – somos todos imperdoáveis. Nessa miséria de existência é que temos que tomar nossas decisões sobre o viver.

Um homem sujo, jogado na calçada, fede a álcool. Você o olha e se pergunta sobre como alguém pode errar tanto. Pois bem, me responda você, olhando para seus próprios dias. Eu sei que entre eu e ele não existe degrau algum. E você, o que acha?

Pauta do Leitor

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