Meu pai estava no chão morto, diz paranaense sobrevivente de bombardeios no Líbano


Por Redação GMC Online

O adolescente Mohamed Kamal Abdalah, de 16 anos, sobrevivente aos bombardeios aéreos israelenses contra o Líbano contou que encontrou o corpo do pai, Kamal Hussein Abdallah, de 64 anos, sob os escombros logo após o atentado no começo da semana.

Foto: Catve.com

“Tirei as pedras de mim e fui ver o meu pai. Ele estava no chão morto e o meu irmão eu não conseguia achar. Eu gritava o nome dele e as pessoas do meu lado mortas”, relatou. O adolescente Ali Kamal Abdallah, natural de Foz do Iguaçu, e o pai paraguaio, Kamal, morreram ao serem atingidos por um foguete na cidade de Kelya, no Vale do Bekaa.

Mohamed Kamal Abdalah e o irmão Iara Kamal Abdallah estavam com os familiares falecidos e foram resgatados por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Eles chegaram ao Paraná por volta de meia-noite e foram recebidos por parentes próximos e amigos da comunidade arábe de Foz do Iguaçu.

A família Kamal Abdallah morou no Brasil por mais de uma década antes de retornar ao Líbano, onde abriram uma empresa em Sohmor, cidade próxima ao local do ataque.

Outra vítima brasileira foi Mirna Raef Nasser, de 16 anos, nascida em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Mirna havia se mudado para o Líbano ainda criança e morava na mesma cidade da família Abdallah, em Kelya. Ela era vizinha de Ali Kamal e morreu em um ataque aéreo que atingiu a região.

Na segunda-feira, 23, o governo brasileiro condenou “nos mais fortes termos” os contínuos ataques aéreos israelenses contra áreas civis em Beirute, no Sul do Líbano (foto) e no Vale do Beqaa. O Ministério das Relações Exteriores também recomendou aos brasileiros que deixassem a área conflagrada. O aeroporto de Beirute continua aberto, mas o governo avalia a necessidade de uma operação de repatriação.

Repúdio

Israel e o grupo Hezbollah, do Líbano, têm trocado tiros através da fronteira desde o início da atual guerra em Gaza no ano passado, detonada após um ataque do Hamas, aliado do Hezbollah, mas Israel intensificou sua campanha militar na última semana.

Em nota, o Itamaraty lamentou as declarações de autoridades israelenses em favor de operações militares e da ocupação de parte do território libanês e expressou “grave preocupação” diante das exortações do governo israelense para que civis libaneses evacuem as residências naquelas regiões.

“O Brasil renova o apelo às partes envolvidas para que cessem, imediatamente, os ataques, de forma a interromper a preocupante escalada de tensões, que ameaça conduzir a região a conflito de amplas proporções, com severo impacto negativo sobre populações civis”.

Assistência

Segundo o Itamaraty, a embaixada do Brasil em Beirute continua prestando assistência e fornecendo as orientações devidas à comunidade brasileira, com a qual mantém contato permanente.

Em caso de necessidade, recomenda-se entrar em contato com o plantão consular do Itamaraty por meio do número +55 (61) 98260-0610 (WhatsApp).

As informações são da Catve.

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