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16 de abril de 2024

Umidade do ar pode interferir na propagação da Covid-19


Por Redação GMC Online Publicado 27/03/2020 às 12h54 Atualizado 23/02/2023 às 15h22
 Tempo de leitura estimado: 00:00

A atuação de pesquisadores vem ajudando a entender as características, o comportamento e as formas de propagação do novo coronavírus ao passo que levar este conhecimento científico até a população tem se mostrado, em muitos casos, uma estratégia eficiente contra o avanço da doença.

Nesta perspectiva, reproduzimos logo abaixo um texto produzido pelos professores doutores Emerson M. Girotto, Jesuí V. Visentainer e Jeane E. L. Visentainer, todos docentes da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O artigo relaciona a umidade relativa do ar com a proliferação do Corona SARS-CoV-2, o novo coronavírus. Além de argumentos teóricos, os autores dão indicações práticas e de grande utilidade diante da atual pandemia.

Emerson Girotto e Jesuí Visentainer são ligados ao Departamento de Química e Jeane Visentainer ao Departamento de Ciências Básicas da Saúde.

Importante ressaltar que as pesquisas experimentais que resultaram no texto preparado pelos três professores não foram realizadas na UEM. Eles fizeram uma busca de referências atuais sobre o tema e publicaram de uma forma simplificada para a comunidade em geral, na forma de informativo de utilidade pública.

A umidade do ar e o coronavírus Sars-CoV-2

Até o momento, não há um número significativo de estudos científicos que leve à confirmação, sem sombra de dúvidas, de que as condições climáticas como, temperatura e umidade relativa do ar (UR), afetem a disseminação do novo coronavírus. Porém, estudos científicos anteriores (já publicados), feitos com outros tipos de coronavírus, mostraram que esses tipos de vírus têm sua disseminação dificultada conforme aumenta a UR.

A doença Covid-19 dissemina-se pelo ar por meio de microgotas, principalmente, quando são expelidas por pessoas infectadas quando tossem ou espirram, as quais podem “viajar” por metros antes de caírem ao chão (alguns estudos dizem que até 4,5 metros).

Estudos mostraram que quanto maior a umidade, maiores são as chances dessas microgotas se chocarem com outras microgotas de água, presentes no ar, ficando assim mais pesadas e caindo ao solo mais rapidamente. Obviamente, isso diminui a probabilidade de disseminação da doença pelo ar, que é um dos modos de disseminação mais importantes.

Além disso, é sabido que em condições ideais (UR entre 40 e 70%) as mucosas das vias aéreas superiores (nariz principalmente) funcionam melhor, barrando a entrada de poeira e microorganismos, sendo também um ambiente mais confortável e agradável para o ser humano, inclusive para pacientes com infecções respiratórias. Outro aspecto já comprovado é que ao contrário, ambientes de baixa umidade do ar podem comprometer a depuração mucociliar (transporte dos microorganismos em muco por meio do batimento dos cílios que revestem as vias aéreas) e a resposta imunológica inata por células, como macrófagos, que fagocitam e matam esses microrganismos, fatos estes que contribuem para a disseminação viral.

Portanto, há indícios na literatura de que uma umidade relativa acima de 40% seja mais uma arma na tentativa de diminuir a disseminação do novo coronavírus. E podemos conseguir esse ambiente fazendo uso de alguns métodos conhecidos, principalmente aqueles indicados quando estamos em época de estiagem e baixa UR (20-40%). Como exemplo, podemos usar climatizadores/vaporizadores, umidificadores ultrassônicos, ou outros métodos caseiros como bacias com água, toalhas úmidas estendidas ou recipientes de cerâmica porosa (similar a filtros de barro).

Em um estudo recente, pesquisadores mostraram que se pode aumentar a UR de ambientes internos em até 28% usando umidificador ultrassônico, 14% usando bacia com água, 17% usando toalha úmida e 16% usando recipiente de cerâmica porosa (lembrando que esses valores representam GANHO em UR). Porém, os autores alertam que os sistemas mais eficazes com relação à duração do ambiente úmido e tempo de resposta são os umidificadores ultrassônicos e os recipientes de cerâmica porosa.

Em suma, é impossível controlarmos as condições climáticas, mas podemos agir pró-ativamente controlando as condições ambientais internas, como em nossa casa, nos hospitais, postos de triagem, farmácias, supermercados, etc., na tentativa de reduzir a disseminação do SARS-CoV-2.

Observações:

1) Nada disso substitui as recomendações de lavar sempre as mãos (por pelo menos 20 segundos), usar álcool-gel 70% e manter a casa sempre limpa. Mantenha também a ventilação da casa para uma boa qualidade do ar.

2) Umidificador ultrassônico usado no experimento: tipo névoa fria, capacidade de 2 litros; Bacia usada no experimento: capacidade de 22 litros, 13 cm de altura, 60 cm de diâmetro, experimento feito com auxílio de ventilador elétrico para circulação da umidade; Toalha usada no experimento: 100% algodão, 70×135 cm, umedecida usando 2 litros de água, pendurada sem dobras, experimento feito com auxílio de ventilador elétrico para circulação da umidade; Recipiente de cerâmica porosa: construído com telhas de barro, capacidade de 2 litros, experimento feito com auxílio de ventilador elétrico para circulação da umidade. Experimentos feitos em um quarto de alvenaria, fechado, de aproximadamente 12,5 m2 de área e volume de 37,6 m3. Para mais informações, consulte a fonte número 7.

Por Assessoria de Comunicação da Universidade Estadual de Maringá.

Fontes:

1- Kudo E., et al. Low ambient humidity impairs barrier function and innate resistance against influenza infection. Proc Natl Acad Sci U S A. 2019 May 28;116(22):10905-10910. doi: 10.1073/pnas.1902840116.

2-Wang, J., et al. High temperature and high humidity reduce the transmission of COVID-19, Social Science Research Network (SSRN), published online, March 10, 2020. doi: 10.2139/ssrn.3551767.

3-Jim Waymer. New research suggests heat, humidity could put a damper on coronavirus, Florida Today, published online, March 21, 2020.

4- Guidelines for Indoor Air Quality: Dampness and Mould, World Health Organization, Heseltine E., Rosen J., (editors), 2009.

5-Chan K.H., et al. The Effects of Temperature and Relative Humidity on the Viability of the SARS Coronavirus. Adv Virol. 2011; 2011:734690. doi: 10.1155/2011/734690.

6-Prussim A.J., et al. Survival of the Enveloped Virus Phi6 in Droplets as a Function of Relative Humidity, Absolute Humidity, and Temperature. Appl Environ Microbiol. 2018 May 31;84(12). pii: e00551-18. doi: 10.1128/AEM.00551-18.

7-Barros, M. P., A comparative performance analysis of four air humidification systems under drought conditions in the Brazilian Midwest. Ambient. Constr. 19, June 2019. doi: 10.1590/s1678-86212019000200316.

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