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23 de abril de 2024

Após propina, CCR aceita reduzir pedágio no Paraná


Por Folhapress Publicado 07/03/2019 às 12h03 Atualizado 20/02/2023 às 11h33
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Em acordo de leniência celebrado com a Lava Jato em que confessou o pagamento de propina, a Rodonorte, empresa do grupo CCR que administra concessões de pedágio no Paraná, se comprometeu a reduzir o valor das tarifas em 30% nas praças que mantém no estado.

O acordo, revelado pela Folha de S.Paulo, e confirmado nesta quarta (6) pelos procuradores da Lava Jato, precisa ser homologado pela Justiça.

Após a homologação, a empresa terá 30 dias para implantar a redução da tarifa, que deve se estender por pelo menos um ano, até somar R$ 350 milhões em abatimentos.

A concessionária ainda se comprometeu a realizar as obras previstas no contrato inicial com o governo estadual, mas que não foram executadas em função de aditivos contratuais. O investimento deve alcançar R$ 365 milhões.

Segundo o procurador Felipe D’Elia Camargo, a previsão de redução da tarifa é inédita em acordos de leniência. “São valores que serão muito bem utilizados em favor dos usuários”, disse à reportagem.

Atualmente, a Rodonorte administra sete praças de pedágio no Paraná, cujas tarifas variam entre R$ 7,90 e R$ 12,40 (para veículos de passeio).

As praças ficam em três das principais rodovias do estado (BR-277, BR-376 e PR-151), que ligam Curitiba ao interior do Estado e pelas quais passam, em média, cerca de 50 mil carros por dia.

No acordo, a concessionária admite o pagamento de propinas no valor de aproximadamente R$ 30 milhões a integrantes do governo do Paraná, que é alvo da Lava Jato.

Um dos nomes citados pelos executivos da Rodonorte como recebedor de propina é o de Pepe Richa, irmão do ex-governador Beto Richa (PSDB).

Beto foi um dos alvos da Lava Jato, chegou a ser preso, mas foi solto pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo. Ele, que nega participação em desvios, é réu sob acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, assim como Pepe Richa, que era seu secretário de Infraestrutura. Ambos são apontados como beneficiados pelo esquema.

Há ainda relatos de que uma CPI dos Pedágios, instalada na Assembleia em 2014, recebeu suborno da Rodonorte para não acusar a empresa de irregularidades. A subsidiária da CCR também disse que deu propina para a agência que regula as concessões de estradas no Paraná.

Segundo as investigações, empresas que administravam o pedágio pagavam propina a agentes públicos e políticos há cerca de 20 anos, em troca da supressão de obras previstas em contrato e de reajustes de tarifas em seu benefício.

Um ex-motorista da presidência da Rodonorte disse aos procuradores que entregou malas de dinheiro na sede do governo. Além dos montantes levados ao Palácio Iguaçu, ele também relatou entregas no Tribunal de Contas do estado e na associação das empresas concessionárias, que era usada para repassar propina.

No total, o acordo celebrado prevê o pagamento de R$ 750 milhões em multas pela Rodonorte, que também deve se submeter a um programa de monitoramento ético durante 32 meses.

Após a Folha de S.Paulo ter revelado as tratativas entre a empresa e os investigadores, na terça (5), as ações da CCR na Bolsa chegaram a cair 5,14%. A queda significaria perda de R$ 1,37 bilhão no valor da companhia, de R$ 27,41 bilhões no mercado de ações.

Com a divulgação da celebração do acordo, por volta das 15h, os preços tiveram uma ligeira recuperação e encerraram o pregão a R$ 13,51, uma queda de 3,15%.

Em nota, a empresa informou que continuará contribuindo com as autoridades. O acordo ainda está sob sigilo.

Em São Paulo, a CCR reconheceu que deu cerca de R$ 25 milhões em recursos de caixa dois para tucanos e petistas, mas afirmou que nunca pagou propina. O Ministério Público do estado aceitou o acordo, mas investiga se a empresa contou a verdade.

A CCR pagou uma multa de R$ 81,5 milhões para se livrar de processos na seara paulista.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Pepe Richa.

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