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19 de abril de 2024

‘O prefeito está irredutível, não quer ouvir a Câmara’, diz Hossowaka


Por Gilson Aguiar/CBN Maringá Publicado 27/03/2020 às 14h07 Atualizado 23/02/2023 às 15h20
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“O prefeito está irredutível não quer ouvir a Câmara, não aceita opinião dos vereadores”. A afirmação é do presidente da Câmara Municipal de Maringá, Mário Hossokawa. O líder do legislativo questiona algumas medidas do prefeito em relação a suspensão das atividades do comércio de Maringá.

Hossokawa considera que as medidas do poder municipal e a falta de diálogo do prefeito abala a relação com a Câmara Municipal. Ele falou também da possibilidade suspensão das eleições municipais deste ano. Leia um trecho da entrevista:

Gilson Aguiar: Quando a gente fala do coronavírus em Maringá, como é que o senhor, como líder do Legislativo, está avaliando as decisões do executivo?

Mário Hossokawa: A gente vê com bastante preocupação, nós entendemos que medidas tinham que ser tomadas, aliás no princípio até juntamente com presidente da Acim, presidente do Sivamar e alguns empresários, […] quando tomamos conhecimento daquele primeiro decreto, nós fomos falar com o prefeito no sentido de tentar fazer um decreto menos radical do que o da forma como ele fez, com prazo de 30 dias, fechando todo o comércio. Nós ficamos muito preocupados mesmo […], mas só que naquele primeiro momento o prefeito não aceitou qualquer tipo de alteração […].

É bom que se diga que nós vereadores não fomos consultados quando ele tomou aquela decisão, mas as medidas tinham que ser tomadas, então o prefeito preocupado com a saúde da população tomou essa medida. Eu penso que 30 dias foi um prazo bastante longo. Ele podia, na minha opinião, ter feito por 15 dias, assim como todos os municípios fizeram, até Londrina fez dessa forma também.

GA: O senhor considera que agora, nesse momento, é possível uma revisão por parte do Executivo? O Legislativo tende a se mobilizar nesse sentido?

MH: Muitas pessoas têm nos cobrado, principalmente nesses últimos dois dias, muitas empresas têm ligado para gente pedindo para que a gente converse com o prefeito. Muitas pessoas até entendiam que nós aprovamos esse decreto, mas esse tipo de ato do prefeito através desse decreto não precisa de aprovação da Câmara.

Nós entendemos que para atender a reclamação da classe empresarial, que estão todos desesperados […], porque a pressão é muito grande. Acho que o prefeito podia dar uma analisada, ver a situação e ver algumas alterações, como, por exemplo, […] ao invés de deixar por 30 dias, podia deixar por 15 dias para ver como é que fica a situação e, posteriormente, dependendo do que acontecer, pode até já liberar tudo ou, se houver a necessidade também, para que tome outras medidas necessárias.

GA: O senhor tem acompanhado as decisões nacionais. A gente sabe que o fechamento de açougues e panificadoras em Maringá gerou muita polêmica. Então, eu gostaria que o senhor se posicionasse com relação a esses estabelecimentos, que alguns consideram um excesso por parte do poder municipal. E, também, a gente está tendo uma série de decisões de outras cidades de grande porte, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, também temos algumas decisões do poder estadual que acabam influenciando e do próprio Congresso Nacional. Como é que o senhor está acompanhando essas decisões em âmbito nacional e até o próprio Presidente da República, essas contradições, essas situações contrárias que deixam o cidadão perdido?

MH: A princípio eu disse para o prefeito por diversas vezes […] que eu fui contra essa questão de proibir as panificadoras de abrirem. Eu sou favorável, sim, de proibirem aquela parte onde as pessoas tomam lanche […]. Eu falei para o prefeito que deveria liberar os açougues e padarias, porque essas pessoas que estão deixando de ir nas padarias, estão indo para onde? Estão indo para o supermercado, congestionando o supermercado. […] Não só eu, mas outros vereadores fizeram isso também, mas ele [prefeito] não acatou. Então eu penso que existe um equívoco nesse pensamento, por parte do secretário da Saúde e do próprio prefeito também.

Agora, com relação a essa questão nacional é complicado, a gente sabe que existe um interesse muito grande de desestabilizar o governo federal também e o próprio Presidente da República, eu penso que ele também não tem muita habilidade para falar com a população. Por exemplo, nesse último episódio que ele falou para todo o Brasil, através da rede de rádio e televisão, como Presidente da República eu acho que ele não foi feliz da forma que ele se colocou, mas eu penso que é complicado, porque existe interesse muito grande de setores que querem desestabilizar o governo.

Penso que todo cuidado tem que ser tomado, que nós estamos vendo o que aconteceu em alguns países da Europa, que tem muito mais estrutura hospitalar, que tem muito mais situação financeira para combater essa situação e está acontecendo fato terríveis igual está acontecendo na Espanha, na Itália, nos Estados Unidos, então as medidas tem que ser tomadas e acho que houve uma demora muito grande por parte do Presidente da República de tomar qualquer tipo de medida. E, agora, a gente vê que o país está virando o caos, porque governadores não estão respeitando mais uma recomendação do presidente.

GA: O senhor acha que esse momento que estamos atravessando pode abalar a relação do legislativo municipal com o prefeito?

MH: Relativamente não está bem, porque o prefeito está irredutível, não quer ouvir a Câmara. Está uma situação estranha com relação a essa questão do decreto. Por exemplo, essa questão de toque de recolher, eu não sou advogado, mas eu converso muito e dentro da vivência que a gente tem, a gente sabe que essa medida de toque de recolher é incondicional, só que o prefeito não aceita nenhum tipo de opinião por parte dos vereadores da Câmara Municipal. […] O relacionamento fica um tanto quanto abalado da forma que está acontecendo.

Ouça a entrevista na íntegra na CBN Maringá.

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