Maringaenses, ‘gêmeas da natação’ comentam adiamento das Paralimpíadas


Por Victor Ramalho

Elas são referências da natação paralímpica brasileira e estavam contando os dias para a disputa dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, anteriormente marcados para o segundo semestre de 2020. Porém, o adiamento dos Jogos, ocasionado pela pandemia do novo coronavírus, forçou as maringaenses Débora e Beatriz Carneiro a esperarem mais um ‘pouquinho’.

O maior evento do paradesporto mundial foi remarcado pelo Comitê Olímpico Internacional para agosto de 2021. Ter que aguardar mais um ano poderia ser motivo de angústia e frustração para muitos atletas, mas não para as nadadoras, que preferem enxergar o copo ‘meio cheio’. Em entrevista ao GMC Online, as meninas comemoraram o reagendamento, destacando que, agora, ganharam um período a mais de preparação.

“Não foi de todo ruim. Claro que queremos competir, mas agora ganhamos um prazo a mais de preparação. Vamos continuar treinando para chegar em 2020 com tudo”, afirmou Beatriz.

“Estávamos treinando forte há meses, com a rotina agitada. Agora poderemos continuar seguindo com os treinamentos, mas também descansar a cabeça”, destaca Débora.

Elas são as atuais líderes dos 100m peito na categoria SB14 (para atletas com grau de deficiência intelectual), no ranking nacional divulgado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) anualmente.

Eraldo Carneiro, pai das gêmeas, cita o ‘alívio’ pelo reagendamento dos jogos. Para ele, não seria viável manter o calendário de competições em meio à pandemia mundial. 

“No começo, ficamos preocupados, é claro. Ninguém esperava passar por isso (pela pandemia do coronavírus), mas o reagendamento foi uma decisão muito acertada. O momento é do mundo todo se resguardar, cuidar da saúde que é o mais importante”, afirma Heraldo.

O pai das atletas também valoriza o tempo a mais ganho de preparação. Segundo Carneiro, este período será importante para trabalhar a parte física e mental das nadadoras. 

“Quem acompanha, tem visto. Elas estavam treinando sem parar, disputando as competições há meses. Isso gera um desgaste, não só na parte física, mas também psicológica. Esse um ano que ganhamos será importante para continuar trabalhando o desempenho delas nas piscinas, mas principalmente para dar um fôlego mental, relaxar, descansar um pouco a cabeça, que fica agitada em meio às competições”, lembra ele.

Pouco antes da parada, as meninas se preparavam para a disputa do Open Internacional, em São Paulo. Ainda antes dos jogos de Tóquio, também estavam previstas as disputas do Circuito ‘Caixa Loterias’ e do Aberto de Berlim, na Alemanha. Todos os campeonatos, no entanto, estão paralisados.

“Estou conversando com o Comitê Olímpico Brasileiro constantemente. De momento, está tudo parado e sem previsão de volta. Algumas competições foram até anuladas”, afirmou Heraldo. 

Treinamentos

Apesar do isolamento social, Débora e Beatriz continuam treinando em casa. Com uma piscina convencional à disposição, as gêmeas seguem uma cartilha de atividades, propostas pelo preparador físico e também pelo treinador, André Yamazaki.

“Nós adaptamos os treinamentos para que elas pudessem manter o condicionamento físico, que é a nossa principal preocupação no momento. Nem todos os atletas olímpicos de natação possuem piscina em casa, e como elas tem, isso ajuda muito”, afirmou André Yamazaki, treinador das gêmeas.

Elas também falaram sobre seguir as atividades em casa. Para Débora e Beatriz, elas ajudam a manter o ritmo.

“É divertido, fazemos alguns exercícios diferentes. Claro que não é a mesma coisa que nas piscinas olímpicas, mas damos um jeito”, declarou Débora.

“Os treinos não podem parar, por isso estamos fazendo em casa. Tem alguns exercícios das piscinas olímpicas que até conseguimos fazer aqui”, citou Beatriz.

Expectativas

Apesar da ‘quebra’ de ritmo, as atletas estão confiantes. Elas acreditam que a pausa servirá não somente para aprimorar a técnica, mas também colocar todos os competidores no mesmo pé de igualdade. 

“Um espaço na agenda é tudo que um atleta quer, e nem sempre é possível. Agora, temos um tempo para treinar que não imaginávamos ter, e vamos tirar o máximo proveito disso”. – Débora Carneiro

“Pode ser muito proveitoso (o período de quarentena). Enquanto uns olham a quebra de ritmo, eu enxergo uma oportunidade de descanso, da musculatura e mental. Voltaremos bem, tenho certeza”. – Beatriz Carneiro.

O pai também está confiante e ressalta os pontos positivos da pausa. O adiamento das competições não é visto como uma desvantagem, mas como uma nova chance de aprimorar a parte técnica.

“Não havia uma pessoa no mundo que pudesse prever o que ia acontecer. Não existe desvantagem, pois todos os atletas pararam, isso vai colocar todos no mesmo degrau. Alguns podem reclamar dos adiamentos, mas é preciso ressaltar a importância da saúde. Manter os jogos poderia ser perigoso. O diferencial vai ser aproveitar ao máximo o período para continuar treinando”, finalizou Heraldo.

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