Calheiro não precisa de cavalo


Por Gilson Aguiar
Cavalheiro não precisa de "cavalo"

Os que têm mais de 30 tiveram como sonho, ao chegar os 18 anos, dirigir. Ter sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) tirada quase que ao mesmo tempo em que a carteira de identidade. Hoje se tira o Registro Geral (RG) na infância. Mas a CNH tem perdido prestígio. Um levantamento do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) mostra que entre 2014 e 2017 a procura pela emissão da “carteira de motorista” caiu 20,61%. Saiu de 1,2 milhão de emissões para 939 mil.

Os fatores são diversos. Vão, de imediato, desde o custo da emissão da CNH ao custo de manutenção do automóvel. Também, a mudança da cultura da mobilidade, a afirmação da virilidade, da independência, ao qual o automóvel já foi relacionado está em decadência. Os aplicativos também são responsáveis por esta mudança. Eles permitem a despreocupação dos jovens com os inconvenientes do trânsito. Também, acabam por abrir espaço para a ingestão de bebida alcoólica sem ter que colocar em risco a vida de ninguém dirigindo.

Estamos vivendo uma mudança cultural. Ela deve acelerar e ampliar os efeitos nos próximos anos. As cidades devem se preparar para isso. Temos que continuar desestimulando o uso de automóveis e incentivar outros aplicativos. Valorizar o deslocamento com mais segurança, diminuir o número de mortes no trânsito. Ou seja, o futuro aponta para um comportamento mais civilizado nas vias públicas.

Na minha geração, sou um cinquentão, o carro já foi uma idolatria. Ainda, para muitos desta geração a qual pertenço. Ter um automóvel é adquirir uma extensão do corpo. Agora, estamos desembarcando desta pele. Eu mesmo já estou abandonando o automóvel, usando aplicativos e bicicleta para o deslocamento. Uma revolução. Voltei para o selim da bike. Faz bem a saúde e, inacreditavelmente, em alguns casos e percursos, você chega mais rápido do que se estivesse de carro.

Desta forma, não há como não acreditar que o futuro da cidade será mais saúde no trânsito. Isso deve voltar a ser visto nas imagens de pessoas menos obesas, que reaprendem a se deslocar à pé ou pedalando. Que voltam a movimentar o seu corpo e ter uma vida longeva. O futuro será extenso com o abandono do carro e a convivência humana no ir e vir da cidade.

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