Mulheres criam clube de leitura para discutir autoras negras


Por Victor Simião/CBN Maringá

Se na própria sociedade a figura da mulher negra é minoritária, imagine então na cultura? Quando pensamos na literatura – os principais nomes da área são… de homens! Há várias explicações: uma delas é a de que grupos minoritários sempre foram silenciados, ainda mais em um país estrutural e marcadamente racista como o Brasil.

Pensando nesses motivos e em ampliar o debate, três mulheres negras de Maringá, que atuam em áreas diferentes, decidiram criar um clube de leitura para ler e discutir autoras negras. Assim surgiu o “Quilombo de Leituras Negras”. O nome vem da ideia de coletividade, acolhimento e fortalecimento.

O primeiro encontro ocorre em agosto. Em um grupo no Facebook já estão 60 membros. O livro a ser debatido é o romance “Úrsula”, de Maria Firmina dos Reis, considerado o primeiro do gênero a ser escrito por uma mulher.

A obra foi lançada em 1875 – mas ainda tem pouco destaque ou relevância na história da literatura brasileira – dominada por homens brancos, de classe média que vivem em grandes centros urbanos.

O clube quer tentar romper com a lógica estrutura que colocou as mulheres negras em guetos, explicou a socióloga Eliane Oliveira, uma das organizadoras do “Quilombo de Leituras Negras”.

“Nosso principal foco é dar visibilidade para autoras maravilhosas, que são negras. O objetivo inicial é divulgar essa literatura, a escrita de mulheres negras, para um público maior”, ressalta Eliane.

Os debates vão ser mensais. O primeiro está marcado para o dia 03 de agosto. O local ainda vai ser definido.

Esse grupo vem se juntar aos outros na cidade. O município também conta o “Leia Mulheres”, o “Bons Casmurros”, o “Amigos de Palavra”, o “Clube de Leitura Maringá”.

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