Professora da UEM chama acadêmico de ‘bicha’ em reunião do conselho


Por Luciana Peña
Foto: Divulgação/ASC UEM

Foi uma reunião tensa, que durou sete horas e em que professores e acadêmicos da Universidade Estadual de Maringá (UEM) debatiam se as aulas deviam ou não ser retomadas de forma remota. O tema dividia opiniões, com um grupo a favor e outro contra. 

Quando o acadêmico de educação física Krigor de Camargo Faeda, representante dos estudantes no Conselho de Ensino e Pesquisa da UEM, começou a falar, uma professora disparou uma frase preconceituosa. O microfone da professora estava aberto e o Krigor e toda a audiência puderam ouvir.

“Ela proferiu uma exclamação do tipo: ‘de novo essa bicha?!’, se eu não me engano”, disse Krigor.

O estudante diz que ficou indignado, mas não surpreso, porque já foi vítima de muitos ataques homofóbicos. Ele acredita inclusive que a fala da professora revela muito do que se passa dentro da universidade, um ambiente ainda carregado de preconceito.

“O ocorrido só mostra o quanto a universidade que nós tínhamos antes da pandemia, antes da crise econômica que está posta. Já era um cenário hostil, complicado e que merece um debate. A universidade ela é, sim, homofóbica, racista, transfóbicas, machista e cada vez mais ela está se distanciando do povo e pensando coisas que talvez não faça jus a sua função social, que é discutir a sociedade, dar soluções para os problemas da sociedade”, explica o acadêmico.

O áudio com a fala da professora repercutiu nas redes sociais. Os centros acadêmicos da UEM divulgaram uma nota de repúdio contra a homofobia. A professora disse que não vai se manifestar, mas explicou que o aconteceu foi um deslize num momento de muita tensão. Ela pediu desculpa e ressaltou que tem profundo respeito pela orientação sexual de qualquer pessoa.

Ouça a fala da professora:

https://old.gmconline.com.br/wp-content/uploads/2020/07/Sound-2.mp3

Confira a nota da Reitoria da UEM:

“A Reitoria da Universidade Estadual de Maringá (UEM) vem a público informar que está tomando as providências cabíveis para averiguar a eventual infração e irregularidade funcional cometida pela conselheira do Conselho de Ensino e Pesquisa (CEP) em reunião formal do Conselho ocorrida no dia 22 de julho de 2020”.

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