CPI da Saúde ‘expande’ foco após depoimento de secretário


Por Victor Simião/CBN Maringá

A CPI da Saúde, criada para investigar as compras da Secretaria de Saúde de Maringá nos últimos 12 meses, decidiu expandir o foco. O motivo é uma declaração do secretário de Patrimônio, Logística e Compras da Prefeitura de Maringá, Paulo Carstens. Nesta semana, em depoimento à comissão, ele disse que a atual gestão encontrou problemas de corrupção, feitos pela governo municipal anterior. 

Foto: Reprodução/CMM

Entre outros problemas, Carstens citou o contrato entre uma empresa chamada Sinax e a Prefeitura de Maringá, que teria recebido mais de R$ 2 milhões na gestão passada por algo que não valia essa quantia. 

“Na gestão anterior, nós tivemos um caso muito grave de um desfalque na Prefeitura, de R$ 19 milhões, jogados no lixo, que foi o caso Sinax. Tinha apenas um fiscal de contrato, que era o senhor Valdir José Boasorte. Ele foi proibido de fiscalizar o contrato, e um cargo comissionado passou a assinar por ele, que era um diretor-geral. Felizmente, essa quadrilha depois foi desmantelada. Logo que eu assumi a administração, nós fizemos uma auditoria de três meses, e desse contrato, a gente conseguiu êxito, ele está em litígio hoje, tanto na vara criminal como na vara cível”, frisa.

A CPI da Saúde foi criada após o secretário de Saúde de Maringá, Jair Biatto ter dito, em maio, que a prefeitura pagava mais caro nos produtos adquiridos. Em depoimento, o coronel Paulo Carstens disse desconhecer o pagamento de até três vezes mais em produtos por parte do município. O próprio secretário da Saúde explicou depois que a fala era referente a dois motivos: burocracia e demanda de produtos. 

Pelo fato de ter apontado problemas de contratos nas gestões anteriores, a CPI pediu mais documentos à Prefeitura de Maringá, explicou o presidente da comissão, vereador Flávio Mantovani.

“Durante a fala do coronel, ele disse que havia água sanitária batizada, papel higiênico contaminado, detergente misturado com água, falou inclusive que as frutas que serão descarte do Ceasa, foram entregues a título de merenda para as crianças na escola, ou seja, alguns fatos que por nós são considerados muito graves. Então a CPI, de pronto, já fez um requerimento ao município, para que informe qual a documentação, quais são os processos que envolvem a fala do secretário, e isso chegando à CPI, se será necessário chamar outras pessoas de administrações passadas, para que possam também depor na CPI. A CPI obviamente não fica presa aos 12 meses, como consta no seu requerimento de abertura, mas também para outras administrações.”

Paulo Carstens foi a primeira pessoa ouvida pela comissão. Ele foi convocado porque a pasta dele é a responsável por várias compras da Prefeitura, incluindo itens comuns a várias secretarias. Segundo o policial militar da reserva, há cotações de preços e controle rígido. O secretário considerou que Jair Biatto usou uma força de expressão.

O coronel da reserva também falou que a atual administração tem lutado contra a corrupção no poder público.

Os vereadores que fazem parte da CPI são Flávio Mantovani, na presidência, Sidnei Telles, na relatoria, e os membros Alex Chaves, Mário Verri e Chico Caiana. A CPI tem prazo de 90 dias para apresentar um relatório. A comissão pode ser prorrogada, depois, em mais 45 dias. 

A Prefeitura de Maringá tem dito que apoia a comissão no que for preciso para que tudo seja esclarecido da melhor forma possível. Até o início da noite desta quinta-feira (25), o Executivo não tinha recebido a solicitação de documentos. 

A reportagem não conseguiu contato com a Sinax. A empresa é investigada na Justiça. O caso veio à tona em 2017, em uma operação do Gaeco. Na época, a empresa informou estar disposta a colaborar na Justiça. A CBN tentou contato com o ex-prefeito Roberto Pupin (2013-2016), mas ele não atendeu a ligação e não respondeu a mensagem até o fechamento da reportagem. 

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