Moro: entre a justiça e o poder


Por Gilson Aguiar

A escolha do juiz Sérgio Moro para o Ministério da Justiça e Segurança foi uma tacada certeira do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Ele passa a ter confiabilidade redobrada em seu futuro governo, ganha credibilidade e reforça a imagem de lisura. Porém, a certeza só o futuro vai dizer.

Para o juiz Moro a escolha de deixar a carreira no Poder Judiciário é um desafio. Passa a incursionar na política e refaz, mesmo que de forma gradual, sua imagem como pessoa pública. O magistrado construiu uma imagem de “herói” nacional e personificou a Operação Lava-Jato. É, para muitos brasileiros, uma pessoa íntegra e rara, em um país marcado por casos de corrupção e desapontamento.

Por mais que o interesse de Sérgio Moro é implantar uma política de segurança pública e de combate a corrupção eficiente, o que todos desejam. Ele pode estar dando um passo para se afastar de uma função que lhe deu notoriedade e a certeza, navegando em um ambiente político de relações perigosas.

Contudo, o juiz faz a escolha que lhe interessa. Se os fatores que o motivam são nobres ou pessoais, isto é um problema que ele irá responder diante dos atos que tomar. Seu comportamento como ministro é que irá contar no final das contas. O julgamento sobre seus atos pode ser um direito de todos, mas o que deve nos orientar na observação e ponderação é a eficiência de suas medidas, que ainda não começaram como ministro. Porém, há temos muitas como magistrado.

Na política, a busca de compreender a lógica do poder e fazê-la ter eficiência para atender determinadas necessidades é natural. Ao ingressar na força que o Estado tem sobre a sociedade, se tem participação no jogo de forças e suas inúmeras expressões. A ambição e os bons serviços se misturam e não se separa o ser humano de sua função. Os cargos públicos, como os ministérios, têm funções lógicas e racionais, mas o indivíduo que o ocupa é movido por interesses diversos e nem sempre tão elevados quanto os que a função descreve.

Vamos esperar para ver. Antes disso, temos muito pouco a avaliar. Não sabemos ainda o que irá se sobressair na função de Moro e mesmo na presidência de Jair Bolsonaro. Não temos a certeza se prevalecerá a nobreza da representação ou poder e interesses que ela permite e satisfaz.

 

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