Mulheres se unem e criam o grupo ‘Pretas Maringá e região’


Por Nailena Faian

O preconceito permeava a vida da Priscila Souza, de 29 anos, há muito tempo. Apelidos maldosos e ofensivos por conta da cor de sua pele e do cabelo crespo a fizeram ter vontade de desistir de ser quem ela era.

“No começo eu segui o padrão que a sociedade me impôs, mas, há alguns anos, decidi ser eu, mesmo que isso fosse trazer dor”, diz ela, em um depoimento publicado na página do Facebook “Pretas de Maringá e região”.

A página foi criada em 2017 e é repleta de depoimentos de mulheres negras que relatam preconceito. O grupo surgiu para unir essas mulheres e para promover o empoderamento delas.

“Eu e outras meninas negras nos conhecemos em um encontro semanal onde íamos para sermos modelos de maquiagem. Ficamos amigas e criamos a página para debates”, diz uma das fundadoras da página, Mariama Djaló, de 32 anos.

Hoje a página tem centenas de seguidoras. As idealizadoras também promovem encontros e são 15 mulheres que partipam ativamente. Elas se reúnem para conversar sobre suas experiências e também para fazer planos para o grupo.

Agora, por exemplo, elas trabalham a ideia de montar uma feira gratuita de beleza para atender meninas negras adolescentes.

“Queremos, de alguma forma, ser útil a elas. Mostrar que elas são lindas do jeito que são e que elas não precisam passar por tudo o que nós passamos para nos empoderarmos”, planeja Mariama.

As participantes do grupo já gravaram dois vídeos com objetivo de enaltecer a beleza negra. O último foi em uma cafeteria de Maringá. “É para levantar a autoestima porque nosso projeto é focado na aceitação, no empoderamento da mulher preta”, comenta Mariama.

Interessadas em participar do grupo podem entrar em contato com as administradoras por meio da página no Facebook. Mariama ressalta que o grupo está de portas abertas para as mulheres negras da cidade e da região.

“Todos os depoimentos das meninas nos marcam muito. Sabemos que uma história é diferente da outra. Mas o impacto, o sofrimento, as consequências acabam sendo de formas muito parecidas, o que faz com cada uma de nós entenda perfeitamente a dor da outra”, finaliza.

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