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04 de maio de 2024

Vida


Por Elton Tada / Passeio Publicado 04/05/2020 às 21h00 Atualizado 23/02/2023 às 04h44
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Uma coisa que sempre me pergunto é: no fim das contas, o que realmente importa na vida? E eu não sei se todo mundo pensa a respeito com frequência ou se eu tenho algum problema em particular, mas paira sobre mim a sensação de que no geral fazemos e damos muita atenção para o que não importa.


Em algum momento de nossas vidas nos disseram que éramos livres, que poderíamos escolher nossa profissão, nossos amigos, nossos pares românticos, nossa casa, nosso carro, o cheiro do sabonete. Tudo isso é verdade e não é ao mesmo tempo. Temos sim um tipo de liberdade, que é a liberdade de escolha, mas essa liberdade está relacionada com diversas outras coisas de nossas vidas que não dependem necessariamente de nós. Por exemplo, o local no qual você nasceu, sua família, a educação cultural que você recebeu, o período no qual vivemos, nada disso foi escolha nossa. A realidade, de certa forma, cai no nosso colo e somos forçados a brincar com ela.


O maior erro que alguém pode cair é o de acreditar que seus próprios esforços o levarão para a vida que ele imagina ser ideal. Isso porque a vida ideal simplesmente não existe. Existe a vida real, que caiu no nosso colo e com a qual temos que brincar, e dar conta, e gostar, e sermos felizes e gentis. Você tem a liberdade de gostar ou não da sua vida real, mas ela continuará, extensivamente, sendo sua única vida. Por isso, parece ser muito mais útil você aprender a ser grato pelo que tem do que passar a vida toda reclamando e repudiando sua própria existência.


Ser grato pela vida que temos não significa abaixar a cabeça. Pelo contrário, é uma atitude genuinamente ativa. A pessoa deve ser grata por seu emprego, mas deve lutar por seus direitos trabalhistas. Ser grata pela família, mas se afastar caso seja prejudicada pela convivência. Aceitar seu próprio corpo, mas alterá-lo caso algo nele o traga algum prejuízo.


Eu diria que nosso tempo é um tempo em que a população se comporta como um rebanho de ovelhas, mas existe um termo melhor para isso: gado. O brasileiro médio está vivenciando uma pandemia global com toques refinados de perversão de um presidente irresponsável e intensamente indigno do cargo que ocupa. Mesmo assim, tudo vira meme para rir, shows pela internet, novela reprisada e preocupação com a conta do cartão de crédito.


Nós estamos vivendo em um mundo que não imaginávamos a dois meses atrás. Nosso Brasil está enterrando seus mortos em escala industrial, não sem antes passarem dias empilhados em câmeras frigoríficas. O governo federal não está fazendo sua parte, boa parte da população também não está fazendo sua parte, logo, o resultado da continha não será surpreendente, não é mesmo? Estamos caminhando para um abismo do qual não conseguiremos retornar.


Como a situação é nova, indico, devemos repensar o que importa e definirmos novos sentidos para nossas vidas. Não adianta ficar esperando tudo isso passar, pois o mundo é assim agora. Esse é o mundo que temos. Imagino que muitos de nós desenvolverão transtorno obsessivo compulsivo por conta da necessidade de higienização constante que precisamos fazer. É uma pena, pois isso não salvará nossas vidas e não nos livrará desse mal. Nossos únicos antídotos no momento são humanismo e empatia, mas esses produtos não são entregues por deliveri, não estão na lista do aplicativo.
É necessário e urgente sentar em um canto silencioso, respirar fundo e olhar para dentro de si. Veja então, qual será, a partir de agora, o sentido da sua vida.

Pauta do Leitor

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