Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso site, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar nosso portal, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

15 de agosto de 2024

Inflação de serviços dispara e põe mais pressão para o BC adiar corte do juro


Por Agência Estado Publicado 22/03/2023 às 08h00
Ouvir: 00:00

O engenheiro mecânico aposentado Claudio Florio, há 12 anos dono de um ateliê de costura, o Fix Atelier, aplica seus conhecimentos da engenharia para calcular custos e preços em sua oficina. Dos 220 serviços de costura prestados, a mão de obra representa quase a metade do custo.

Depois de quase dois anos sem reajuste, o empresário aplicou um aumento de 12% nos preços em abril passado e mais 10% no final do ano. Nas suas contas, teria ainda de fazer um de 6%, mas evitou, porque o volume de trabalho cresceu tanto que compensou a defasagem.

“A demanda está bem aquecida e 20% acima da de 2019, antes da pandemia”, diz.

O tempo de espera para a conclusão do serviço na oficina é de uma semana, enquanto o normal seria de três dias. Ele conta que chega a perder R$ 400 de serviço por dia por não conseguir contratar costureiras com o padrão desejado.

Procura

Impulsionados pelo aumento da demanda e pelo repasse de custos, ambos reprimidos no auge da pandemia, os preços no setor de serviços deram um salto neste início de ano. Isso acende o sinal de alerta e coloca mais pressão sobre o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para adiar o corte nos juros.

Em fevereiro, a inflação de serviços descolou do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 0,84%, e subiu 1,41%. A alta foi mais do que o dobro da de janeiro (0,6%) e a maior marca mensal em quase 20 anos. Só ficou abaixo da inflação de serviços de fevereiro de 2004 (1,57%), aponta a LCA Consultores, com base no IPCA do IBGE. Em 12 meses até fevereiro, os preços dos serviços subiram 7,84% e superaram a inflação do período, de 5,6%.

No mês passado, de 28 itens não alimentícios do IPCA que tiveram os maiores reajustes de preços, mais da metade (18) foi serviços. O destaque ficou com a educação: o reajuste de 6,4%, em média, em fevereiro, superou o de anos anteriores.

Pacotes turísticos com alta de 2,09% em fevereiro, costureira (1,42%), consulta médica (1,39%), aluguéis residenciais (0,88%), manicure, cabeleireiro e barbeiro (0,71%) também chamaram a atenção.

No caso dos aluguéis, há um componente extra. Com a elevação da taxa de juros dos financiamentos imobiliários, que beiram 11% ao ano, influenciada pelo juro básico (Selic), a compra da casa própria ficou inviável, observa o economista Fabio Romão, da LCA Consultores. O resultado foi o aumento da procura por locação e a pressão nos aluguéis. Em 12 meses até fevereiro, os aluguéis residenciais subiram 6,94%.

Mão de obra

Outro fator que tem se refletido nos preços dos serviços é aumento do custo da mão de obra, especialmente por conta da sinalização do reajuste do salário mínimo acima da inflação, observa o economista da LCA.

Na avaliação do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, a pressão de gastos públicos sinalizada pelo governo também deve turbinar os preços do setor. “Estamos voltando para os tempos de Lula 2 e Dilma em que a inflação de serviços vivia permanentemente elevada, muito em parte pela pressão salarial criada pelo próprio governo, seja via servidores, seja via salário mínimo.” Para este ano, o economista espera que a inflação de serviços atinja 6,5%, ante um IPCA cheio projetado de 6%.

Já o economista Guilherme Moreira, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe, está mais preocupado com a inflação de alimentos. De janeiro de 2020 a fevereiro deste ano, a alimentação no domicílio pelo IPC da Fipe subiu 47,59%, quase o dobro da inflação geral acumulada no mesmo período (25,7%). Os preços dos alimentos não vão cair 47% daqui para frente e a renda tirada das pessoas não deve voltar, alerta. Por isso, diz Moreira, o processo de inflação no Brasil é complicado. “Se fosse só uma inflação de serviços, seria mais fácil controlar.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pauta do Leitor

Aconteceu algo e quer compartilhar?
Envie para nós!

WhatsApp da Redação

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Economia

Sinagências: em nova proposta, governo oferece reajuste de 27% para servidores das agências


A nova reunião entre o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e servidores das agências reguladoras…


A nova reunião entre o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e servidores das agências reguladoras…

Economia

Lula diz estar esperando oportunidade para dar o ‘bote’ e aprovar isenção da PLR


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse estar “esperando a oportunidade” para “dar o bote” e aprovar o fim…


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse estar “esperando a oportunidade” para “dar o bote” e aprovar o fim…

Economia

Ibovespa arrefece após renovar máxima histórica, mas segura 134 mil pontos


O rali da Bolsa brasileira perdeu ímpeto na segunda metade do pregão por uma “correção natural”, depois de ter conquistado…


O rali da Bolsa brasileira perdeu ímpeto na segunda metade do pregão por uma “correção natural”, depois de ter conquistado…