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03 de setembro de 2024

O problema é ser sincero


Por Gilson Aguiar Publicado 03/09/2024 às 07h02
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Felicidade é produto em promoção

Felicidade virou sabão em pó. Como algo que se compra no mercado e está disponível a todos, é apenas uma questão de escolha. Mais que isso, é um produto em eterna promoção. De fácil aquisição e que basta querer para poder adquirir. 

Não por acaso, viver sorrindo é padrão da vida nas redes sociais, a vida perfeita está disponível a todos e a realidade é um sonho eterno. Todos apresentam o seu melhor lado como se fosse a sua natureza, a fotografia sempre terá o seu melhor perfil. 

Agora entendo o porque Diógenes, o filósofo grego, andava pelas ruas com uma lanterna à procura de um ser humano honesto.  A desonestidade é regra fundamental para a inclusão da vida social. Todo o sincero estará condenado à solidão. Ninguém quer comprar a realidade porque a sinceridade é “demasiadamente humana”.

Pagando para me encontrar

Acredito que os terapeutas agora são pagos por aquilo que antes era regra na vida cotidiana, conhecer as pessoas como elas realmente são. 

O mais interessante da condição das terapias é que se paga para alguém conhecer o seu lado verdadeira, tudo para que o ser humano possa suportar conviver com a mentira, inclusive a sua própria. Em uma sessão de uma hora semanal, ou duas, dependendo da necessidade e do peso de esconder a realidade, se coloca no porão a existência e a deixa respirar por algumas horas.

Logo, fugimos de nós mesmos o tempo todo. O último lugar que desejo morar é nas proximidades da minha existência. Me afasto. Caminho na direção oposta da minha própria trajetória para não ter que dar “de cara” comigo mesmo. 

Sou minha própria oposição

A negação chega a tal ponto que vou propagar aos “quatro cantos” uma propaganda de combate a mim mesmo. Vou negar o que sou, profanar a minha imagem e dizer a todos que detesto as características de mim mesmo. Ou seja, a última coisa que admito ser, sou eu. 

Repara que entre as principais críticas que fazemos está aquelas que nos definem. 

 Até quando vamos fugir de nós mesmos? Até quando der. 

Logo, há uma péssima notícia a se dar, por mais que tente, você arrastará você mesmo, nem que seja dentro dos seus porões. E, em um determinado momento, na busca de resolver-se em definitivo, terá que libertá-lo. E, neste momento, ou você fará as pazes consigo mesmo ou terá que controlar toda a ira daquele que viveu represado dentro de você.

Pauta do Leitor

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