Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso site, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar nosso portal, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

26 de abril de 2024

BERLIM 2020: IRÃ VENCE O COBIÇADO URSO DE OURO


Por Elton Telles Publicado 02/03/2020 às 20h48 Atualizado 23/02/2023 às 17h06
 Tempo de leitura estimado: 00:00

O júri presidido pelo ator britânico Jeremy Irons e que contava com a presença do brasileiro Kleber Mendonça Filho coroou o drama iraniano “There is No Evil” com o Urso de Ouro na 70ª edição do Festival de Berlim. A cerimônia de entrega de prêmios foi antecedida por 2 semanas intensas de maratona para apresentar os 18 filmes da mostra competitiva, além de outras produções que integravam mostras paralelas e exibições especiais.

O grande vencedor“There is No Evil” conta quatro histórias conectadas que abordam a pena de morte, um assunto considerado tabu no Irã. Além disso, o roteiro do filme repercute a vida de seus personagens sob regimes opressores. O trailer pode ser conferido aqui com legendas em inglês. Mohammad Rasoulof, também diretor do excelente “A Man of Integrity” (2017 – vencedor do prêmio Un Certain Regard no Festival de Cannes), não esteve presente na cerimônia para receber o Urso de Ouro porque está proibido de deixar o Irã, confinado pelo governo por “propaganda anti-regime”. Rasoulof também é censurado para filmar e produzir obras audiovisuais, tanto que “There is No Evil” foi realizado às escondidas.

Essa mesma condenação absurda receberam outros cineastas iranianos, como Jafar Panahi, que, coincidentemente, venceu o Urso de Ouro há 5 anos pelo semi-documental “Táxi Teerã” (2015). Com a ausência dos realizadores nas ocasiões, eles foram representados por suas filhas. A de Rasoulof, Baran Rasoulof, também é atriz e atua no filme dirigido pelo pai.

Todos os demais prêmios, além do Urso de Ouro, são denominados inicialmente como Urso de Prata. O Grande Prêmio do Júri, espécie de segundo lugar, ficou com “Never Rarely Sometimes Always”, drama norte-americano sobre uma garota com gravidez indesejada que viaja da zona rural onde vive até Nova York para realizar um aborto. Também premiado em Sundance, este é o terceiro longa-metragem dirigido por Eliza Hittman, que ganhou notoriedade pelo indie “Ratos de Praia” (2017). Já o Prêmio Especial do Júri, em comemoração aos 70 anos da Berlinale e atribuído ao filme com novas perspectivas, foi para a comédia francesa “Delete History”.

O melhor trabalho de direção na opinião do júri foi o do sul-coreano Hong Sang-soo pelo filme “The Woman Who Ran”, protagonizado pela sua parceira habitual, a ótima Min-hee Kim. O Urso de Prata de Melhor Ator foi para o italiano Elio Germano, que defendia dois filmes em competição neste ano, mas os jurados se sensibilizaram mais com o seu retrato do pintor modernista Antonio Ligabue na cinebiografia “Hidden Away”. Já pelo romance fantasioso “Undine”, o prêmio de Melhor Atriz foi para Paula Beer em sua segunda – e espero que longínqua – parceria com um dos melhores diretores contemporâneos na minha opinião, o alemão Christian Petzold.

Igualmente protagonizado por Elio Germano, o drama ambientado nos subúrbios de Roma, “Favolacce”, garantiu aos irmãos Fabio e Damiano D’Innocenzo o prêmio de Melhor Roteiro. Este é somente o segundo filme da dupla. Pra finalizar, o Urso de Ouro para Contribuição Artística, que destaca atributos técnicos dos filmes na mostra principal, foi para a direção de fotografia assinada por Jürgen Jürges no polêmico “DAU. Natasha”, da Rússia.

O representante brasileiro na competição, “Todos os Mortos”, de Marco Dutra e Caetano Gotardo, não foi premiado, mas a produtora do filme Sara Silveira fez um discurso poderoso e necessário sobre resistência durante a coletiva de imprensa. Mas se engana quem pensa que o Brasil foi embora de Berlim de mãos abanando. “Meu Nome é Bagdá”, da diretora Caru Alves de Souza, ganhou por unanimidade o Prêmio do Júri na Mostra Generation. Baseado no livro “Bagdá, O Skatista”, a história retrata o dia a dia de uma garota moradora da favela em São Paulo. Ainda não há data de estreia de “Meu Nome é Bagdá” nos cinemas brasileiros.

Abaixo, confira os vencedores do 70º Festival de Berlim.

Urso de Ouro
“There is No Evil”, de Mohammad Rasoulof (Irã)

Urso de Prata – Grande Prêmio do Júri
“Never Rarely Sometimes Always”, de Eliza Hittman (EUA)

Urso de Prata – Prêmio Especial do Júri (70ª Berlinale)
“Delete History”, de Benoît Delépine, Gustave Kervern (França)

Urso de Prata – Direção
Hong Sang-soo, por “The Woman Who Ran” (Coreia do Sul)

Urso de Prata – Ator
Elio Germano, por “Hidden Away” (Itália)

Urso de Prata – Atriz
Paula Beer, por “Undine” (Alemanha)

Urso de Prata – Roteiro
Fabio D’Innocenzo, Damiano D’Innocenzo, por “Favolacce” (Itália)

Urso de Prata – Contribuição Artística
Jürgen Jürges, pela direção de fotografia de “DAU. Natasha” (Rússia)

 

Pauta do Leitor

Aconteceu algo e quer compartilhar?
Envie para nós!

WhatsApp da Redação
Geral

Russa é resgatada no Brasil após intervenção do consulado


Uma mulher de nacionalidade russa foi resgatada pela Polícia Civil de Minas Gerais após informações encaminhadas pelo consulado diante de…


Uma mulher de nacionalidade russa foi resgatada pela Polícia Civil de Minas Gerais após informações encaminhadas pelo consulado diante de…

Geral

Redes estaduais de ensino já têm mais professores temporários do que concursados


O número de professores concursados nas redes estaduais de ensino do Brasil é o menor em dez anos, o que…


O número de professores concursados nas redes estaduais de ensino do Brasil é o menor em dez anos, o que…

Geral

Justiça libera concessão do trem Intercidades entre SP e Campinas


O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) aceitou nesta quinta-feira, 25, recurso do governo de São Paulo e derrubou…


O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) aceitou nesta quinta-feira, 25, recurso do governo de São Paulo e derrubou…