Gestores veem ano da infraestrutura com juro real alto, fluxo atípico e restrição a isentos


Por Agência Estado

Os investimentos em infraestrutura vivem um “ano emblemático” com a tríade juros reais elevados, fluxo atípico vindo de fundos multimercado e restrições do Conselho Monetário Nacional (CMN) a ativos isentos. A avaliação é de gestores de fundos que participaram de painel no evento Expert XP, no período da tarde do sábado, 31 de agosto, e veem uma oportunidade para entrada no segmento no atual cenário macroeconômico.

“É um ano muito emblemático para infraestrutura, muito pela volta do olhar do investidor, que está mudando o mercado e tem feito uma onda grande nesse segmento”, avalia Samer Serhan, sócio e diretor de investimentos (CIO, na sigla em inglês) de crédito privado da Jive Mauá.

Para ele, muito do apetite veio em função das mudanças regulatórias do CMN, voltada a restrições em ativos isentos como letras financeiras e certificados de recebíveis imobiliário e do agronegócio (LCI, LCA, CRI e CRA). “Os incentivos mudaram e abriram oportunidade para os investidores olharem para debêntures e fundos isentos.”

Para Samuel Santos, gestor de infraestrutura da AZ Quest, além das alterações feitas pelo CMN, a tríade que os investimentos em infraestrutura têm surfado fica completa com a taxa de juros real alta e o fluxo atípico vindo de fundos multimercado. No entanto, ele diz que como os projetos de infraestrutura demoram alguns anos para serem desenvolvidos, a demanda maior que a oferta comprimiu spreads (prêmios).

“A dúvida agora é: será que os spreads estão representando os riscos que os projetos deveriam pagar por eles? E, quando estabilizar, qual o novo ponto de equilíbrio dos spreads?”, observa o gestor.

Na avaliação dos especialistas, agora é um bom momento para aproveitar oportunidades e posicionar carteiras. “Os melhores momentos para investir foram os de crise, quando consegue travar uma taxa alta. Os juros não vão ficar assim para o resto da vida, então assumindo que vai ter uma melhora econômica, o retorno será além do que está marcado no papel. É meio contraintuitivo, mas é o melhor momento para se investir”, afirma Santos.

Além disso, Tulio Machado, gestor de infraestrutura da XP Asset, destaca que o Brasil é um país emergente, então ainda “falta tudo” em infraestrutura, e há uma regulação sólida que traz segurança. “O Brasil investe 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura, mas deveria ser o dobro disso”, afirma Machado, acrescentando que há uma agenda a ser desenrolada em diferentes setores, como saneamento, rodovias, energia e telecomunicações.

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