Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso site, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar nosso portal, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

17 de agosto de 2024

Mauro Beting mostra biblioteca com centenas de livros de futebol


Por Agência Estado Publicado 17/08/2024 às 09h35
Ouvir: 00:00

A biblioteca de Mauro Beting é um enorme estádio. Nas cadeiras superiores, estão as biografias sobre grandes nomes do futebol brasileiro e internacional. Nas numeradas, um espaço para obras que misturam o esporte à sociologia, política e cultura. Na geral, seus xodós: livros para os quais Mauro escreveu o prefácio ou a quarta capa. “São meu maior orgulho”, diz o jornalista esportivo, que já publicou 25 títulos e segue escrevendo sem parar. “Toda semana chegam projetos novos, só nesta foram três convites.”

Mauro recebeu a reportagem do Estadão em dois locais onde guarda seu acervo. Na própria casa, no bairro do Morumbi, em São Paulo, e em uma das lojas Retrô Gol, marca da qual é sócio, no Itaim Bibi. Ao longo da conversa, falou das memórias com o pai (e também jornalista), Joelmir Beting, da música como segunda paixão ao lado do futebol, de seu processo de escrita e dos livros preferidos.

Na ficção, a genialidade

Mauro não lê só sobre futebol, ainda que seja seu grande filão de livros. “Machado de Assis é meu autor brasileiro favorito e John Steinbeck talvez o preferido fora do Brasil”, afirma. No entanto, por falta de espaço e desapego, o comentarista do SBT, TNT Sports e Rádio Bandeirantes se desfez de muitos exemplares da coleção, para montar uma biblioteca dedicada ao esporte.

Nas prateleiras de Mauro, quase tudo é não-ficção. Partidas, estatísticas, curiosidades, clubes, carreira de atletas: são livros calcados na história da bola. Mas o melhor deles – pelo menos em língua portuguesa, segundo o jornalista – é uma obra inventada. O Drible, de Sérgio Rodrigues, lançado em 2014.

“Esse aqui é o quinto ou sexto que eu tenho, porque fui comprando e dei pra duas amigas que não gostam de futebol e falei: agora vocês vão começar a gostar ou pelo menos respeitar quem gosta”, diz Mauro, mostrando um exemplar da obra lançada pela Companhia das Letras. A cena inicial, que descreve o espetacular drible de Pelé no goleiro uruguaio Mazurkiewicz, o ‘Mazurka’, na Copa do Mundo 1970, é um dos pontos altos da obra.

“Um dos livros mais disruptivos do futebol brasileiro” nas palavras de Mauro. A autoria é de Francisco Sarno, ex-jogador e treinador de futebol, que relata os bastidores do futebol nos anos 1950 e 1960. “Esse livro conta tantas coisas, de forma implícita e explícita, que encerrou a carreira dele. Sarno nunca mais trabalhou em nenhum clube.”

O Negro no Futebol Brasileiro (1947)
Obra maior de Mário Filho, jornalista que dá nome ao estádio do Maracanã, e fundamental para compreender o racismo no país do futebol. Mauro guarda na estante a 5ª edição, uma das mais vendidas do livro, publicada em 2010 pela MAUAD Editora.

Klopp (2019)
É a biografia de Jürgen Klopp, treinador recém-aposentado, com o enorme subtítulo o técnico heavy metal que transformou Borussia Dortmund e Liverpool – e está mudando o panorama do futebol na Europa, escrito pelo jornalista alemão Raphael Honigstein e publicado no Brasil pela editora Grande Área.

Estrela Solitária (1995)
Do “cracaço das biografias” Ruy Castro, a história de vida de Mané Garrincha, o craque brasileiro dos anos 1960.

Futebol ao Sol e à Sombra (1995)
“Tenho uns três ou quatro do Eduardo Galeano perdidos por aqui. É um gênio até quando fala besteira sobre futebol”, brinca Mauro. O escritor uruguaio que morreu em 2015 é reconhecidamente um dos autores de literatura latino-americana mais apaixonados pelo esporte.

Veneno remédio (2008)
“José Miguel Wisnik é absolutamente genial em tudo o que se propõe”, elogia Mauro. Neste livro, aprofunda as conexões entre o futebol e a realidade social do Brasil ao longo do último século.

O livro de Wisnik está em um pedaço da estante que Mauro dedica aos livros sobre história, cultura, sociologia e política. Sempre com o futebol como pano de fundo. “Futebol e política se misturam completamente. Não precisam se misturar o tempo todo, mas de vez em quando é importante”.

O gene de Joelmir
Mauro é filho de Joelmir Beting. Uma conexão hereditária que ajuda a explicar muitas de suas paixões: o Palmeiras, o jornalismo, a leitura. “Meu pai tinha um olhar muito técnico. Ele falava que não conseguia ler um Steinbeck, por exemplo, uma obra de ficção, porque ele parava às vezes no primeiro parágrafo e ficava analisando o estilo. ‘Olha como ele construiu essa frase, olha essa pontuação’. Ele ia se perdendo…”

Formado em sociologia, Joelmir foi jornalista de canais como Globo, Record e Band, e se especializou na cobertura econômica. Tornou-se colunista do Estadão nos anos 1990 e escreveu dois livros: Na prática a teoria é outra: os fatos e as versões da Economia e Varig: eterna pioneira. “Chupa, pai. Você só escreveu dois e eu escrevi 25”, debocha Mauro.

A família é recheada de nomes na área da comunicação. O irmão de Mauro, Gianfranco, é publicitário e cofundador da companhia aérea Azul. O primo, Erich, também é jornalista especializado em negócios do esporte. E o filho, Gabriel Beting, se formou recentemente em jornalismo. Mauro não esconde o orgulho do caçula. “Ele escreve muito bem e fez um puta livro-reportagem como trabalho de conclusão de curso sobre o trabalho dos engraxates. Nem consigo falar muito, porque começo a chorar.”

Um livro para cada gigante paulista
Quer começar a ler sobre futebol e não sabe por onde? Talvez o clubismo ajude. Pedimos a Mauro que indicasse um livro relacionado a cada um dos grandes clubes do Estado de São Paulo.

CORINTHIANS: Centenário de gols: 100 gols que marcaram a história do Timão, de Denis Tassitano e Thiago de Rose
“São cem gols por cem pessoas, então não é só o título, pode ser gol de derrota, pode ser gol de vitória. Tem várias histórias e é um livro é muito divertido. Uma baita ideia que poderia até ser copiada por outros clubes. Eu fico muito honrado que são 99 corintianos e eu, falando de um gol do Corinthians.”

PALMEIRAS: Coadjuvantes, de Gustavo Piqueira (2006)
“É um livro que trata da infância dele, como ele vira palmeirense, e ele passa todo o período sem títulos de 1976 até 1993. E é fantástico, é o melhor livro sobre a fila, é o melhor livro sobre o ‘palmeirismo’.”

SÃO PAULO: Maioridade penal, 18 anos de histórias inéditas, de André Plihal (2009)
“Foi publicado quando o Rogério Ceni completou 18 anos de São Paulo e eu nunca vou esquecer o evento de lançamento ali na Livraria Saraiva, do Morumbi. Foram mais de 2 mil pessoas aqui, autógrafo de livros até uma da manhã, e eu era um dos poucos, talvez o único que não era são-paulino ali. O Rogério é um dos melhores amigos que eu tenho no futebol, um craque absoluto, um mito.”

SANTOS: Zito, o líder essencial, de Odir Cunha (2023)
“É sobre o capitão do Santos, bicampeão mundial pelo clube, e com quem eu tive a honra de trabalhar na Band durante a Copa de 1998, na França.”

Paixão pela música
Antes de ser comentarista esportivo, Mauro chegou a trabalhar como crítico musical. “Eu diria que eu sei mais de música do que de futebol. E eu faço tudo ouvindo música, escrevo ouvindo música, faço transmissão de jogo ouvindo música.” É de autoria do jornalista a biografia de Nasi, vocalista do Ira, e de Luiz Thunderbird, músico e ex-VJ da MTV.

O convite para escrever a história de Nasi, em 2012, veio enquanto Mauro produzia outra biografia, a do goleiro Marcos. “O Nasi ficou meu amigo e foi engraçado porque ele só queria falar comigo de São Paulo e eu só queria falar de rock com ele. Um dia, ele me liga às três da manhã e eu não atendo. Achei que ele tinha sido preso, sei lá. Depois, ele liga de novo às oito e eu resolvo atender. ‘Mauro, quero que você escreva minha bio…’ e eu completei: ‘grafia’. Topei na hora.”

Pauta do Leitor

Aconteceu algo e quer compartilhar?
Envie para nós!

WhatsApp da Redação

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

GMC+

Morre Silvio Santos: assista ao último programa do apresentador que foi ao ar no SBT


O Programa Silvio Santos marcou época na TV brasileira ao longo das décadas desde 1963, quando foi ao ar pela…


O Programa Silvio Santos marcou época na TV brasileira ao longo das décadas desde 1963, quando foi ao ar pela…

GMC+

Morre Silvio Santos: Sérgio Mallandro e Décio Piccinini postam homenagens: ‘Segundo pai’


Silvio Santos morreu neste sábado, 17, aos 93 anos de idade, por causa de uma broncopneumonia. Entre as diversas personalidades…


Silvio Santos morreu neste sábado, 17, aos 93 anos de idade, por causa de uma broncopneumonia. Entre as diversas personalidades…

GMC+

Silvio Santos: vencedora da ‘Casa dos Artistas’, Bárbara Paz lamenta morte do apresentador


Silvio Santos morreu neste sábado, 17, aos 93 anos de idade, por causa de uma broncopneumonia. Bárbara Paz, vencedora da…


Silvio Santos morreu neste sábado, 17, aos 93 anos de idade, por causa de uma broncopneumonia. Bárbara Paz, vencedora da…