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09 de maio de 2024

OLHAR DE CINEMA 2019: OS NACIONAIS (2)


Por Elton Telles Publicado 13/06/2019 às 19h27 Atualizado 22/02/2023 às 23h31
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Mais um dia com maratona de filmes do 8º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. Vamos às breves resenhas de três ótimos documentários made in Brazil, todos dirigidos por mulheres.

CHÃO
Direção: Camila Freitas
Primeiro longa-metragem da baiana Camila Freitas, “Chão” mostra o cotidiano de um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no interior de Goiás. Observador, o filme faz questão de quebrar alguns paradigmas a respeito do movimento, mitos que são criados pela falta de informação das pessoas que têm somente acesso ao MST por meio das reportagens tendenciosas e manipuladoras dos telejornais e sites de notícias. “Chão” dá voz a um povo constantemente silenciado e cujo discurso é distorcido. É muito bem-vindo e bem agenciado o tom esclarecedor do documentário em um momento de ebulição das fake news – que sempre existiram, mas agora ganharam repercussão e notoriedade popular. Por vezes excessivamente contemplativo e repetitivo em alguns momentos, “Chão” peca pela duração, porém o controle narrativo de Freitas e a urgência temática se colocam à frente de qualquer deslize deste importante registro.

 

ESPERO TUA (RE)VOLTA
Direção: Eliza Capai
O Brasil todo acompanhou, em 2016, a ocupação nas escolas públicas pelos alunos de São Paulo em resposta aos cortes na educação do então governador do Estado, Geraldo Alckmin. A mídia fez uma cobertura massiva desses eventos, e claro, o tribunal da internet não demorou para desvirtuar todo o sentido deste corajoso ato de resistência, o que provavelmente culminou no que hoje conhecemos como “doutrinação nas escolas” e a perseguição absurda a professores. No vibrante “Espero Tua (Re)Volta”, a diretora Eliza Capai volta a 2013 para mostrar a origem desses movimentos, centraliza seu discurso nas ocupações escolares e aborda os reflexos até os dias atuais. O documentário é propositalmente didático, e isso seria um problema, mas em “Espero Tua (Re)Volta” se revela uma postura sábia e bastante funcional, porque Capai transfere a voz de seu filme a estudantes que participaram ativamente das ocupações. Sendo assim, com uma linguagem envolvente, coloquial e cheia de gírias, a narração interativa é dividida entre os jovens Nayara Souza, Lucas “Koka” Penteado e Marcela Jesus. Essa é uma sacada sensacional por conta da pluralidade dos olhares, vindo de jovens com realidades distintas.

E não só por isso. Contar a história pela perspectiva de quem participou garante muito mais aproximação com o público, além de direcionar uma produção claramente política para adolescentes, já que ambos “falam a mesma língua”. Munido de um rico material de imagens captadas nas escolas ocupadas e nas manifestações posteriores, “Espero Tua (Re)Volta” é otimista, porém não ingênuo; é um filme extremamente necessário que perpetua o espírito da luta constante, de resistir para existir. Pra mim, um dos melhores exemplares do festival.

 

INDIANARA
Direção: Aude Chevalier-Beaumel, Marcelo Barbosa
Indianara Siqueira é uma mulher trans e ativista pelos direitos das minorias em geral. A câmera apaixonada do documentário não lhe dá descanso, segue-a em todo canto que ela vai e acompanha seus passos, seja na intimidade de casa, nas manifestações que participa ou nas dependências da Casa Nem, abrigo na cidade do Rio de Janeiro para o público LGBT, o qual Indianara assume uma das posições de gestora. Por conta deste registro tão próximo da personagem-título, mostrando também os seus defeitos, “Indianara” se assume um filme corajoso, autêntico e sem máscaras. É absolutamente cativante conhecer essa mulher de perto e um desafio para o espectador desgrudar os olhos dela quando surge em cena. Nome importante para as causas política e social, Indianara recebe um filme à altura de sua relevância para o mundo.

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