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02 de maio de 2024

Detentos da cadeia de Sarandi fazem lives denunciando condições precárias


Por Monique Manganaro Publicado 17/12/2021 às 14h53 Atualizado 21/10/2022 às 01h48
 Tempo de leitura estimado: 00:00
Foto: Reprodução

Detentos da cadeia pública de Sarandi fizeram duas transmissões ao vivo na noite desta quinta-feira, 16, para reivindicar melhores condições para o local e para todos que estão presos na unidade. Os vídeos foram transmitidos de forma pública por meio de um perfil no Facebook. 

A primeira transmissão, feita por volta das 18h, mostra vários detentos em uma única cela. A maioria aparece nas imagens com os rostos cobertos. Um dos homens explica que eles são detentos da cadeia pública de Sarandi e pretendem mostrar o que enfrentam no dia a dia. 

“O que nós passamos aqui dentro é desumano, é fora de cogitação reabilitar qualquer ser humano. Nós viemos aqui, jamais num gesto de tumulto, mas num gesto de socorro para mostrar tudo aquilo que passamos dentro da comarca de Sarandi. Nós não estamos sozinhos. Todo mundo que está aqui tem família, tem esposa, filhos, pai… Todo mundo aqui é ser humano igual a todos que estão lá fora. Nós erramos e estamos aqui pagando nossos erros. Não estamos fugindo e não queremos nada mais do que os nossos direitos”, explica o detento no início da transmissão. 

Ao longo do vídeo, os homens citam várias situações que enfrentam dentro da cadeia e denunciam tratamentos inadequados de agentes. “Nós não temos diálogo com o chefe de carceragem. Ele não escuta a gente. Nós estamos vivendo em uma superlotação. Nós vamos mostrar para vocês, [para] a população que acha que nós estamos vivendo às custas do governo, a maneira que nós estamos, o jeito que estamos sobrevivendo aqui, e vai ficar a critério de vocês [julgar] se vocês acham que essa maneira é que vai ressocializar e fazer voltarmos aptos [a viver] em sociedade”, questiona o porta-voz do grupo. 

Em seguida, as imagens mostram os demais detentos da cela e os colchões onde todos precisam dormir, agrupados em um canto do local, molhados. 

Segundo os próprios detentos, os produtos levados para eles pelos familiares passam por revistas feitas por presos de confiança de autoridades da carceragem. “Mexem até com crianças. Nós não aceitamos isso. Em forma de diálogo, já pedimos atenção e não tivemos mudanças”, alerta um deles. 

De acordo com os detentos, a cadeia pública de Sarandi tem atualmente 180 homens detidos. Alguns deles são presos que já receberam condenação, mas ainda não foram transferidos para penitenciárias. 

Na segunda transmissão feita no mesmo perfil, os detentos continuam reclamando das condições precárias das celas, da quantidade de pessoas que ocupam o mesmo espaço e da comida servida diariamente. 

À reportagem, o coordenador regional do Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen), Luciano Brito, reconheceu que as cadeias públicas estão superlotadas, o que, segundo ele, é um problema estrutural. “Porém, o Depen, o Governo do Estado tem feito a construção de várias penitenciárias e a nossa regional tem praticamente 99% pronta uma nova unidade penitenciária em Guaíra, que vai oportunizar diminuir bastante o número de presos condenados em carceragens”, explica.

De acordo com Brito, apesar do grande número de detentos dentro da cadeia de Sarandi atualmente, a média de presos custodiados antigamente era de 250 pessoas. Hoje, esse número tem se mantido abaixo de 200. “No dia de hoje, estamos com cerca de 190 e com as remoções periódicas que o Departamento Penitenciário faz, [temos] a programação de retirar mais de 20 presos ainda este mês”, adianta.

O coordenador regional do Depen também destaca que, recentemente, os agentes do órgão frustraram uma fuga da cadeia de Sarandi. Segundo ele, a atitude dos detentos em fazer lives dentro das celas ocorre em reação à fuga frustrada. “Nós estamos fazendo operações e uma revista preventiva. Já localizamos três aparelhos celulares e esperamos ao fim da operação de hoje retirar todo o material ilícito de dentro da cadeia”, acrescenta.

A reportagem também entrou em contato com a carceragem da cadeia pública de Sarandi, mas ainda não obteve retorno.

Presos fazem live para mais de 12 mil pessoas em Sarandi

As transmissões desta quinta-feira não foram as primeiras a serem feitas dentro da cadeia pública de Sarandi. Em maio do ano passado, ao menos cinco detentos fizeram uma live nas redes sociais.

Algumas mulheres foram convidadas para participar da live. Durante a transmissão, uma delas diz: “daqui a pouco vocês vão aparecer na televisão”, e os detentos dão risada. Outra diz estar apaixonada por um dos presos: “se quiser casar comigo, estamos aí”. Na live, os presos também convidam as mulheres para participar de um grupo no WhatsApp.

Clique aqui e assista um trecho da live.

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