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27 de abril de 2024

Uma crônica para Chico Caiana


Por Victor Simião / Bloco de Notas Publicado 29/07/2020 às 15h08 Atualizado 25/02/2023 às 00h03
 Tempo de leitura estimado: 00:00
Chico Caiana. Foto: Divulgação

Morreu aos 56 anos o vereador Chico Caiana (PTB). Mal ao longo dos últimos dias, ele teve uma parada cardiorrespiratória nesta quarta-feira (29) e não resistiu. Não que os mortos leiam textos – ao menos eu não acredito nisso – mas penso que seja importante relembrar alguns momentos que tive com ele. Talvez estas linhas façam sentido para alguém.

Acompanhando a política maringaense de fato desde 2016, eu sempre vi em Chico Caiana uma boa fonte, tanto em declarações oficiais quanto em off, quando a pessoa fala mas não quer seja identificada. Agora, com a morte dele, não direi sobre o que me passou em segredo, mas contarei três histórias que, penso eu, são divertidas.

Certa vez, durante a apuração independente que eu fazia para a CBN em relação a uma CPI, perguntei ao vereador sobre uma informação que ninguém me confirmava. Ele sorriu, sempre me chamando de menino, e tentou desconversar. Isso foi lá em 2017, durante uma tarde, na Câmara de Maringá.

Entre um riso e outro, o parlamentar me disse que o fato não era bem daquele jeito. Eu não me convenci. Quando fui fazer outra pergunta, uma mulher apareceu, vendendo doces. Eu declinei, disse que não carregava dinheiro ali. O vereador prontamente comprou uma caixa e me ofereceu. Eu agradeci, mas recusei. Disse que poderia parecer que ele tinha algum interesse naquilo. “Chocolate é chocolate, menino. Pega”, Caiana falou, dando risada. Acabei aceitando. Embora tenha ficado sem a informação – ele afirmou não saber nada além do que me falara – a minha tarde ficou mais açucarada.

Em outro momento, no final de 2019, após uma série de reportagens que incomodou a Prefeitura de Maringá, encontrei Caiana em um evento. Ele olhou para mim, dando risada, e falou: “Você é um danado de um repórter, hein, menino?”. De bom humor, respondi: “Não sei se isso é bom ou ruim”. “Isso é ótimo. Ainda mais porque eu não sou o prefeito”.

Por fim, no dia 20 de janeiro de 2016, com as férias do então prefeito Roberto Pupin e o pedido de licença do prefeito em exercício Cláudio Ferdinandi, Chico Caiana assumiria como prefeito interno de Maringá, já que era presidente da Câmara de Vereadores – portanto, o próximo da linha sucessória. Em uma conversa nos corredores do Legislativo, ele me disse que estava todo animado, mas o sonho durou pouco. No dia seguinte, Pupin anunciou que anteciparia o fim das férias e retornaria a Maringá. Por esse motivo, Caiana não assumiria o cargo de chefe do Executivo municipal.

Ao saber disso, liguei para Caiana. Com a voz um pouco desanimada, disse que política era assim mesmo. Brincando, falei que eu havia ficado sabendo que ele comprara um terno novo para o cargo. Meu tom de voz pareceu animar o parlamentar, que respondeu em tom jocoso: “Quem sabe um dia eu uso esse terno, menino”, dando a entender que faria isso quando se tornasse prefeito de Maringá.

Não houve tempo para isso.

Lembrei aqui algumas histórias engraçadas, deixando de lado a questão do trabalho político dele. Também registro que não éramos amigos, e, apesar do nosso bom humor comum, Caiana criticou a mim e as minhas reportagens de forma pública e privada em diversas oportunidades. Faz parte do jogo. Um dia eu conto essas outras situações.

Hoje, além das histórias acima, deixo meus pêsames à família do vereador.

Pauta do Leitor

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