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30 de abril de 2024

Distopia


Por Elton Tada / Passeio Publicado 21/08/2019 às 19h00 Atualizado 23/02/2023 às 23h22
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Distopia – [s.f.] estado imaginário em que se vive sob condições de extrema opressão, desespero ou privação.

 

Utopia e distopia são dois termos utilizados para designar estados imaginários positivos e negativos em termos sociais. Por ser imaginário, os maiores exemplos estão na literatura – inclusive na literatura bíblica –, no cinema, e nos discursos de alguns líderes populistas. Esses conceitos estão no âmbito imaginário justamente por se tratarem de cenários muito distantes da realidade. Mas, o que parecia impossível simplesmente aconteceu. O Brasil se tornou uma grande e risível distopia.


Você pode achar que estou exagerando. Eu realmente não faço questão de estar certo dessa vez. E antes que me acuse, não escrevo sobre política. Escrevo sobre a vida. Escrevo sobre o viver. Mas, por favor, pense comigo. Imagine acordarmos um dia, em pleno século XXI e as lideranças do nosso país estar discutindo se a Terra é plana ou não. Existem fotos, filmagens, cálculos, diversos e diversos argumentos provados e comprovados e mesmo assim duvida-se dessa realidade. Parabéns, não precisa imaginar. Esse é o país em que vivemos.


Nos filmes de ficção, uma imagem clássica é que quando o vilão está no poder, ou quando não há mais esperança, o dia se transforma em noite, e a escuridão reina sobre o mundo. Ainda não vivemos exatamente dessa forma. Mas, essa semana tivemos uma amostra grátis do que nos espera depois da esquina. Queimaram tanto nossas florestas no centro e no norte do país que a fumaça chegou massivamente a São Paulo e ainda diminuiu a visibilidade no aeroporto de Maringá.

 

Mais uma vez, você não precisa concordar comigo. Inclusive, pode achar que estou brincando com um tom apocalíptico. Tudo bem. Mas não estou. É só assistir aos telejornais, ler algum jornal. E, se estou usando esses exemplos para mostrar que estamos em uma sociedade distópica, é apenas porque eles são mais caricatos, mas certamente não são os piores.

 

O pior é saber o lugar da violência em nossa sociedade. É ver a intolerância reinando, a ignorância sendo implantada como projeto político e a desigualdade começando a gritar a cada dia mais alto. O pior é saber que tudo isso não foi inventado agora, mas apenas foram criadas condições para a liberação de opiniões e comportamentos que estavam silenciados. De um tempo pra cá ser tosco tornou-se normal. Tão normal que todos vimos na televisão ontem o governador do Rio de Janeiro dando pulinhos de alegria após a execução de um jovem suicida e psicologicamente doente. Independentemente do motivo, o governador deveria saber que seus pulinhos eufóricos são ridículos e sintomáticos. Apenas um homem doente pode comemorar a morte de outro homem doente.


Esqueça tudo o que pintaram sobre o povo brasileiro. Não existe povo feliz, diversificado e tolerante. Esse mito já não se sustenta mais. Não vivemos no país do carnaval e do futebol. Vivemos no país da violência, da intolerância, da fome, do desmatamento, dos comportamentos doentios.


Por favor, meus deuses, eu não quero estar certo. Já não sei qual deve ser a medida da minha esperança.
Como dizem na bíblia, quem tiver ouvidos, ouça. Dis-to-pia.

Pauta do Leitor

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