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03 de maio de 2024

1ª cadeia de Maringá tem histórias de tortura e assombração; veja o local hoje


Por Fábio Guillen Publicado 11/09/2020 às 11h28 Atualizado 25/02/2023 às 12h29
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Local onde os presos tomavam sol na década de 60 em Maringá
– Foto: Fábio Guillen/GMC Online

O prédio da primeira Delegacia de Maringá, que se mantém intacto até os dias de hoje, já foi palco de inúmeros casos chocantes da cidade e carrega em um ambiente “pesado”, histórias de tortura e assombração.

A construção feita em 1959 para abrigar a Delegacia de Maringá fica na Avenida Paraná, na esquina com a Avenida Advogado Horácio Raccanello Filho, no Novo Centro. A delegacia funcionou no espaço até a década de 1980, quando foi transferida para a Avenida Mandacaru, onde funciona até hoje. 

Nesse período, o prédio foi palco de muitas histórias aterrorizantes, o que leva alguns maringaenses a acreditar que o local é mal-assombrado. A história mais conhecida é a do menino Clodimar Pedrosa Lô, menino morto e torturado injustamente pela polícia em 1967.

Lô, que era um garoto nordestino, trabalhava no extinto Palace Hotel, quando foi acusado por um hóspede de ter furtado alguns objetos no quarto. Na época, Clodimar foi preso e, depois, assassinado por vários policiais. 

O crime gerou muita comoção na cidade e até outros crimes aconteceram por conta desse caso. O pai de Clodimar veio de Parambu, no Ceará, para se vingar. Enfurecido com a crueldade que fizeram com o filho dele, o homem matou o gerente do hotel, a queima-roupa, em pleno centro de Maringá, na Avenida Brasil. O pai de Lô foi levado três vezes a júri popular, mas foi absolvido em todos. O túmulo de Clodimar, no Cemitérios Municipal de Maringá, é o mais visitado até os dias de hoje.

Toda a história de tortura e morte se passou no prédio que fica na esquina da Avenida Paraná com a Horácio Raccanello Filho. Há relatos de outros casos de tortura e morte no local onde funcionava a delegacia. Até por isso, muitos acreditam que o prédio é mal-assombrado. 

Sala de suplícios e ossadas humanas já foram encontradas no local

O historiador Miguel Fernando investigou a fundo o que acontecia nos bastidores da antiga delegacia, que até hoje leva fama pelas histórias de tortura e assombração. O historiador escreveu o livro “Sala dos suplícios: o dossiê do caso Clodimar Pedrosa Lô”, em 2010, e ouviu relatos assustadores do local.

Um deles, talvez o mais aterrorizante, é que na delegacia existiam ossadas humanas enterradas no pátio. Outra descoberta bastante perturbadora é que no local existia uma sala específica para torturas, segundo Miguel Fernando.

No início da década de 1960 teve uma reforma, uma ampliação. Um pedreiro me revelou quando fiz a investigação do caso Clodimar Pedrosa Lô que tem um livro, que ao cavar para fazer as valas e os muros ele encontrou várias ossadas humanas no pátio da delegacia. Ou seja, os policiais matavam as pessoas e enterrava ali. A gente identificou que dentro da delegacia havia um espaço destinado exclusivamente de maneira institucionalizada para tortura. Se chamava sala dos suplícios, que é o título do meu livro, e ali muitas pessoas foram torturadas”, explicou.

Miguel Fernando disse ainda que na época da tortura de Lô o população começou a descobrir o que acontecia dentro do prédio da delegacia e a revolta foi grande na sociedade.

“Depois do caso Clodimar que veio a tona e a público as autoridades e os políticos da época começaram a investigar o que acontecia dentro dessa delegacia e começaram a descobrir muitas pessoas que supostamente tinham sido enterradas como indigentes mas que eram frutos de tortura da delegacia. E aí começaram a surgir muitos fatos de que ouviam pessoas gritando na delegacia”, disse o historiador que fez uma investigação para escrever o livro Sala dos Suplícios.

Veja abaixo algumas fotos de como está o prédio agora

Prédio é usado atualmente para o treinamento de Bombeiros 

O prédio que já foi palco de histórias de tortura e assombração no passado, hoje é usado para o treinamento de Bombeiros de Maringá. Todos os cômodos foram ocupados com equipamentos e estrutura para a simulação de incêndios e situações de difícil acesso. 

Segundo o tenente Alex Boni, dos Bombeiros de Maringá, o prédio e o terreno pertencem ao Estado e, por isso, as equipes utilizam a estrutura para melhorar as técnicas de atendimento das equipes. 

“Essa edificação ficou fechada por um bom tempo. A pedido de alguns militares, o comando autorizou a limpeza e prepararam algumas áreas para treinamentos de combate à incêndio e progressão em ambientes de difícil visibilidade. Então aqui às vezes é projetado um pouco de fumaça para o pessoal treinar isso. Por ser um prédio do estado, o comando da unidade está verificando a possibilidade de num futuro próximo ele ser eventualmente transformado em algum outro uso para os bombeiros. Enquanto se aguarda a destinação ele é aplicado em treinamentos”, explicou Boni. 

A edificação está intacta e com as características originais. Veja nos vídeos abaixo como está o prédio que tem fama de ser mal-assombrado. 

Assista mais vídeos no canal do GMC Online no YouTube.

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