Deus que me dibre

Faz um tempo eu queria escrever um texto sobre como as pessoas são más e acabei não escrevendo nada, pois se o fizesse seria convidado a me retirar de todas as mídias com as quais trabalho. Ser sincero é um engodo em um mundo onde a falsidade é mandatória. Hoje, resolvi escrever um pouco sobre o que tenho pensado, mas só uma parte, um pedaço, pois para que assim a dor pode ser degustada em doses precisas, sem nenhum desperdício. E só o faço porque o Brasil pede, grita por respostas a seus próprios atos.

Tento explicar às pessoas mais próximas que quando estou triste assisto mais o noticiário. Me lembro de épocas em que dormi meses a fio no sofá da sala só para assistir o último jornal de um dia e o primeiro do próximo. Mesmo quando o sofá era pequeno e me fazia dormir com os pés para cima, eu estava ali, preenchendo minha alma com a dor do que acontece no cotidiano. E esses dias, quando o jornalista virou notícia, eu acabei perdendo um sono tentando achar uma razão para continuar aqui, vivendo com pessoas tão más. Sim, o helicóptero do jornalista caiu e tão logo sua morte foi confirmada homens de bem começaram a dizer que esse acidente não era assim tão acidental, pois vinha como vingança, maldade acumulada no coração do próprio Deus. E por que Deus estaria irado com um reles mortal portador de notícias? Porque ele havia se levantado contra o ungido do Senhor, Silas Malafaia.

Há um tempo o jornalista, em sua ira de ser humano, havia mandado com que o pastor Malafaia procurasse por um objeto cilíndrico com meio metro de comprimento e uma bitola de respeito, tudo isso em rádio nacional. Não que isso tenha sido certo da parte dele, pois não acho que devemos discutir em público a vida privada de ninguém. Cada um sabe em seu coração o que gostaria de fazer com seus objetos grandes e voluptuosos. Mesmo assim, achar que isso deixou Deus tão empulacrado a ponto de matá-lo não pode ser considerado nada além de um grande problema antropológico.

Que Deus é esse? Não sei com certeza, mas não parece ser o Deus da pax et bonum. Eu tenho certeza que nem todos os cristãos seguem a esse Deus, mas devo alertá-los, há muitos que o seguem. Cada um deve seguir seu próprio Deus. Nisso não há problema. Mas ao meu ver, eu que sou sensível a dores alheias, não devemos chamar essa divindade de Deus. Há um nome melhor para isso: Demônio. Um ser assim vingativo, assim encrenqueiro e violento não pode estar de outro lado a não ser o lado de lá, em que o choro é livre e o ranger de dentes constante.

Preste bem atenção em quem é seu Deus e separe aquilo que ele é daquilo que alguns querem que ele seja.

No dia certo as coisas certas tendem a acontecer. E o céu se abre para elas. Uma parte dos céus está aqui entre nós, pesquisando, tentando entender o que é necessário fazer para que aceitem o simples e maravilhoso fato de que Deus é amor.

Deus me livre de seres humanos tão maus e de seus deuses de suprema maldade. Deus tire o nome de Mariele Franco da boca desses emissários de Satã que ocupam as cadeiras do poder.

Que Deus nos livre!