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30 de abril de 2024

Inverno de 1975: Relembre a geada negra em Maringá e região; FOTOS


Por Creative Hut Publicado 16/05/2021 às 10h47 Atualizado 25/02/2023 às 01h34
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Inverno de 1975: Relembre a geada negra em Maringá e região; FOTOS
Foto: Acervo Jornal O Diário do Norte do Paraná/19 de julho de 1975

As lavouras assoladas pela geada negra na madrugada do dia 18 de julho de 1975, em Maringá, estamparam a manchete do extinto jornal O Diário do Norte do Paraná no dia seguinte. As culturas de café e trigo foram as mais prejudicadas.

O cenário ficou eternizado em imagens feitas pelos fotógrafos Valdir Carniel, Moracy Jacques e José Antonio Tofanetto – e também na memória de muitos moradores. Naquela madrugada, os termômetros marcaram 4ºC em Maringá, 1ºC em Mandaguaçu, 6ºC em Marialva, 2,8ºC em Paranavaí, 2,5ºC em Cianorte, 3ºC em Umuarama e 4ºC em Curitiba.

No início da tarde daquele dia, o então governador do Paraná, Jaime Canet Júnior, chegou a Maringá para avaliar os danos causados nas plantações, principalmente de café – principal produto agrícola do Paraná na época. O político visitou as lavouras e foi recebido na Cocamar Cooperativa Agroindustrial, onde conversou com produtores rurais.

Dois dias depois da geada negra (20 de julho de 1975), o governador esteve em Londrina, onde se reuniu com o então presidente do Instituto Brasileiro do Café (IBC), Camilo Calazans, para estudar medidas de amparo aos produtores rurais que perderam tudo.

Inverno de 1975: Relembre a geada negra em Maringá e região; FOTOS
Foto: Acervo Jornal O Diário do Norte do Paraná/19 de julho de 1975

A geada negra recebe esse nome porque provoca o congelamento da parte interna da planta que, por consequência, queima e fica com aparência escura. 

Foto: Acervo Jornal O Diário do Norte do Paraná/19 de julho de 1975
Foto: Acervo Jornal O Diário do Norte do Paraná/19 de julho de 1975

Outras fotos mostram os efeitos da geada negra no campus da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Em um dos registros, aparece o então reitor da instituição, Rodolfo Purpur.

Foto: Acervo Jornal O Diário do Norte do Paraná/19 de julho de 1975
Foto: Acervo Jornal O Diário do Norte do Paraná/19 de julho de 1975

Nos diversos municípios paranaenses, muitas residências amanheceram sem água no dia 18 de julho de 1975 porque o líquido congelou. Abaixo, um registro feito em Jandaia do Sul (a 42 quilômetros de Maringá).

Inverno de 1975: Relembre a geada negra em Maringá e região; FOTOS
Registro feito em Jandaia do Sul. Foto: Acervo Jornal O Diário do Norte do Paraná

Lembranças

O produtor rural Marco Bruschi Neto, de 76 anos, perdeu as lavouras de café e trigo na geada negra de 1975. O sítio da família, localizado na Estrada Pinguim, em Maringá, ficou coberto de gelo.

“A terra estava muito molhada porque tinha chovido bastante dias antes, então congelou a superfície da terra. Pela quantidade de gelo, a gente já sabia que não ia salvar nada. E não sobrou: nem café, nem trigo e nem pastagem. Foram dias muito difíceis”, relembrou em entrevista ao GMC Online

Depois da geada negra, Bruschi nunca mais plantou café. “Fui criado mexendo com café até aquela data e tenho boas recordações, mas depois disso nunca mais. Desanimou os cafeicultores, foram poucos que continuaram. Já tinha começado a aparecer ferrugem, e depois veio a geada. Começamos a plantar soja e trigo, e o milho safrinha demorou um pouco mais”, relata.

O historiador Reginaldo Dias, que era criança na época e morava na Vila Operária, se recorda do frio que sentiu naquele inverno.

“As casas eram de madeira, não tinha muita vedação, forro ou muro – eram cercas de balaústre. E a casa da minha família era precária, então fez muito frio, mas até então eu não tinha noção do que estava acontecendo”, relata.

Pouco depois da geada negra destruir as lavouras de Maringá e região, em uma viagem de trem, Dias se deparou com o cenário triste das plantações queimadas. 

“Me lembro de ir para a casa da minha tia, em Rolândia, e o trem passar no meio do cafezal. Eu olhava para os dois lados e era uma tristeza ver aquele cafezal morto. O café tem uma flor tão linda, mas estava tudo morto. Foi uma imagem desoladora, nunca me esqueci. Foi ali que tive noção do que tinha acontecido”, conta.

Os cafezais foram destruídos, no entanto, o historiador frisa que não foi a geada negra que acabou com a monocultura do café. Isso porque já havia um projeto do governo federal em curso que previa a diversificação de culturas por meio da plantação de soja e trigo. “Sem dúvidas a geada negra acelerou o fim da cafeicultura, mas isso aconteceria de qualquer maneira”, acrescenta Dias.

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