Cafeterias de Maringá tentam driblar alta do café e alertam para venda de produtos similares
Em um ano, o preço da saca comercial subiu mais de 165%; consumidor deve ficar atento a produtos ‘fake’

O típico café da manhã do brasileiro está mais caro e, desta vez, o vilão não é o pão francês, mas sim o cafezinho. Uma das bebidas mais populares no país está com preço em alta, assustando consumidores tanto nos supermercados, quanto nas cafeterias.
De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP (Universidade de São Paulo), em fevereiro de 2024, o valor do quilo do café em grão na saca comercial era de R$ R$ 1.014,93, agora, o valor chega a R$ 2.698,73, um aumento de mais de 165%. Para o consumidor, isso significa que um pacote de café que antes custava cerca de R$15 pode facilmente passar dos R$30 em algumas regiões.
O motivo do aumento, segundo Patrícia Duarte, coordenadora do Núcleo de Cafés Especiais de Maringá, envolve questões climáticas, movimentações no mercado internacional, uma crescente demanda global, além do aumento dos custos de produção, desde a lavoura até a xícara.

Foto: Divulgação
Pequenas empresas, como padarias, lanchonetes e até restaurantes que comercializam o café no dia a dia, tanto os especiais como os tradicionais, já sentem o peso da alta e buscam formas de minimizar os efeitos.
“Neste momento existem dois caminhos: repassar parte desse custo ao consumidor ou reduzir a margem de lucro, que é o que em geral, as cafeterias de Maringá estão fazendo”, diz.
No entanto, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima queda na produção de café em relação ao ano passado, o que tende a fazer com que os preços continuem subindo. “A verdade é que, nos próximos meses, o valor do café na xícara vai precisar aumentar”, revela.
Sabor café
Segundo Patrícia, assim como surgiu no mercado a mistura láctea para driblar o preço do leite condensado e creme de leite, já começaram a surgir nas gôndolas de alguns supermercados do país bebidas em pó ‘sabor café’, em uma tentativa de manter o consumo por um preço mais acessível.

Foto: Reprodução Redes Sociais
O problema, segundo ela, é o consumidor comprar gato por lebre. “Em Maringá ainda não vi nas prateleiras, mas é uma pena que misturas de café com várias impurezas estejam sendo vendidas em embalagens muito parecidas às de cafés devidamente registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, afirma.
Em busca de equilíbrio
Michael Tamura, sócio de uma cafeteria de Maringá e filho de produtor de café, afirma que a bebida faz parte da cultura e da rotina de milhões de pessoas e é considerada essencial para a maioria das famílias. “Estamos tentando segurar ao máximo e ajustar nossos preços para não repassar integralmente os custos aos clientes”, afirma.
Apesar do cenário desafiador, o empresário acredita que a paixão do brasileiro pelo café se mantém firme. “O consumidor tem se tornado cada vez mais exigente e disposto a explorar novas experiências sensoriais. O desafio agora é encontrar um equilíbrio entre oferta, demanda e acessibilidade, garantindo que essa tradição nacional continue ao alcance de todos”, diz.
Dica de economia

Com a alta no preço do café, cada gota é valiosa, por isso, Patrícia dá uma dica para evitar o desperdício e não jogar dinheiro fora. “Uma das coisas que a gente está orientando as pessoas para que não sintam muito esse aumento é tomar cuidado com a quantidade de café que se faz para tomar em casa. Muitas vezes chega no fim do dia e vai aquela garrafa toda de café para o ralo. Nossa orientação é fazer doses individuais ou somente a quantidade que for ser consumida no momento”, diz.