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21 de novembro de 2024

Como acabar com a fome no mundo


Por Elton Tada Publicado 13/11/2022 às 23h24
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Não sejamos estúpidos, apesar de todos os convites à estupidez que encontramos diariamente. De vez em quando me vejo convidado a falar de assuntos pouco agradáveis, como é o caso do assunto de hoje. Mas, não sejamos pessimistas, pois aconteça o que acontecer, refletir é necessário.
Não sei se você sabe, mas ainda morre muita gente de fome no mundo. No Brasil, inclusive, hoje, existem diversas crianças vivendo hoje na condição de que a única alimentação do dia é a merenda escolar. Isso não se discute. Isso não depende da minha opinião ou da sua. Basta ir a qualquer escola pública e você irá encontrar crianças nessa situação. Mas, além disso, existe muita criança em escola particular com pais gravemente endividados ou consumindo recursos financeiros não renováveis, como crédito bancário ou bens de avós e parentes. A diferença entre essas duas categorias de crianças, é que uma está na pobreza e a outra está na chamada classe média, a maior classe no Brasil, tanto em número quanto em representatividade.
Todas as crianças são educadas para vencer na vida, variando apenas a perspectiva de vitória. Para alguns, a vitória significa ter três refeições ao dia, pagar o aluguel e, talvez financiar uma casa em quarenta anos. Para outros, vencer significa conhecer vários países do mundo, ter um cargo de chefia, e chegar a receber um salário um pouco maior do que seus pais. Todas as ideias de vitória são virtuais e vazias, uma vez que a vida se vive em direção à morte, que é um fato absolutamente sem sentido. E, como viver não é algo com muito sentido em si, as pessoas insistem em criar esperanças virtuais, crenças passageiras para dar algum gosto na vida, mas que nada resolve, uma vez que no fim a vida continua sendo o cotidiano e corriqueiro fato de viver.
Se o ser humano fosse minimamente racional, e se os ensinamentos de grandes mestres como Jesus e Buda tivessem sido entendidos não haveria fome no mundo. Não haveria também a diferença entre escola pública e particular, entre pobres e classe média. A classe média é a encarnação da estupidez, que acredita que um dia será rica de fato, vivendo sempre muito próxima da miséria. Comprar uma caminhonete de duzentos mil reais não te faz rico, passar lua de mel das Maldivas não te faz rico e usar um sapato de mil reais não te faz rico. A riqueza é, por definição a ausência da possibilidade de miséria. Mas, hoje uma pessoa que tem um custo mensal de cinco mil reais (que é baixo, na média) e sessenta mil reais no banco, ficará sem nenhum real em um ano caso sua fonte de renda cesse. Se essa pessoa vender todos os seus bens, conseguirá talvez sua vida por mais três ou cinco anos e depois estará como os miseráveis, sem recursos e sem a compaixão dos outros.
A fome no mundo só existe porque existe essa ideia absurda de que a riqueza é possível e de que ela indica a vitória máxima na vida de uma pessoa. Toda classe média tem muito mais chance de chegar à pobreza ao longo de sua vida do que de chegar à riqueza. Exatamente por isso, as pessoas deveriam experimentar a satisfação de lutar ao lado dos miseráveis, ajudar a carregar a cruz da vida de quem carrega sua cruz com fome.
Enquanto tiver gente querendo ganhar demais, vai ter gente padecendo com o menos. A riqueza do mundo não surge espontaneamente. Ela transmigra de mão em mão e está acumulada em meia dúzia de mãos infelizes. Ninguém é feliz carregando consigo o fardo de gerar a pobreza no mundo. Por isso ninguém te ensina que a riqueza de poucos é o único motivo da pobreza de todos e que as mazelas do mundo podem se resumir à incapacidade do ser humano de ser, de fato, menos ignorante, e um pouco mais humano.

Pauta do Leitor

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